quinta-feira, 23 de março de 2017

O VAQUEIRO TANGERINO DO SERTÃO



tanger boi
(Percy Lau)
O TANGERINO
Octávio Pinto
AINDA não se escreveu a história dos nossos tangerinos. Poetas e cantadores já enalteceram a personalidade e a bravura dos vaqueiros. Rui e Euclides da Cunha descreveram em páginas imortais o "estouro das boiadas". Mas, tangerino continua ainda desconhecido, apesar de ter tido um passado brilhante e uma vida tão cheia de heroísmo e sacrifícios.
Quem conhece o sertão nordestino e as feiras de gado não pode deixar de admirar a figura do tangerino, que difere muito da do vaqueiro. Este é imponente e admirável em sua indumentária toda de couro, impressionando ainda mais quando esporeia o fogoso corcel que levanta as patas para o ar como se quisesse dar um salto mortal, que salta, que rodopia, que corre, ressaltando a segurança do montador. O vaqueiro é intrépido, bravo, audacioso, ágil e forte. Sabe montar com destreza e vive em correrias desenfreadas atrás dos bois, penetrando às vezes no mato fechado por onde muito mal passou o garrote bravio. No curral ou no campo laça o touro de longe e nas vaquejadas em louca disparada derruba o novilho pela cauda, num golpe audacioso e rápido, conquistando os aplausos de toda a assistência. Dai, as lendas, as histórias e as cantorias do sertão sobre a coragem e as façanhas dos vaqueiros. Até as vaquejadas são descritas com um colorido bem forte de entusiasmo e intrepidez, onde se procura a cada momento e a cada lance salientar o valor dos nossos destemidos vaqueiros. E é realmente, um espetáculo digno de admiração e louvor, que arrebata os mais vibrantes aplausos dos espectadores.
O tangerino não anda vestido de couro nem sabe montar. Traja sempre roupa comum, chapéu de palha de carnaúba, alpercatas, chicote, trazendo às costas a rede dentro de um saco de couro e os utensílios para preparar as suas refeições. Em seus trajes característicos e sua vida nômade, assemelha-se a um cangaceiro desarmado. Anda mais de um mês a pé em cada viagem, conduzindo de muito longe as boiadas para as feiras de gado, enfrentando a terrível soalheira que asfixia e que queima a terra, transformando aquela região num inferno de brasas.
E chega coberto de poeira das estradas, estropeado, sujo, barba e cabelos crescidos, às vezes esfomeado, parecendo mais um bicho do que um homem. Dorme no mato ou nos currais das fazendas onde arma a sua rede que nunca foi lavada, enquanto o gado fica pastando. Mal surge, porém, a madrugada, ei-lo novamente a caminho, cruzando estradas, atravessando rios, matas, serras e montanhas, viajando muitas vezes à noite para alcançar um pouso melhor, onde os animais encontram água para saciar a sede de uma viagem de muitos dias sem descanso.
Quando um dos bois está estropeado pelos espinhos, o tangerino calça-lhe umas alpercatas especiais, aliviando o sofrimento do pobre animal que agora já pode suportar a longa caminhada. E se sucede uma rês se extraviar do bando, o tangerino não se inquieta. Êle conhece todos os recantos do sertão e as manhas que esses bichos têm. Sabe onde a rês se escondeu ou onde ficou perdida. E vai certo ao seu encalço. Quando o boi é bravio, o tangerino coloca-lhe uma máscara de couro ou, então, amarra-lhe um pau no pescoço, deixando uma das extremidades tocar no chão, dificultando, deste modo, o movimento do animal, que é obrigado a andar devagar. Para tudo o tangerino encontra um jeito, contanto que a boiada chegue sem novidades ao seu destino. Êle sabe também o mato que o gado não deve comer e aquele que serve de remédio. E com aquela sua cantilena característica, aqueles gritos prolongados e monótonos que reboam pelas quebradas das serras, o tangerino vem trazendo de muito longe as boiadas para as nossas feiras, ganhando por esse serviço tão árduo e perigoso, salário insignificante.
Quando as feiras terminam ao cair da tarde, ei-lo de volta para as fazendas do Ceará, do Piauí, da Bahia ou de paragens mais longínquas, em busca de novas boiadas, percorrendo a pé centenas de léguas, numa faina para êle tão simples e comum, mas que encerra um mundo de sacrifícios.
No Brasil já se ergueram estátuas em homenagem ao cavalo, ao boi e ao cão. Ninguém se lembrou ainda de perpetuar no bronze a figura admirável do tangerino. A êle não devemos apenas o desenvolvimento de nossa pecuária e o abastecimento de carne verde à população. Foi o tangerino no tempo do Brasil colônia, no chamado século do couro, o desbravador dos nossos sertões, para onde depois chegaria o progresso da agricultura, da indústria e do comércio. As atuais estradas de rodagem, ligando povoações e vilas, cidades e estados, o litoral ao sertão, foram caminhos abertos por eles nas matas e serras para a passagem primitiva do gado. E dos antigos currais de gado nasceram cidades. Foi, na verdade, pelos roteiros das boiadas, pelos caminhos abertos pelos tangerinos, que penetrou primeiro a nossa civilização.

Historia sobre Oxumarê

Oxumarê, filho mais novo e preferido de Nanã, irmão de Omulu. É uma entidade branca muito antiga, participou da criação do mundo enrolando-se ao redor da terra, reunindo a matéria e dando forma ao Mundo. Sustenta o Universo, controla e põe os astros e o oceano em movimento. Rastejando pelo Mundo, desenhou seus vales e rios. É a grande cobra que morde a cauda, representando a continuidade do movimento e do ciclo vital. A cobra é dele e é por isso que no Candomblé não se mata cobra. Sua essência é o movimento, a fertilidade, a continuidade da vida.
A comunicação entre o céu e a terra é garantida por Oxumarê. Leva a água dos mares, para o céu, para que a chuva possa formar-se - é o arco-íris, a grande cobra colorida. Assegura comunicação entre o mundo sobrenatural, os antepassados e os homens e por isso à associa do ao cordão umbilical.
Oxumarê é um Orixá bastante cultuado no Brasil, apesar de existirem muitas confusões a respeito dele, principalmente nos sincretismos e nos cultos mais afastados do Candomblé tradicional africano como a Umbanda. A confusão começa a partir do próprio nome, já que parte dele também é igual ao nome do Orixá feminino Oxum, a senhora da água doce. Algumas correntes da Umbanda, inclusive, costumam dizer que Oxumarê é uma das diferentes formas e tipos de Oxum, mas no Candomblé tradicional tal associação é absolutamente rejeitada. São divindades distintas, inclusive quanto aos cultos e à origem.
Em relação a Oxumarê, qualquer definição mais rígida é difícil e arriscada. Não se pode nem dizer que seja um Orixá masculino ou feminino, pois ele é as duas coisas ao mesmo tempo; metade do ano é macho, a outra metade é fêmea. Por isso mesmo a dualidade é o conceito básico associado a seus mitos e a seu arquétipo.
Essa dualidade onipresente faz com que Oxumarê carregue todos os opostos e todos os antônimos básicos dentro de si: bem e mal, dia e noite, macho e fêmea, doce e amargo, etc.
Nos seis meses em que é uma divindade masculina, é representado pelo arco-íris, sendo atribuído a Oxumarê o poder de regular as chuvas e as secas, já que, enquanto o arco-íris brilha, não pode chover. Ao mesmo tempo, a própria existência do arco-íris é a prova de que a água está sendo levada para os céus em forma de vapor, onde se aglutinará em forma de nuvem, passará por nova transformação química recuperando o estado líquido e voltará à terra sob essa forma, recomeçando tudo de novo: a evaporação da água, novas nuvens, novas chuvas, etc.
Nos seis meses subseqüentes, o Orixá assume forma feminina e se aproxima de todos os opostos do que representou no semestre anterior. É então, uma cobra, obrigado a se arrastar agilmente tanto na terra como na água, deixando as alturas para viver sempre junto ao chão, perdendo em transcendência e ganhandoem materialismo. Sob essa forma, segundo alguns mitos, Oxumarê encarna sua figura mais negativa, provocando tudo que é mau e perigoso.
Não podemos nos esquecer de que tanto na África, como especialmente no Brasil, a população negra, foi continuamente assediada pela colonização branca. Uma das formas mais utilizadas por jesuítas para convencer os negros, era a repressão física, mas para alguns, não bastava o medo de apanhar. Eles queriam a crença verdadeira e, para isso, tentaram explicar e codificar a religião do Orixás segundo pontos de vista cristãos, adaptando divindades, introduzindo a noção de que os Orixás, seriam santos como os da Igreja Católica. Essa busca objetiva do sincretismo sem dúvida foi esbarrar em Oxumarê e na cobra - e não há animal mais peçonhento, perigoso e pecador do que ela na mitologia católica.
Por isso, não seria difícil para um jesuíta que acreditasse sinceramente nos símbolos de sua visão teológica. Reconhecer na cobra mais um sinal da presença dos símbolos católicos na religião do Orixás e nele reconhecer uma figura que só poderia trazer o mal.
Na verdade, o que se pode abstrair de contradições como as que apresenta Oxumarê é que este é o Orixá do movimento, da ação, da eterna transformação, do contínuo oscilar entre um caminho e outro que norteia a vida humana. É o Orixá da tese e da antítese. Por isso, seu domínio se estende a todos os movimentos regulares, que não podem parar, como a alternância entre chuva e bom tempo, dia e noite, positivo e negativo. Conta-se sobre ele que, como cobra, pode ser bastante agressivo e violento, o que o leva a morder a própria cauda. Isso gera um movimento moto-contínuo pois, enquanto não largar o próprio rabo, não parará de girar, sem controle. Esse movimento representa a rotação da Terra, seu translado em torno do Sol, sempre repetitivo- todos os movimentos dos planetas e astros do universo, regulados pela força da gravidade e por princípios que fazem esses processos parecerem imutáveis, eternos, ou pelo menos muito duradouros se comparados com o tempo de vida médio da criatura humana sobre a terra, não só em termos de espécie, mas principalmente em termos da existência de uma só pessoa. Se essa ação terminasse de repente, o universo como o entendemos deixaria de existir, sendo substituído imediatamente pelo caos. Esse mesmo conceito justifica um preceito tradicional do Candomblé que diz que é necessário alimentar e cuidar de Oxumarê muito bem pois, se ele perder suas forças e morrer, a conseqüência será nada menos que o fim da vida no mundo.
Seu domínio se estende a todos os movimentos regulares que não podem parar, como a alternância entre o dia e a noite, o bom e o mal tempo (chuvas) e entre o bem e o mal (positivo e negativo).
Enquanto o arco-íris traz a boa notícia do fim da tempestade, da volta do sol, da possibilidade de movimentação livre e confortável, a cobra é particularmente perigosa para uma civilização das selvas, já que ela está em seu habitat característico, podendo realizar rápidas incertas.
Pierre Verger acrescenta que Oxumarê está associado ao misterioso, a tudo que implica o conceito de determinação além dos poderes dos homens, do destino, enfim: É o senhor de tudo o que é alongado. O cordão umbilical, que está sob seu controle, é enterrado geralmente com a placenta, sob uma palmeira que se torna propriedade do recém-nascido, cuja saúde dependerá da boa conservação dessa árvore.


Características

Cor
Verde e amarelo (cores do arco-íris, ou, amarelo rajado de preto)
Fio de Contas
Verde e amarelo
ErvasMesmas de Oxum
Símbolo
Cobra e Arco-Íris.
Pontos da Natureza
Próximo da queda da cachoeira.
Flores
Amarelas
Essências
-
Pedras
Ágata. (Topázio, esmeralda, diamante)
Metal
Latão (Ouro e Prata mesclados)
Saúde
pressão baixa, vertigens, problemas de nervos, problemas alérgicos e de pele
Planeta
-
Dia da Semana
Terça-feira
Elemento
Água
Chakra
Laríngeo
Saudação
Arrobobô
Bebida
Água Mineral
Animais
Cobra
Comidas
Batata doce em formato de cobra, bertalha com ovos
Numero
14
Data Comemorativa:
24 de agosto
Sincretismo:
São Bartolomeu
Incompatibilidades:
sal, água salgada

Atribuições

Oxumarê, é a renovação continua, mas em todos os aspectos e em todos os sentidos da vida de um ser. É a renovação do amor na vida dos seres. E onde o amor cedeu lugar à paixão, ou foi substituído pelo ciúme, então cessa a irradiação de Oxum e inicia-se a dele, que é diluidora tanto da paixão como do ciúme. Ele dilui a religiosidade já estabelecida na mente de um ser e o conduz, emocionalmente, a outra religião, cuja doutrina o auxiliará a evoluir no caminho reto.


Lendas De Oxumarê

COMO OXUMARÊ SE TORNOU RICO.

 
Oxumarê era o babalaô da corte de um rei que, embora fosse rico e poderoso, não pagava bem seu sacerdote, que vivia na pobreza. certo dia, Oxumarê perguntou a ifá o que fazer para ter mais dinheiro; ifá disse que, se ele lhe fizesse uma oferenda, ele o tornaria muito rico. Oxumarê preparou tudo como devia mas, no meio do ritual, foi chamado ao palácio. não podendo interromper o ritual, ele não foi; então, o rei suspendeu seu pagamento. quando Oxumarê pensava que ia morrer de fome, a rainha do reino vizinho chamou-o para tratar seu filho doente e, como Oxumarê o salvou, a rainha pagou-o muito bem. com medo de perder o adivinho, o rei lhe deu ainda mais riquezas, e assim se cumpriu a promessa de ifá.


ORIXÁ DO ARCO-ÍRIS !!!

 

Certa vez, Xangô viu Oxumarê passar, com todas as cores de seu traje e todo o brilho de seu ouro. Xangô conhecia a fama de Oxumarê não deixar ninguém dele se aproximar. Preparou então uma armadilha para capturar Oxumarê. Mandou uma audiência em seu palácio e, quando Oxumarê entrou na sala do trono, os soldados chamaram para a presença de Xangô e fecharam todas as janelas e portas, aprisionando Oxumarê junto com Xangô. Oxumarê ficou desesperado e tentou fugir, mas todas as saídas estavam trancadas pelo lado de fora.
Xangô tentava tomar Oxumarê nos braços e Oxumarê escapava, correndo de um canto para outro. Não vendo como se livrar, Oxumarê pediu a Olorum e Olorum ouviu sua súplica. No momento em que Xangôimobilizava Oxumarê, Oxumarê foi transformado numa cobra, que Xangô largou com nojo e medo. 

A cobra deslizou pelo chão em movimentos rápidos e sinuosos. Havia uma pequena fresta entre a porta e o chão da sala e foi por ali que escapou a cobra, foi por ali que escapou Oxumarê. 
Assim livrou-se Oxumarê do assédio de Xangô. Quando Oxumarê e Xangô foram feitos Orixás, Oxumarê foi encarregado de levar água da Terra para o palácio de Xangô no Orum (céu), mas Xangô não pôde nunca aproximar-se de Oxumarê.

COMO OXUMARÊ SERVE À OXUM E XANGÔ

 
Quando xangô e Oxum quiseram se casar, perceberam que seria difícil viverem juntos, pois a casa de Oxum era no fundo do rio e xangô morava por cima das nuvens. então, resolveram arranjar um criado que facilitasse a comunicação entre os dois. falaram com Oxumarê, que aceitou servir de mensageiro entre eles. só que, durante a metade do ano em que é o arco- íris, Oxumarê levava as águas de Oxum para o céu; não chovia e a terra ficava seca. por isso, Oxumarê resolveu que, nos seis meses em que fosse cobra, deixaria o serviço. nesse período, xangô precisa descer até Oxum, e então acontecem os temporais da estação das chuvas.

A pedidos: História de seu Zé Pelintra do Alto do Morro !



A pedidos:
História de seu Zé Pelintra do Alto do Morro !

Saravá Zé,

'' No alto da madrugada, na subida do morro, fogos ao alto, ouço logo um estrondo, luzes fortes, e muita fumaça, a patrulha chega, pra acabar com a arruaça, a malandragem não tem medo, pisa forte, mantém sua posição, malandro é malandro, malandro não treme não!!! teve troca de tiro, teve muita confusão, navalhas e facas, e tiros de oitão, a patrulha não aguenta, tem que recuar, a malandragem já começa, logo a festejar, bebidas e mulheres, muito samba e jogo, bota mais bebida no gelo, que isso aqui é muito pouco!!! A festa vai até o dia clarear, só vou deitar com minha nega, quando o galo cantar, sou Zé do Morro, essa vida eu vivi, lei da causa e efeito, por isso estou aqui, venho nessa terra, fazer o bem e realizar minha missão,
subir degraus da espiritualidade, buscar a evolução, como espirito, ainda sou bem atrasado, mas deixei pra trás, todo o meu passado, ajo conforme as leis divinas, trabalho para o bem ajudar, se precisar de ajuda, só o Zé do Morro chamar, trago comigo, a alegria e a ginga do malandro, por isso eu chego, dançando e cantando, essa é minha história, de um espírito humilde, que aprendeu errando, mas que jamais desistiu, e continua tentando, tentando crescer, me melhorar e evoluir, sempre à disposição, para os irmãos necessitados instruir, agora me despeço, agradecendo e pedindo, do fundo do meu coração, ouça o que lhe digo:

Se você se disser umbandista, bata no peito e tenha orgulho, aja como tal, estude, procure conhecer melhor e entender essa religião maravilhosa, busque sempre se aprimorar, trocar conhecimentos, dividir informações e opiniões, para que com humildade, que é a base dessa religião, possa continuar crescendo cada vez mais e ajudando cada vez mais espíritos como eu e como você, encarnados ou desencarnados, estamos todos caminhando, uns com passos largos, outros com passos mais lentos e menores, para trilhar o caminho do mestre Jesus e de nosso pai oxalá.
Salve a Umbanda
Umbanda é linda, 
Umbanda é luz,
Umbanda é humildade e caridade,
Umbanda é perdão, é doação, 
Umbanda é simplicidade de uma pequena GRANDE religião.
Salve UMBANDA!


Ponto Cantado:

Zé Pelintra do morro, 
eu preciso de você,
 pra me tirar de um sufoco,(2x)
A vida sem você não vale nada,
Zé pelintra, meu camarada (2x)

Texto psicografado pelo Irmão "Fred Rios"

terça-feira, 14 de março de 2017

Cosmologia e xamanismo


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No começo os humanos (bïde) e os deuses (Maï) moravam todos juntos. Esse era um mundo sem morte e sem trabalho, mas também sem fogo e sem plantas cultivadas. Um dia, insultado por sua esposa humana, o deus Aranãmi decidiu abandonar a terra. Acompanhado por seu sobrinho Hehede'a, ele tomou seu chocalho de pajé e começou a cantar e a fumar. Cantando, fez com que o solo de pedra onde estavam subisse às alturas. Assim se formou o firmamento: o céu que se vê hoje é o lado de baixo dessa imensa placa de pedra. Junto com Aranãmi e seu sobrinho subiram dezenas de outras raças divinas: os Maï hete, os AwerikãMarairã, Ñã-Maï, Tiwawi, Awî Peye, Moropïnã. Os Iwã Pïdî Pa subiram ainda mais alto, formando um segundo céu, o "céu vermelho".

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A separação do céu e da terra causou uma catástrofe. Privada de suas fundações de pedra, a terra se dissolveu sob as águas de um dilúvio: o jacaré e a piranha monstruosos devoravam os humanos. Apenas dois homens e uma mulher conseguiram se salvar, subindo num pé de bacaba. Eles são os tema ipi, a "origem da rama": os ancestrais da humanidade atual. Na convulsão provocada pelo dilúvio, alguns Maï procuraram escapar dos monstros afundando na água e criando o mundo inferior, onde habitam hoje, em ilhas de um grande rio subterrâneo.
As marcas da divisão do cosmos estão em toda parte: os morrotes de pedra que pontuam o território araweté são fragmentos do céu que se ergueu; as pedras do igarapé Ipixuna ainda guardam as pegadas dos Maï; as moitas de banana-brava espalhadas na mata são as antigas roças dos deuses, que comiam dessa planta antes de conhecer o milho. As plantas cultivadas e a arte de cozinhar os alimentos foram reveladas aos humanos e aos deuses por um pequeno pássaro vermelho da floresta.


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Bïde, os humanos, são chamados pelos Araweté de "os abandonados", os que foram deixados para trás pelos deuses. Tudo que há em nosso mundo do meio é o que foi abandonado; para os céus foram os maiores animais, as melhores plantas, a mais bela gente - pois os Maï são como a gente, porém mais altos, mais fortes e imponentes. Tudo no céu é feito de pedra, imperecível e perfeito: as casas, as panelas, os arcos, os machados. A pedra é, para os deuses, maleável como o barro para nós. Lá ninguém trabalha, pois o milho se planta sozinho, as ferramentas agrícolas operam por si mesmas. O mundo celeste é um mundo de caçadas, danças, festas constantes de cauim de milho; seus habitantes estão sempre esplendidamente pintados de jenipapo, adornados com penas de cotinga e arara, perfumados com a resina da árvore i d;iri'i (Trattinickia rhoifolia).
Mas os Maï são, acima de tudo, imunes à doença e à morte: eles levaram consigo a ciência da eterna juventude. O exílio dos deuses criou a condição de tudo que é terrestre: a submissão ao tempo, isto é, o envelhecimento e a morte. Mas, se partilhamos dessa comum condição mortal, distinguimo-nos dos demais habitantes da terra por termos um futuro. Os humanos são "aqueles que irão", que reencontrarão os Maï no céu, após a morte. A divisão entre o céu e a terra não é intransponível: os deuses falam com os homens, e os homens estarão um dia à altura dos deuses.

A morte

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A relação entre a humanidade e os deuses, os Maï, é o eixo da religião araweté. Os humanos e os Maï são ligados por relações de afinidade - pois as almas dos mortos casam-se com os deuses - e por um sistema ritual de oferendas alimentares. Os Maï podem (e finalmente irão) aniquilar a terra, fazendo o céu desmoronar. Toda morte tem como causa final a vontade dos Maï, que são concebidos como, ao mesmo tempo, Araweté ideais e canibais perigosos. Entre as dezenas de espécies de Maï, cuja maioria possui nomes de animais, a mais importante são os Maï hete ("deuses verdadeiros"), que transformam as almas dos mortos em seres imortais, após uma operação canibal. Há ainda os Añi, seres selváticos e brutais que habitam a superfície terrestre, que invadem as aldeias e devem ser mortos pelos pajés.
E há o temido Iwikatihã (Senhor do Rio), um poderoso espírito subaquático que rapta as almas de mulheres e crianças.
Os peye (pajés ou xamãs) são os intermediários entre os humanos e a vasta população sobrenatural do cosmos. Sua atividade mais importante é a condução dos Maï e das almas dos mortos à terra, para participar dos banquetes cerimoniais. Esses banquetes cerimoniais são festas em que alimentos produzidos coletivamente são oferecidos aos visitantes celestes antes de serem consumidos pelos humanos. Os alimentos rituais mais importantes são: jabotis, mel, açaí, macacos guaribas, peixes e o mingau alcoólico (cauim) de milho. A festa do cauim é o clímax da vida ritual araweté, e combina simbolismos religiosos e guerreiros. O líder das danças e cantos que acompanham o consumo do cauim é idealmente um grande guerreiro, que aprendeu as canções da boca dos espíritos de inimigos mortos.

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O canto é o núcleo da vida cerimonial. A "música dos deuses" cantada pelos pajés e a "música dos inimigos" cantada pelos guerreiros são os dois únicos gêneros musicais araweté. Em ambas modalidades de canto, trata-se sempre de ouvir as palavras dos 'outros', deuses e inimigos, citadas através de fórmulas retóricas muito complexas.
Os mortos são enterrados em caminhos abandonados na floresta. A morte divide a pessoa em dois aspectos antagônicos: um espectro terrestre associado ao corpo e aos espíritos Añi, e uma alma ou princípio vital celeste associado à consciência e aos Maï. O espectro assombra os vivos enquanto o corpo se decompõe, até que retorna à aldeia natal do finado e ali desaparece. Uma morte provoca a imediata dispersão da população da aldeia na floresta, dispersão que dura o tempo da decomposição do cadáver. A alma celeste é morta e devorada pelos Maï ao chegar ao céu, sendo então ressuscitada mediante um banho mágico que a transforma em um ser divino e eternamente jovem. As almas dos mortos recentes vêm freqüentemente à terra nos cantos dos pajés, falar com os parentes e narrar as delícias do Além. Após duas gerações elas cessam seus passeios, pois ninguém mais na terra recorda-se delas. A condição de guerreiro é a única que torna desnecessária a transubstanciação canibal no céu; os matadores de inimigo, fundidos em espírito com suas vítimas, gozam de um estatuto póstumo especial.

Os Pajés

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Quem passar um tempo entre os Araweté não deixará de se surpreender com o contraste entre a vida diurna e noturna da aldeia. Durante o dia, 'nada acontece' - há, é claro, as caçadas e pescarias, as tumultuadas refeições coletivas, as intermináveis conversas nos pátios familiares ao cair da tarde, a eterna faina do algodão e do milho; mas tudo parece se fazer de um jeito descuidado, ao mesmo tempo errático e monótono, alegre e distraído. Toda noite, porém, madrugada adentro, ouve-se emergir do silêncio das casas um vozear alto, ora exaltado, ora melancólico, mas sempre austero, solene e às vezes, para ouvidos estrangeiros, algo sinistro. São os homens, os pajés cantando o Maï marakã, a música dos deuses. Certas noites, três ou quatro pajés cantam ao mesmo tempo, ou sucessivamente, cada um sua própria visão - pois tais cantares são a narrativa do Maï de d;ã, a visão dos deuses. Às vezes é apenas um: sempre começando por um trautear suave e sussurrado, vai erguendo progressivamente a voz, cuja articulação entrecortada se desenha contra o fundo chiante do chocalho aray, até atingir um patamar de altura e intensidade que se mantém por mais de uma hora, para ir então lentamente descaindo às primeiras luzes da aurora - a "hora em que a terra se desvela", como se diz em araweté - até retornar ao silêncio. Ocasionalmente (o que significa uma ou duas vezes por semana, para cada pajé em atividade), o clímax da canção-visão traz o pajé para fora de sua casa, até o pátio. Ali, dança curvado, com o charuto e o aray, batendo fortemente o pé direito no chão, ofegante, sempre cantando - é a descida à terra das divindades e das almas dos mortos, trazidas por ele, o pajé, de sua viagem ao mundo celeste.
Os Maï e os mortos são música, ou músicos: marakã me'e. Seu modo de manifestação essencial é o canto, e seu veículo é o peye, pajé. Um pajé é chamado Maï de ripã, "suporte das divindades", ou ha'o we moñîña, "cantador das almas". Não há iniciação ou "chamado" formais à pajelança. Certos sonhos, se freqüentes, podem indicar uma vocação de pajé, especialmente os sonhos com onças e com a "Coisa-Onça", um Maï bastante perigoso. Mas mais que alguém que sonha, um pajé é alguém que fuma: petî ã î, "não-comedor-de-tabaco", é o modo usual de se dizer que um homem não é pajé. O tabaco é o emblema, o instrumento de fabricação e de operação do pajé. O treinamento para pajé consiste em um longo ciclo de intoxicações por tabaco, até que o homem mo-kiyaha, "faça-se translúcido", e os deuses "cheguem" até ele.
O tabaco é onipresente na vida araweté - homens, mulheres e crianças fumam. Os charutos de 30 cm, feitos de folhas de tabaco secas ao fogo e enroladas em casca da árvore tauari, são uma coisa social por excelência. O primeiro gesto de recepção a um visitante é a oferta de uma baforada no charuto da casa, aceso expressamente para isso, e após uma refeição coletiva o charuto corre de mão em mão. Jamais se pode recusar um pedido de tabaco, e jamais se fuma sozinho (exceto durante a pajelança - mas aí se está a dividir o charuto com os deuses). Mas se todos fumam, apenas alguns homens são "comedores de fumo"- os pajés. A fumaça de tabaco é um dos principais instrumentos terapêuticos dos pajés: ela é soprada sobre picadas e machucaduras, e também serve para reanimar os desfalecidos. No céu, os Maï sopram fumo de tabaco sobre os mortos para revivê-los.
Ao lado do fumo, o emblema principal do pajé é o chocalho aray. Todo homem casado, como vimos, possui um aray. Ele pode ser usado por "não-comedores-de-tabaco" como instrumento para pequenas curas, e para acompanhar os cantos noturnos de homens que, mesmo sem serem considerados peye, vêem de vez em quando os Maï em sonho. Isso significa que todo homem adulto é um pouco pajé. Ser peye não é um papel social ou uma profissão, mas uma qualidade ou atributo de todo adulto, que pode ser mais ou menos desenvolvido. Alguns homens realizam tal potencial mais plenamente que outros, e são esses que são conhecidos como peye.
O aray é o instrumento transformador por excelência. "Dentro do aray" ou "por meio do aray" é a explicação lacônica e auto-evidente para qualquer indagação sobre como, onde e por que se realizam as operações de ressurreição e metamorfose narradas nos mitos, ou o consumo espiritual dos alimentos pelos Maï quando estes vêm à terra comer nos festins oferecidos pelos humanos, ou as operações terapêuticas de reassentamento da alma e fechamento do corpo executadas pelos pajés. O aray é o receptáculo de forças ou entidades espirituais: as almas perdidas de crianças e mulheres são trazidas de volta dentro do aray até a sua sede corporal, por ocasião do tratamento chamado imone, freqüentemente realizado pelos pajés.
Com tal equipamento - tabaco, chocalho -, o pajé araweté está capacitado a realizar diversas operações de prevenção e cura, que são semelhantes às terapêuticas típicas da América indígena: fumigação com tabaco; sopro resfriador; sucção de substâncias ou princípios patogênicos (empregada nas mordidas peçonhentas e na extração das flechas invisíveis que certos alimentos contêm); e as operações de fechamento do corpo e de recondução da alma. Os maiores pacientes dos pajés nessas duas últimas operações são as crianças pequenas e as mulheres: as primeiras porque ainda têm a alma mal-assentada e o corpo aberto; as segundas porque são o objeto principal da cobiça dos espíritos extratores de almas (vários espíritos terrestres têm este poder maligno) e dos Maï.
O pajé, este comedor de fumo e "senhor do aray" (outro modo de se o designar), é um suporte dos Maï, as divindades que cantam por sua boca. Cantar a "música dos deuses" é a atividade mais freqüente dos pajés, independendo de situações de crise ou de doença. Não há homem adulto que não tenha cantado ao menos uma vez na vida; mas são peye apenas aqueles que costumam cantar quase toda noite.
A música dos deuses é a área mais complexa da cultura araweté. Única fonte de informação sobre o estado atual do cosmos e a situação dos mortos no céu, ela é o rito central da vida do grupo. "O pajé é como um rádio", os Araweté costumavam me explicar. Com isto estão dizendo que ele é apenas um veículo, isto é, que o sujeito da voz que canta está alhures, não dentro do pajé. O pajé não incorpora as divindades e mortos, ele canta-conta o que ouve destes. Um pajé encena ou representa os deuses e os mortos, mas não os encarna: a pajelança araweté não é uma possessão. Um pajé tem consciência do que cantou durante seu 'transe', e sabe o que se passa à sua volta enquanto está a cantar.
Tipicamente, há três posições enunciativas na música dos deuses: um morto, os Maï, o pajé. O morto é o principal enunciador, transmitindo ao pajé o que disseram os Maï. Mas o que os Maï disseram é quase sempre algo dirigido ao morto ou ao pajé, e referente ao morto, ao pajé ou a eles mesmos. A forma normal da frase é assim uma construção polifônica complexa: o pajé canta algo dito pelos deuses, citado pelo morto, referente a ele pajé, por exemplo. Há construções mais simples, em que o pajé canta o que conversam os deuses a respeito dos humanos em geral, e outras mais intrincadas, onde um morto cita a outro o que uma divindade está dizendo sobre um vivente (que não o pajé) etc.
As músicas dos deuses nada têm de sagradas ou esotéricas. Após terem sido cantadas por um pajé, podem ser repetidas por qualquer pessoa, e muitas vezes viram sucessos populares. Só quem não pode repetir um canto é, precisamente, o pajé que o cantou pela primeira e única vez.

Culto dos Caboclos Africanos na Umbanda


 

Companheiros espirituais ainda pouco conhecidos na Umbanda, os Caboclos Africanos são en tidades fortes, fiéis e muito alegres.  Eles vieram das profundas selvas afri canas, do dos antigos quilombos brasi lei ros e das distantes ilhas do Caribe.
Quando chegam no terreiro soltam seus gritos de guerra: “Huia!”, “Hu huia!”, “Hui!”.  Gostam de trabalhar com bom charuto, cachimbo, pembas co loridas e ervas medicinais.  Sentam-se no chão, olham fundo nos olhos dos consulentes, cumprimentam com força e passam muita confiança.
A maioria destes espíritos apre senta influências bantu na linguagem, roupagem e modos.  A sensação é que estamos falando com um Preto Velho, mas sem a presença do banquinho e das palavras doces.  Os Caboclos Afri ca nos usam linguagem mais firme, ex pressões mais coloridas e palavras me nos simbólicas.  Vão direto ao assunto. 
Pai Manuel da Serraria, velho um bandista e juremeiro, dizia com seu humor habitual:
- “Esses caboclos parecem uma mistura de exu, caboclo e preto velho mandingueiro tudo junto. Que gente grande essa...”
Excelentes combatentes, guerrei ros do Axé e da luz, muito invocados para desmanchar demandas e feitiços. Eles conhecem os mistérios da ciência da Mpemba (pemba) e dos encanta mentos do Mpolo Mpemba (pó de pemba), que utilizam no corte das ener gias negativas com muita destreza. Também usam fubá de milho, carvão, farinha e café para de senhar seus sig nos mágicos no chão. Nas giras não dispensam a fabricação de patuás, amuletos e outras man­din gas de tra dição para ajudar os neces sitados.
Costumam di vidir-se espiri tual men te em sólidas famílias ou clãs como na Mãe África.  A mais co nhe cida é a dos “Arranca”, gru po arredio de luta dores das ma tas, que literalmente arrancam as mazelas e miasmas astrais dos lugares e pessoas. 
    
Seus integrantes mais conhecidos são: Arranca-Toco, Arranca-Cruzeiro, Arranca-Pemba, Arranca-Estrela, Arranca-Caveira, Arranca-Pimenta, Arranca-Cobra, Arranca-Feitiço, Arranca-Calunga, Arranca-Sepultura, Arranca-Folhas e Arranca-Dificuldade. 
Esta família é predominantemente masculina e não devemos confundir os “Arranca” Africanos com seus irmãos nativos brasileiros que também pos suem o nome arranca (Caboclo Arranca-Toco, por exemplo).
A magia dos felinos está bem repre sentada na pessoa do poderoso Pan tera Negra Africano (parente espiritual do Caboclo Pantera Negra, um tra dicional caboclo de Umbanda) e sua Falange.  Outros caboclos africanos tra ba lham sob o glorioso estandarte da Família Malê, levantado bem alto a espada da vitória e cortando a cabeça do dragão da escravidão (moral, espi ritual e material), como os Africanos Mussurumi, Lele Mussurumi e Assu mano.
Na Família dos guerreiros Congos e Angolas estão os Africanos: Azambuja, Calungueiro, Macalé, Mezala e Zam bará. A chefia da tropa está sob a lide rança de Pai Simão Africano, como di zem os mais velhos.
As Caboclas Africanas são autên ticas amazonas.  Mulheres que lutavam com facão, lança e porrete ao lado dos homens. As mais famosas, que ainda baixam nas giras, são: Africana Rosa, Africana Maria, Africana Rosária e Afri cana Matamba. Detalhe interessante: o culto aos Caboclos Africanos é mais popular no sul do Brasil, Argentina e Uru guai, regiões que receberam grande influência da cultura do negro bantu.  Terreiros de Umbanda Cruzada do Rio Grande do Sul, que trabalham com a tradição do Batuque, conhecem bas tante as mirongas destas entidad es.
LITURGIA: Cores simbólicas (para velas, pa nos e toalhas de oferendas): vermelho, branco, preto e roxo (pos­suem bastante influência dos Orixás Ogum, Omulu e Obaluaiê). 
GUIAS: predominantemente de sementes e dentes de animais ou nas cores acima mencio nadas.
COMIDAS E OFE REN DAS TÍ PI CAS: fei joa da, ovos cozi dos e tempera dos com pimenta branca, ba na nas, laran jas e outras frutas do ces. Ta ba cos for tes (charuto e fu mo de corda), ma rafo, Bomba (marafo com pólvora, pimenta mala gueta e pó de pemba.  Observação: a Bomba não se bebe, se oferenda!), marafo ou vinho tinto preparado ervas medicinais e vinho branco.
ACESSÓRIOS DE GIRA: costu mam vestir, sempre que o Terreiro permite, chapéu de palha, lenços no pescoço, colares (guias de trabalho) e lenços na cabeça (africanas).



           PONTOS DE CHAMADA DA LINHA:

Na linha de africano
Ninguém pode atravessar.
Ô segura a pemba ê ê,
Ô segura a pemba ê á,
Ô segura a pemba ê ê,
Ô segura a pemba no congá.
A bananeira que plantei na meia-noite
Tinha seu toco na beira do terreiro.
Eu quero ver africano firmar ponto,
Eu quero ver africano feiticeiro!
Aí vem Jesus navegando no mar,
É o Povo Africano que vem trabalhar.
PONTO DE LOUVAÇÃO DA LINHA
O meu pai vem baixando de Aruanda
Para saravá os filhos da Umbanda.
Ele é Africano, ele é feiticeiro,
Vem trabalhar em nosso terreiro!


PONTO GERAL DE
CABOCLO AFRICANO*
No mato tem um toco
Queimado por um raio,
Sou caboclo africano,
Bambeio, bambeio
Mas não caio!

CUIDADO SINHÁ*
Cuidado sinhá menina,
Por onde pisa no mato,
Caboclo africano avisa
Pra tomar muito cuidado!

PONTO DE DESPEDIDA
África lhe chama,
Africano vai embora,
Vai com Deus,
E nossa Senhora!
(* Pontos de Caboclo Africano na
Linha Boi do Mato, Macaya
de Santo Antônio da Jurema).