sexta-feira, 29 de junho de 2018

O APRENDIZADO NO XAMANISMO

O aprendizado do xamanismo e o reconhecimento de sua coerência interna representaram para mim um importante ensinamento pessoal. O conhecimento xamânico é um manual de psicologia visionária; encontrei seus velhos símbolos, desde então, em praticamente todas as tradições religiosas : as crises, a viagem da alma, a transformação pela morte, a vítima involuntária e a festa do sacrifício, o salvador-curador. O vocabulário de imagens e idéias nessa tradição nos ensina uma espécie de língua viva, cuja essência vital nos leva cada vez mais fundo na experiência da vida. Também oferece uma iniciação numa tradição de sabedoria, porque os símbolos nos educam, fazendo surgir sentimentos e valores, e reconstextuando-os de maneira espiritual.
Nos primeiros livros de Castañeda, Dom Juan ensinou a Carlos a arte de ver através de "plantas visionárias" : o cacto peiote, o cogumelo, a datura. O estado alterado substitui a visão secular pela visão espiritual, e a partir desta flui o poder. O psiquiatra Claudio Naranjo estudou esse mesmo processo na América do Sul e verificou que as pessoas modernas que usavam yagé ou ayahuasca realmente viam alguns dos seres míticos tradicionais do xamanismo do índio brasileiro : jaguares espirituais, anacondas e criaturas ainda mais míticas, como a serpente de plumas.
Alguns dos pacientes de Naranjo achavam que tinham adquirido a visão de Raio-X da experiência xamânica. Essa faculdade é igual da América do Sul à América do Norte, da Sibéria à Austrália, e por vezes é alcançada por drogas, outras vezes sem elas. O xamã começa a ver as causas metafísicas da doença, ou outro problema - seja uma flecha de feiticeiro, um espírito da floresta que foi ofendido, um parente morto não devidamente pranteado, ou qualquer coisa.
Mircea Elíade escreve que o angaqoq, a visão mágica do esquimó é :
uma luz misteriosa que o xamã sente de repente em seu corpo, no interior de sua cabeça dentro do cérebro, um holofote inexplicável, um fogo luminoso, que lhe permite ver no escuro, tanto literal como metaforicamente, pois pode agora, mesmo com os olhos fechados, ver através do escuro e perceber coisas e acontecimentos futuros que estão ocultos aos outros.
Assim, ele vê o futuro e os segredos dos outros.
O visionário-xamã funciona como uma espécie de telescópio psíquico, portanto autorizado pela comunidade a estender sua visão e seu conhecimento.
Os grandes visionários da história são aqueles cuja visão ultrapassou o âmbito reduzido e pessoal; um exemplo notável é o Alce Negro dos Sioux, cuja grande visão pertencia ao destino psíquico de todo o seu povo. A analista junguiana Von Franz observou que um místico como Nicholas Von Flue - profundamente dedicado à pratica da contemplação - era, mais do que qualquer outra pessoa, capaz de ver o melhor caminho para toda a nação suíça em época d dificuldades.
Em última análise, nossa visão mitológica penetrante nos devia transformar não em cínicos, mas em crentes de um novo tipo - na realidade e ubiqüidade da experiência espiritual e na interminável criatividade dos seres humanos diante dela.

Essas crenças podem ser verificadas a qualquer momento que desejarmos : os mistérios deste universo se ampliam continuamente com nossa capacidade de simbolizá-los (e nossas idéias e imagens são dispositivos para ver), toda uma psique percebe um universo integrado - quando examinamos qualquer mitologia, encontramos uma tradição de sabedoria entre suas imagens, e os padrões fundamentais dessa tradição não pertencem exclusivamente a nenhuma religião específica, mas são universais.
Minha crença pessoal é que o estudo da mitologia comparada cria uma abertura respeitosa para com a experiência espiritual. Além disso, ao vermos que o herói tem realmente "mil caras", sentimos um humanitarismo profundo.
E mais importante, talvez, seja o sentimento de uma crescente abertura a todas as tradições sagradas e a um ecumenismo (xamanismo universal!!!!) que deseje ver através de qualquer conjunto de crenças e símbolos, além da superfície e até o sentido interior.
texto abaixo, extrai de Stephen Larsen, do livro Imaginação Mítica - ed Campus

quinta-feira, 28 de junho de 2018

Caboclos de Oxum

Geralmente são suaves e costumam rodar, a incorporação acontece principalmente através do chacra cardíaco. Trabalham mais para ajuda de doenças psíquicas, como: depressão, desânimo entre outras. Dão bastante passe tanto de dispersão quanto de energização. Aconselham muito, tendem a dar consultas que façam pensar; Seus passes quase sempre são de alívio emocional.

Caboclos de Ogum

Sua incorporação é mais rápida e mais compactada ao chão, não rodam. Consultas diretas, geralmente gostam de trabalhos de ajuda profissional. Seus passes são na maioria das vezes para doar força física, para dar ânimo.

Caboclos de Yemanjá

Incorporam de forma suave, porém mais rápidos do que os de Oxum, rodam muito, chegando a deixar o médium tonto. Trabalham geralmente para desmanchar trabalhos, com passes, limpeza espiritual, conduzindo essa energia para o mar.

Caboclos de Xangô

São guias de incorporações rápidas e contidas, geralmente arriando o médium no chão. Trabalham para: emprego; causas na justiça; imóvel e realização profissional. Dão também muitos passes de dispersão. São diretos para falar.

Caboclos de Nanã

Assim como os Pretos-velhos são mais raros, mas geralmente trabalham aconselhando, mostrando o karma e como ter resignação. Dão passes onde levam eguns que estão próximos. Sua incorporação igualmente é contida, pouco dançam.

Caboclos de Iansã

São rápidos e deslocam muito o médium. São diretos para falar e rápidos também, muitas das vezes pegam a pessoa de surpresa. Geralmente trabalham para empregos e assuntos de prosperidade, pois Iansã tem grande ligação com Xangô. No entanto sua maior função é o passe de dispersão (descarrego). Podem ainda trabalhar para várias finalidades, dependendo da necessidade.

Caboclos de Oxalá

Quase não trabalham dando consultas, geralmente dão passe de energização. São "compactados" para incorporar e se mantém localizado em um ponto do terreiro sem deslocar-se muito. Sua principal função é dirigir e instruir os demais Caboclos.

Caboclos de Oxóssi

São os que mais se locomovem, são rápidos e dançam muito. Trabalham com banhos e defumadores, não possuem trabalhos definidos, podem trabalhar para diversas finalidades. Esses caboclos geralmente são chefes de linha.

Caboclos de Obaluaiê

São espíritos dos antigos "pajés" das tribos indígenas. Raramente trabalham incorporados, e quando o fazem, escolhem médiuns que tenham Obaluaiê como primeiro Orixá. Sua incorporação parece um Preto-velho, em algumas casas locomovem-se apoiados em cajados. Movimentam-se pouco. Fazem trabalhos de magia, para vários fins. 

Fonte: Desconhecida

Características dos Filhos de Oxosse

Oxosse representa a pureza das matas. Seus Filhos são honestos, desinteressados, altruístas e espontâneos. A sua principal característica é a honestidade porque nunca esperam recompensa por aquilo que fazem espontaneamente. Têm um grande inconveniente: são inconstantes, não persistentes, seja qual for o motivo. Com muita freqüência, após lutarem por um ideal, às vezes, às vésperas de consegui-lo desistem e partem para nova idéia. Geralmente, os Filhos de Oxosse reúnem qualidades que são muito importantes. Se alguém está doente, ele é aquele que vai várias vezes visitar a pessoa, ver como está passando, se interessa pelo bem-estar dos outros. Não se aborrecem com as reclamações e ouvem lamúrias dos outros sempre com muita atenção. Dão-se muito bem com qualquer faixa de idade. Sentem-se mais à vontade em ambientes descontraídos. Não gostam de andar muito presos em roupas sociais. Não se sentem bem em cerimônias muito formais. São dados a vida muito singela. Não são dados ao luxo; tem verdadeira ojeriza a tudo o que chama a atenção. Adoram andar, gostam do ar livre, não gostam de ficar em ambientes fechados ou escuros. São muito complacentes com a aquisição de bens materiais, sendo desligados de tudo aquilo que se refira a luxo. O Filho de Oxosse costuma mudar de atividade com relativa facilidade, mas na possibilidade de lançar raízes em algum campo de negócio, são profundos e seguros, jamais mudam. O chefe de família, Filho de Oxosse, é um tanto desligado do lar, não que ele não se interesse pelos problemas familiares, é que prefere ser servido a servir. A mulher, Filha de Oxosse, tende a não ser muito boa dona de casa. Gosta das coisas bem feitas, mas não de fazer, gosta das coisas em ordem, mas prefere mandar que os outros façam.

MARINHEIRO AMALÁ

Para a linha dos marinheiros nós preparamos uma entrega com arroz branco, peixe de água salgada, às vezes batata com mel, pedaços de coco, cigarro, marafo e como flores o cravo. Pode ser usado no lugar do alguidar de barro a gamela, folhas de bananeira ou aquela casca do coqueiro. 
LOCAL DA ENTREGA
Na beira da praia 

BOIADEIRO AMALÁ

7 velas amarelas. Comida dentro de uma gamela: arroz integral, virado de feijão preto, batata assada, rapadura, cocada, arroz mineiro, arroz tropeiro, podendo ser usada uma moganga, flores do campo, cigarros ou cigarrilhas.
Bebida: marafo ou batida de coco

OXÓSSI

O conhecimento é um dos alicerces básicos para continuarmos ou começarmos a nossa evolução, seja material, espiritual ou em qualquer realidade divina. Nós o adquirimos com os fatos que acontecem em nossa vida, segundo o nosso merecimento e o nosso grau de evolução. Com sabedoria ou com sofrimento aprendemos a usá-lo de maneira correta e, quanto mais aptos estivermos e mais o tenhamos adquirido, mais e mais conhecimentos vão se abrindo para nós e, assim, sucessivamente. Olorum conhece a todos os seres e criaturas da Sua Criação e se manifesta no Conhecimento, através do Orixá Oxóssi. Com ele aprendemos que a Criação Divina se estende a todos os seres, a todas as criaturas e a todas as realidades de Deus e  adquirimos o respeito por tudo. Somos uma criação do “Sopro Divino”, que nos gerou e nos exteriorizou segundo a Sua imagem e semelhança, com raciocínio e discernimento, para adquirirmos consciência através desse conhecimento e podermos evoluir. Muitas vezes, sentimos um vazio dentro de nós e nada do que procuramos adianta para preenchê-lo. Mas, se nos deparamos com uma Religião completa em si mesma, como é a Umbanda, se nosso interesse é despertado e começamos a estudá-la profundamente, abre-se para nós um leque tão grande de conhecimento acerca de toda a Criação, que em pouco tempo estaremos incorporados a essa nova realidade e aquele vazio será preenchido. Mas se usarmos esse conhecimento para o lado errado das coisas, seremos paralisados em nossa evolução e, até que não transmutemos o que foi aprendido, não estaremos liberados pelas Divindades para aprender novas coisas. O conhecimento-amor é uma conquista que buscamos exteriormente, mas temos que  nos voltar para dentro de nós à procura da verdade. Ele pertence a cada pessoa; cada um o percebe de um modo e ele não pode ser tomado como parâmetro coletivo. Da mesma forma, ninguém conseguirá tirar ou fazer com que o percamos. Quando estivermos aptos a receber e a manifestar conhecimento, passaremos a ter diretamente e a todo o momento o amparo e a irradiação divina de Pai Oxóssi, que estará atuando em nós e a partir de nós, tornando-nos seus semeadores ...   

Pai Oxóssi é em si mesmo o conhecimento Divino que ensina todas as pessoas a se  conhecerem, através do nosso Divino Criador.  É o Orixá que irradia essa qualidade o tempo todo e é em si mesmo a onisciência de Deus. Orixá Oxóssi é o mistério Doutrinador por excelência e faz com que busquemos a compreensão e a fixação do saber.   Oxo significa caçador. Ossi significa noturno. Logo, Oxóssi é o caçador noturno. É o orixá caçador que caça e busca o conhecimento, que leva as pessoas ao saber ordenado e sem desvirtuamento das doutrinas divinas. Ele é o orixá que traz o alimento da fé e do saber religioso, tanto para os espíritos menos iluminados quanto para os iluminados. Quando  Oxóssi   atira  sua  flecha,  ele   não   erra   o  alvo  e  traz  em sua  ponta o conhecimento doutrinário necessário para não haver estagnação e paralisação mental das pessoas. Ele irradia duas linhas de ação: uma estimula o ser a buscar o conhecimento e a outra o estimula a usar o que já sabe em beneficio das pessoas, da coletividade. Quando uma pessoa não está desvirtuando um conhecimento adquirido e o transmite sabiamente para outros, Oxóssi irradia sobre ela, que adquire um raciocínio hábil, expandido suas faculdades, aguçando o seu raciocínio, fazendo com que busque o entendimento das coisas de uma forma racional, usando sempre o bom senso para discernir o certo do errado. ... Oxóssi está na fé e no Amor, pois nos estimula a conhecermos as coisas do Amor, aprendermos a amar o próximo e a nós mesmos. Oxóssi está na Justiça, pois busca o conhecimento correto sobre a Justiça Divina, que põe em equilíbrio e harmonia a criação e todos os seres e criaturas. Oxóssi está na Lei, pois a Lei sem seu conhecimento reto e ordenador seria a desordem, o caos total. Basta sairmos do conhecimento reto da Lei para sermos “cortados e anulados” por ela, que irá nos reconduzir novamente ao conhecimento Divino correto e racional, para retomarmos nossa evolução. Oxóssi está na Evolução, pois se estivermos paralisados em nossa evolução, ele nos direciona e conduz ao correto conhecimento, para que retomemos a direção do nosso aprendizado e evolução. Oxóssi está na Geração pois, a partir do mental das pessoas, atua na abertura e na geração de novos conceitos, caminhos e buscas para o conhecimento correto de Deus e de Sua Criação. Oxóssi é a Divindade que tem o grau de Guardião dos mistérios da natureza. É vegetal, de magnetismo irradiante e guardião dos segredos medicinais das folhas. A irradiação de Oxóssi é uma vibração curadora, pois atua no mental dos seres, saturando-os com sua essência e energia vegetal, curando as doenças emocionais e os desequilíbrios energéticos que se expressam no corpo material. ... Enfim, Oxóssi é o doutrinador natural que esclarece os seres e a partir do conhecimento divino os vai religando a Deus e a toda a sua Criação. Por ser o Conhecimento que está em tudo e em todos, é tido como a Divindade que aguça o raciocínio e esclarece e expande as faculdades mentais, ligadas ao aprendizado dos ensinamentos, principalmente do religioso, estimulando-os a buscar Deus sem fanatismo ou emotividade, mas com conhecimento racional e fé.

terça-feira, 26 de junho de 2018

Os Animais de Poder

Desde a antiguidade, segundo registros, existem rituais onde os homens e animais se faziam presentes. Hoje os encontramos em nosso dia a dia na astrologia, na alquimia, nas cartas de tarô entre outros. Existem algumas maneiras de se descobrir o animal que está presente em nosso interior, seja através de ritual, concentração ou mesmo da intuição. Conhecido como Animal de Poder, Espírito Protetor, Totem ou Animal Guardião, estão mais próximos da Fonte Divina. Quando tomamos a consciência de sua existência, fortificamos os poderes que estão escondidos em nosso interior, pois há um aumento de nossa resistência a doenças e de nossa auto-confiança. Cada animal traz uma essência espiritual e, através dela, cada um com seu próprio modo ou estilo de vida, com sua própria medicina, nos leva a crescer e transmite-nos a sua sabedoria.

Os animais estão mais próximos do que nós da Fonte Divina por serem míticos, oníricos. Ao compartilharmos de sua consciência animal transcendemos o tempo e o espaço, as leis de causa e efeito. A relação entre homem e animal é puramente espiritual, pois nosso instinto animal é mais forte e menos racional por serem manifestações dos poderes arquétipos do ser humano. Fortificam o vigor físico e mental, aumentando a disposição e o conhecimento, auxiliando ainda no diagnóstico de doenças e na realização de desafios.

Existem rituais, auxiliados pelo tambor que auxiliam na conecção com o animal, onde também são realizadas as Danças do Animal, que é uma forma de invocação. Cada animal possui uma essência, e assim cada um possui sua própria medicina e sabedoria. Relaciono abaixo alguns dos animais (incluindo os místicos) com seus significados:

Águia - Iluminação, a visão interior, invocada para poderes xamânicos, coragem, elevação do espírito a grandes alturas;
Aranha - Criatividade, a teia da vida, manifestação da magia de tecer nossos sonhos;
Abelha - Comunicação, trabalho árduo com harmonia, néctar da vida, organização.
Alce - Resistência, auto-confiança, competição, abundância, responsabilidade.
Antílope - Cautela, silêncio, consciência mística através da meditação, calma, ação.
Baleia - Registros da Mãe Terra, sons que equilibram o corpo emocional, origens;
Beija-flor - Mensageiro da cura, amor romântico, claridade, graça, sorte, suavidade;
Borboleta - Auto-transformação, clareza mental, novas etapas, liberdade;
Búfalo - Sabedoria ancestral, esperança, espiritualidade, preces, paz, tolerância;
Cabra/cabrito - Determinação para ir ao topo, nutrição, brincadeiras.
Camelo - Conservação, resistência, tolerância.
Canguru - Proteção maternal, coragem para seguir em frente nas fraquezas.
Castor - Novos canais de pensamentos, construção, segurança, conforto, paciência.
Cisne - Graça, fidelidade, ritmo do Universos, ver o futuro, poderes intuitivos, fé.
Coiote - Malicia, artifício, criança interior, adaptabilidade, confiança, humor.
Coelho - Fertilidade, medo, abundância, crescimento, agilidade, prosperidade.
Condor - Idem a águia, é um dos filhos do Sol no Peru, representa o Mundo Superior.
Coruja - Habilidades ocultas, ver na escuridão, a vigília, a sombra, sabedoria antiga.
Corvo - Guardião da magia, mistério, predições, mensageiro, dualidade, assistência.
Cavalo - Poder interior, liberdade de espírito, viagem xamânica, força ,clarividência;
Cachorro - Lealdade, habilidade para amar incondicionalmente, estar a serviço;
Cobra - Transmutação, cura, regeneração, sabedoria, psiquismo, sensualidade;
Coiote - Malícia, artifício, criança interior, adaptabilidade, confiança, humor.;
Coruja - Habilidades ocultas, ver na escuridão, a vigília, a sombra, sabedoria antiga;
Doninha - Poderes ocultos, vivencia, poder de esconder, observações, segredos.
Elefante - Longevidade, inteligência, memória ancestral, ancestrais enterrados.
Esquilo - Divertimento, planos futuros, reunião, observar o óbvio.
Esturjão - Determinação, sexualidade, consistência, profundidade, ensinamento.
Falcão - Precisão, mensageiro, olhar a volta, abertura a distância, oportunidades.
Formiga - Comunidade perfeita, paciência, trabalho duro, força, resistência, agressividade.
Gaivota - Voar através da vida com calma e esforço para alcançar objetivos.
Gambá - Campo de proteção, reputação, repelir quem não o respeita, respeito.
Gato - mistérios, poderes mágicos, sensualidade, independência, visões místicas, limpeza.
Galo - Sexualidade, fertilidade, oferendas, cerimônias, altivez.
Girafa - Calma, inspiração para se atingir grandes alturas, suavidade, doçura.
Golfinho - Pureza, iluminação do ser, sabedoria, paz, amor, harmonia, comunicação.
Gorila - Sabedoria, inteligência, adaptabilidade, guardião da terra, habilidade.
Guaxinim - Bom humor, limpeza, sobrevivência, tenacidade, inteligência, folia.
Hipopótamo - Desenvolvimento psíquico, intuição, ligação água-terra, aterramento.
Jacaré - Instinto de sobrevivência, o inconsciente profundo, o caos que precede a criação.
Jaguar - A busca em águas da consciência, mensageiro, interação mente e alma.
Javali - Comunicação entre pares, expressividade, inteligência.
Lagarto - Otimismo, adaptabilidade, regeneração, sonhos, renovação, transformação.
Leão - Poder, força, majestade, prosperidade, nobreza, coragem, saúde, liderança, segurança, auto-confiança.
Leopardo - Conhecimento do subconsciente, compreender aspectos sombrios, rapidez.
Lince - Segredos, conhecimento oculto, tradição, ouvir para o crescimento.
Libélula - Ilusão, ventos da mudança, comunicação com o mundo elemental.
Lobo - Amor, relacionamentos saldáveis, fidelidade, generosidade, ensinamento.
Macaco - Inteligência, bom humor, alegria, agilidade, perícia, irreverência, amizade.
Minhoca - Regeneração, resistência, auto-cura, transformação.
Morcego - Renascimento, iniciação, reencarnação, habilidades mágicas.
Onça - Espreita, proteção de espaço, silencio, observação. Precisão.
Pantera - Mistério, sensualidade, sexualidade, beleza, sedução, força, flexibilidade.
Pato - Desenvolvimento de energia maternal, fidelidade, nutrição energética.
Peru - Dar e receber, transcendência, dádivas, celebração.
Porco-Espinho - Fé, confiança, inocência, inspiração para realizações, dentro da essência.
Puma - Força, mistério, silêncio, sobrevivência, velocidade, graça, liderança, coragem.
Pica-Pau - Regeneração, limpeza, comunicação, proteção, unido aos Espíritos do trovão.
Pingüim - Viver em comunidade, fidelidade, lealdade nos romances.
Pombo - No cristianismo simboliza o Espírito Santo, paz, comunicação, mensagem.
Raposa - Habilidade, esperteza, camuflagem, observação, integração, astúcia.
Rato - versatilidade, alerta, introspecção, percepção, satisfação, aceitação.
Salmão - Força, perseverança, nadar contra a maré, determinação, coragem.
Sapo - Evolução, limpeza, transformação, mistérios, humor, ligado a chuva.
Tartaruga - Estabilidade, organização, longevidade, paciência, resistência, proteção, experiência, sabedoria, Mãe-Terra.
Tatu - Limites, doas dá a armadura, limites emocionais, protege a saúde.
Texugo - Agressividade, coragem, formar, alianças, persistência, agir em crise.
Tigre - Aproximação lenta, preparação cuidadosa, aproveitar oportunidades.
Touro - fertilidade, sexualidade, poder, liderança, proteção, potencia.
Urso - Introspecção, intuição, cura, consciência, ensinamentos, curiosidade.
Vaga-Lume - Iluminação, entendimento, força de vida, luz e escuridão, maravilhas.
Veado - Delicadeza, sensitividade, graça, alerta, adaptabilidade, coração/espírito, gentileza.

Animais Místicos

Cavalo Alado - Elevação, transmutação, beleza, viagem astral,aventuras, mistério, fascínio.
Centauro - Instinto animal, ligação homem-animal, anarquia, sexualidade, fertilidade, cura.
Dragão - Potência e força viril, proteção Kundalini, calor, mensageiro da felicidade, senhor da chuva, fecundação, força vital.
Elefante Branco - Força, bondade, escolha de caminhos, ligações extraterrestres, mistério.
Fênix - Renascimento, fascínio, animal do Sol, imortalidade da alma, elevação, purificação.
Sátiro - Libertinagem, divertimento, impulso sexual, instintos, fantasias sexuais.
Unicórnio - Rapidez, mansidão, pureza, salvação, espiritualidade, inofensivo.


Fonte:casadobruxo.com.br

Visões e sonhos iniciatórios entre os xamãs siberianos

Por: Mircea Eliade

As doenças, os sonhos e os êxtases são apenas meios de alcançar a condição de xamã. Às vezes, estas estranhas experiências não representam mais que uma "escolha" do alto e simplesmente preparam o candidato para novas revelações. Mas, em geral, as doenças, os sonhos e os êxtases são, em si, a iniciação; isto é, transformam o indivíduo profano em um técnico do sagrado.

Naturalmente, esse tipo extático de experiência é sempre, e em qualquer lugar, acompanhado de instrução teórica e prática nas mãos de velhos mestres; o que não o torna menos decisivo, pois é a experiência extática que muda radicalmente a condição religiosa da pessoa "eleita".

As experiências extáticas que determinam a vocação do futuro xamã consistem no tradicional esquema de uma cerimônia religiosa: sofrimento, morte, ressurreição. Vista por este ângulo, qualquer "vocação-doença" se ajusta ao papel de uma iniciação, pois o sofrimento que acarreta corresponde às torturas iniciatórias; o isolamento psíquico do "eleito" é a contrapartida do isolamento e da solidão ritual das cerimônias iniciatórias; a iminência da morte experimentada pelo homem doente lembra a morte simbólica representada em quase todas as cerimônias de iniciação.

O conteúdo das primeiras experiências extáticas do xamã siberiano, apesar de comparativamente rico, quase sempre inclui um ou mais dos seguintes temas: desmembramento do corpo, seguido de uma renovação dos órgãos internos e das vísceras; ascensão ao céu e diálogo com os deuses ou espíritos; descida à Região dos Mortos e conversas com os espíritos e as almas dos xamãs mortos; diversas revelações, religiosas e xamânicas (segredos da profissão). Todos temas nitidamente iniciatórios. Em alguns documentos todos estão confirmados; em outros, só um ou dois são mencionados (desmembramento do corpo, ascensão ao céu). É possível que a ausência de determinados temas iniciatórios se deva, pelo menos em parte, a informações inadequadas, já que os primeiros etnólogos em geral se contentavam com dados sumários.

Entre os povos da Sibéria e da Ásia Central, a vocação xamânica freqüentemente se manifesta em forma de doença. Às vezes, não se trata propriamente de doença, mas de uma progressiva mudança de comportamento. O candidato se torna meditabundo, busca a solidão, dorme muito, tem um ar distante, sonhos proféticos e, às vezes, ataques. Todos estes sintomas são apenas o prelúdio da nova vida que aguarda o desprevenido candidato. Acrescente-se que seu comportamento lembra os primeiros sinais de uma vocação mística, que são sempre os mesmos em todas as religiões.

Existem também doenças, ataques, sonhos e alucinações que, em pouco tempo, determinam a carreira de um xamã. Não nos cabe dizer se tais êxtases patogênicos foram, realmente, experimentados ou imaginados, ou se, mais tarde, foram pelo menos enriquecidos de motivos folclóricos, acabando por fazer parte integrante do enquadramento mitológico xamânico tradicional. O que se torna essencial é o fato de que essas experiências justificam a vocação e o poder mágico-religioso de um xamã; que elas são invocadas como a única validação possível para uma mudança radical da prática religiosa.

Por exemplo, um xamã iacuto, Sofron Zateejev, diz que, em geral, o xamã morre e passa três dias na iurta sem comer nem beber. Antigamente, o candidato se submetia três vezes à cerimônia em que era cortado em pedaços. Outro xamã tungue, Ivanov, dá maiores detalhes sobre a cerimônia. Com um gancho de ferro, os membros do candidato são retirados e desarticulados; os ossos, limpos; a carne, raspada: os fluidos do corpo, jogados fora; e os olhos arrancados das órbitas. Depois desta operação, todos os ossos são novamente unidos e presos com ferro. Segundo outro xamã, Timofei Romanov, a cerimônia do desmembramento dura de três a sete dias; durante todo este tempo, o candidato permanece como morto, mal respirando, num lugar solitário.

Diz o iacuto Gavriil Alekseev que todo xamã tem uma Mãe Ave-de-Rapina parecida com um grande pássaro de bico de ferro, garras como ganchos e uma longa cauda. Este pássaro mítico só aparece duas vezes: por ocasião do nascimento espiritual do xamã, e quando ele morre. Toma sua alma, leva-a para a Região dos Mortos; e deixa-a amadurecer num galho de pinheiro. Quando a alma atinge a maturidade, o pássaro volta à terra, retalha o corpo do candidato e distribui os pedaços entre os maus espíritos da doença e da morte. Cada espírito devora a parte do corpo que lhe coube; esse processo confere ao futuro xamã o poder de curar as doenças correspondentes. Depois de devorar o corpo todo, os maus espíritos partem. A Mãe Ave-de-Rapina repõe os ossos nos respectivos lugares e o candidato desperta como que de um profundo sono.


Os Quatro Ventos

Os Quatro Ventos está ligado a cada uma das Direções, cada um deles tem um Espírito Guardião, um Totem Animal, estão associados a um Elemento, a uma estação e guarda uma série de lições de poder que ensina a caminharmos com beleza sobre a Mãe Terra.


Os Espíritos Guardiões são os Seres responsáveis para nos ensinar o poder da sua respectiva direção.


ÁGUIA - O Guardião do Vento Leste é Wabun, aquele que nos traz o vento morno do Leste, a promessa da primavera, a abertura para a busca da iluminação ao nascer do sol. É a direção da visão, da criatividade e da expansão da consciência. Está ligado ao nascimento e a energia masculina. Após o inverno é tempo de despertar, onde as sementes brotam com toda sua pureza e energia que recebeu do Pai-Sol.


A Águia, aquela que voa mais alto e mais longe enxerga, é o totem animal de Wabun. O fogo é o seu elemento, e ao construirmos um altar xamânico do Círculo da Vida ela, essa direção é representada por uma vela.


Sua cor é o amarelo. A direção leste é o caminho do visionário, da onde vem o poder da luz, um portal para o espírito. Procure se sentar ao Leste e conecte-se com o Sol ou o fogo, pedindo clareza, criatividade, força, maior espiritualização e definir um novo projeto ou ciclo de vida.


COIOTE - O Guardião do Vento Sul é Shawnodese, aquele que nos traz do Sul o vento quente do verão, que promove o crescimento e a fruticação. É a direção do caminho da cura da criança interior e do amor. É um local de inocência, humildade, fé e confiança.


Seu animal totem é o Coiote que nos prega peças para nos ensinar, quando esquecemos a nossa criança interior e de nossa inocência. Está ligado ao sol do meio-dia.


Seu elemento é a Água, e em nosso altar a representamos com um copo de água. Sua cor é o vermelho. A direção sul é o caminho do curador, um portal para as emoções. Procuremos sentar ao Sul perto de um riacho ou ao lado de uma fonte d'água, percebendo suas emoções, identificando suas feridas e procurando conectar-se com sua criança interior, deixe fluir seus sentimentos, avaliando suas ações e procurando uma maneira de evitar ser pego numa armadilha. Lembre-se de ter confiança e fé em si e no mundo.


URSO - O Guardião do Vento Oeste é Mudjekeewis, aquele que nos traz do Oeste o vento fresco do outono, que favorece a instrospecção e a contemplação da colheita. É a direção que indica o caminho da cura física, o poder da transformação e introspecção.


Seu animal totem é o Urso que nos convida a entrarmos na escuridão da caverna, onde enfrentaremos nossos medos.


Seu elemento é a Terra, e representamos essa direção em nosso altar com uma pedra, cristal ou um pote com terra. Sua cor é o preto. A direção oeste é o caminho do guerreiro, o portal para o corpo. Essa direção esta representada pelo por do Sol. Sente-se ao oeste vendo o sol se por e sinta a escuridão o cercando e transformando-se numa grande caverna escura, procure meditar profundamente envolto em total silêncio. Lute contra si mesmo, enfrente os desafios que se apresentam, sinta-se morrer e renascer, dentro da Mãe Terra que nos curou e nos regenerou através de sua força feminina.


BÚFALO BRANCO - O Guardião do Vento Norte é Waboose, que nos traz o vento frio do inverno, que purifica a terra e obriga os homens ao isolamento da renovação. É a direção que nos indica o caminho que devemos seguir, aonde o guerreiro irá aprender com os conhecimentos dos mestres ancestrais.


Seu totem animal é o Búfalo Branco que nos ensina a agradecer humildemente as dádivas recebidas. Seu elemento é o Ar, que representamos como um incenso em nosso altar. Sua cor é o branco que simboliza a pureza da neve. A direção norte é o caminho do Mestre, o portal para a mente, onde aprendemos a sabedoria dos ancestrais. Procure sentar-se voltado para o norte numa alta montanha no meio da noite, buscando conectar-se com os ancestrais que com sua sabedoria irão abrir nossas mentes, libertando-nos de antigos padrões que ainda tenhamos, fazendo-nos pensar, sentir e agir no novo horizonte que se abre a nossa frente.


Cada direção é também ligada a uma hora do dia. O Leste com a madrugada e o nascer do Sol de um novo dia, o Sul com o meio-dia e o Sol à pino, o Oeste com o crepúsculo, quando o Sol vai descansar, o fim do dia e o tempo de reflexão e repouso, e o Norte com a meia-noite, o descanso e a renovação.


Cada um dos Quatro Ventos, das Quatro Estações e as Quatro Horas do dia, estão relacionados às influências no nosso modo de vida. De acordo com a cosmologia nativa, são especiais qualidades de influência do vento o poder que predominatemente carregamos de nosso nascimento, como nossa marca pessoal, codificado em nossa mente.
Os nativos relatavam tudo o que podia ser observado e entendido do meio-ambiente. Qualquer princípio ou lei cósmica ou natural, que afetava a vida do homem, os mistérios do nascimento e morte, o destino dos homens, podiam ser entendidos através da observação das forças naturais em ação.


Os nativos converteram o intangível até uma forma que pudesse ser entendida e relatada através de comparações (metáforas), com a natureza, com os animais, plantas e minerais. Animais selvagens, por exemplo, dividem o meio ambiente com eles. Eles conhecem os hábitos individuais e características de cada espécie, conhecem os diferentes temperamentos, e sabem que cada animal tem a sua personalidade própria. Eles comparam os segredos da natureza e as qualidades que possuem com características similares encontradas nos animais, répteis, pássaros, peixes, etc.
Em outra palavras, os nativos personificam essas forças intangíveis, que muitos povos de outras culturas associam humanizando seus deuses. Eles todavia, usam mais animais, plantas, minerais do que representações humanas. Essas personificações são chamadas de " TOTENS" .







Fonte:
xamanismolegadodenossosancestrais.blogspot.com
Imagens da Web.

Os Sonhos e os Xamãs




Acredita-se que houve uma época, em que os humanos ficavam cercados de animais e reconheciam o parentesco com eles. Os animais possuem forças espirituais assim como os homens.

A Simbologia animal está profundamente gravada no inconsciente coletivo da humanidade.Herdamos sentimentos e recordações inconscientes que condicionam nosso comportamento consciente.

Nos nossos sonhos aparecem muitos animais, os chamados animais oníricos. Algumas vezes os animais são encontrados no habitat de quem sonha, e também, as vezes nem são deste mundo.

Geralmente as pessoas se assustam com sonhos de cobras, mas as cobras representam também a cura, a medicina. Sonhos com animais são benéficos, mas algumas pessoas gostam de avaliar apenas os lados negativos e não estudam as qualidades que os animais representam.

O xamanismo classifica os sonho em pequenos sonhos e os grandes sonhos. Os “Grandes Sonhos” são os que aparecem repetitivamente e também os que são tão reais que parecem realidade, aqueles que sonhamos como se estivéssemos acordados. Os xamãs dão atenção aos grandes sonhos e são tratados como uma comunicação do animal de poder.

Stephen Larsen tem uma amostragem de mais de três mil sonhos contendo animais, entre eles pessoas que se transformavam em animais. Ele relata que por vezes, pessoas que sonham que são picadas por cobra tem estranhas alterações de consciência no sonho, provocadas pelo veneno. É importante notar que o veneno de cobra também é usado como remédio ( Lachesis) e era sagrado para Esculápio, o deus da Cura.

Quando nos sentimos acuados, em situações perigosas, e reagimos instintivamente, nosso instinto animal vem a tona, e somos dotados de maior força física e agilidade.Inconscientemente reconhecemos a força e o poder dos animais e usamos termos tais como :
Ele é esperto como uma raposa!
Realmente ele é um cobra no futebol!
Quando é contrariado vira uma onça!
Tem memória de elefante!
Ele é a ovelha negra da família !
Ele chegou na idade do lobo !
Porque a frase:O cão é o melhor amigo do homem? Quantas histórias conhecemos, de animais indo ao auxílio de seres humanos em perigo? Como golfinhos que salvam marinheiros prestes a se afogarem, cães e cavalos, que conduzem pessoas a lugares seguros ? E, o incrível pombo-correio? Isso implica que nossa mente individualizada faz parte de algo maior.

No Brasil em 1888, o Barão de Drummond para ajudar a manter o Zoológico do Rio de Janeiro, criou o famoso “Jogo do Bicho”, que tomou conta do país. São 25 bichos organizados em ordem alfabética e combinações de números em dezenas, centenas, milhares. Hoje é considerado crime pelas leis brasileiras. Os símbolos animais também são utilizados em escuderias de equipes esportivas, como símbolo de nações (águia americana, tigres asiáticos, etc). Nos logotipos de empresas, em clubes, marcas de automóveis, na propaganda (comerciais de televisão, cinemas, revistas).

No cenário das estórias, das fábulas, aparece em 620 c.C., Esopo, que reuniu centena de contos de animais, repetindo os padrões de comportamento humano. Ele foi conhecido como o maior contador de estórias da antiguidade, foi dele a expressão : A Moral da Estória “.

O francês Jean de La Fontaine, no séc.XVII,foi conhecido como o maior historiador do mundo ocidental. Sua obra prima ”Fábulas” inspirada no mestre Esopo, mostrava a agressividade e a ignorância humana, através dos animais. 

Os chamados contos de fadas não existiam apenas para crianças, mas também para adultos. No início eles não foram escritos para crianças. Vários historiadores como Irmãos Grimm, Monteiro Lobato, e outros, se inspiraram nos animais. Alguns deles : O Gato de Botas , A Gata Borralheira, O Patinho Feio, O Rouxinol, A Pequena Sereia, A Bela e a Fera, O Leão e o Rato, Mamãe Ganso, Os Três Porquinhos ,Mogli, o Menino Lobo, Bambi Dumbo,Os Dálmatas, O Rei Leão, pelo fato dos animais terem nos precedido e testemunharem a nossa evolução, são considerados nossos parentes, por muitas tradições nativas. A aliança entre seres humanos e os clãs animais estendem a tempos atrás desde a pré-história, e foi sendo ignorado nos tempos modernos.

Nosso relacionamento com o reino animal pode ser poderoso e significativo hoje, como era no passado.

No folclore africano como na mitologia grega, a harmonia da humanidade com os animais reflete-se na dieta vegetariana do Primeiro Povo. Nossos primeiros antepassados evitavam a mortandade de animais para se alimentar. Viam a natureza como parte dela. Sonhavam e caminhavam em realidades inseparáveis, o natural e o sobrenatural se fundiam.

No passado xamãs, sacerdotes e sacerdotisas mantinham o sagrado conhecimento da vida. Eles eram, capazes de andar por mundos invisíveis. Eles sabiam que os animais falavam quando você sabia ouvir.

O que está acima está abaixo. Este princípio ensina que todas as coisas estão conectadas. Nós não podemos separar o físico do espiritual, o visível do invisível. Este princípio dá um dos significados de resolver muitos paradoxos e descobrir segredos da natureza. Por essa razão estudar os totens animais é essencial para entender como o espiritual se manifesta com a vida natural.

O totem é algum objeto, ser ou animal cuja energia nós nos associamos durante a vida.
No mundo moderno, existem várias evidências do compartilhar com a mente animal. Vejam como milhares de pessoas falam com seus animais de estimação. Nesse momento acabam entrando na freqüência vibratória do animal.

Os vegetarianos que não comem carne por sentirem-se ligados com a vida animal. Os que lutam contra as experiências com animais e os que lutam contra o uso de peles, penas, couro, são pessoas com sensibilidade que recordam vestígios da época em que a humanidade realmente compartilhava a consciência com o reino animal.

Os animais ajudaram e ajudam os homens nos transportes, comunicação, na lavoura, na manutenção da ecologia. (elefantes, camelos, cabras, cavalos, búfalos, bois, pombos, cães, burros etc.) Hoje em dia animais virtuais também estão presentes na informática, onde criadores de software lançam produtos com programas animados por bichos.

Muitas pessoas consideram os animais irracionais, com menos consciência, menos inteligente, menos importante que nós mesmos. A sociedade os vê simplesmente como cobaias em laboratórios, peças de exposição em zoológicos, para serem consumidos como comida ou adornos, ou como os mau-acostumados bichos de estimação.

Podemos estar acima do passado de centenas de anos de destruição causados, quando agíamos sem a sabedoria do coletivo e de nossos ancestrais. Se pensarmos mais como os povos xamânicos, e não sermos arrogantes na nossa visão sobre os animais poderíamos receber dádivas da medicina animal. Níveis profundos de comunicação com os animais estão abertos a quem tiver paciência e abertura de coração suficiente.

Nós podemos usar a imagem animal como meio de aprender sobre nós mesmos e sobre mundos invisíveis. Esses arquétipos têm suas próprias qualidades e características que se refletem através de comportamentos e atividades dos animais e outras expressões da natureza.

O animismo considera toda a natureza espiritualmente viva. 

O homem tinha parentes e aliados no mundo das plantas, dos minerais, e dos animais. Os nativos norte-americanos dizem: 

“Não é apenas o homem que foi feito à imagem de Deus: também foram o Jaguar, o búfalo, o urso, a águia, a serpente, as borboletas, as árvores, os rios e as montanhas”.

Os animais estão mais próximos do que nós da fonte divina. Cada espécie de animal tem um “animal mestre” que é também um poder espiritual e com o qual temos que nos relacionar. Cada animal evidencia uma característica, ou um estado de espírito, um instinto, um afeto. O pânico à vista ou proximidade de certos animais parece um resíduo em nossa psique. Arquetipicamente essa emoção está ligada a Pã, o deus arcaico dos animais, que podia encher de pânico tanto animais como homens.

A biologia evolucionista fala de nossas afinidades com os primatas e com outros animais, assim como nossa ligação com toda a vida na terra. O biólogo Rupert Sheldrake sustenta que a consciência humana deve ter se desenvolvido com o conhecimento dos hábitos dos animais que o homem caçou, das qualidades das plantas que colhemos, das mudanças sazonais da natureza e do caráter de animais domesticados. Nossa íntima associação com animais domésticos continua até hoje. Aqueles que criam, treinam e cavalgam animais, os conhecem intimamente, e desenvolvem uma comunicação intuitiva com eles, assim como os treinadores de animais que se apresentam em espetáculos.

Há evidências, tanto de uma perspectiva histórica quanto do ponto de vista da ciência, de que algo semelhante à comunicação mental estabelece uma continuidade entre humanos e animais, de que esta comunicação pode ser surpreendentemente profunda, e, que não pode ser explicada, por intercâmbios físicos conhecidos; e, às vezes, representa uma inegável natureza não localizada. Para muitas culturas antigas, seria impensável não compartilharmos a consciência com outras formas de vida.
A capacidade de entender-se com os animais está preservada nas tradições xamânicas de quase todas as culturas tribais. Uma parte notável do ritual é o encontro com um animal, que se torna seu espírito guardião, revelando-lhe conhecimentos secretos, que não raro incluem a linguagem dos animais. Entre os índios da América Central o espírito guardião é conhecido como nagual.

O elo estreito e íntimo entre o ser humano e o nagual se expressa na capacidade do xamã transformar-se nesse animal familiar. O antropólogo australiano A. P. Elkin em seu estudo dos aborígenes atesta que o animal totêmico avisa a réplica humana do perigo, e chega a prestar-lhes serviços. Segundo Mircea Eliade durante a iniciação xamânica, o futuro xamã deve conhecer a linguagem secreta dos espíritos animais. Com freqüência a linguagem secreta tem sua origem na imitação dos gritos dos animais.

Imitar a voz dos animais, utilizar sua linguagem secreta durante uma sessão, é uma ferramenta para o xamã circular livremente pelas zonas cósmicas. Incorporar o animal durante uma sessão é mais que uma possessão, na verdade é uma transformação mágica de um xamã no animal. Uma das outras formas usadas era a máscara.

Eliade prossegue:
- A amizade com os animais, o conhecimento de sua linguagem e a transformação em animal são outros tantos sinais de que o xamã restabeleceu a situação paradisíaca, perdida no aurorescer do tempo.


Como serpentes, os cavalos também simbolizam alguns aspectos da energia psíquica. O cavalo possibilita ao homem entrar em contato com seu lado instintivo, e ter maior domínio sobre ele. Veados podem ser mansos ou selvagens. Tem a conotação da energia que nos leva.
Campbell escreveu sobre o papel do olho do animal e seu simbolismo nas cavernas paleolíticas. Está associado com o Sol, ou com o olho solar, e também com o leão e a águia. É a porta do Sol, a porta do Xamã, a passagem através do mundo da matéria para chegar ao espírito. Jung, em vários dos seus escritos, também explorou esse aspecto do simbolismo animal e espiritual.

Nas Américas Central e do Sul um xamã pode se transformar em jaguar e vice-versa. Há índios que pintam o corpo imitando um jaguar, e assim ganham força e as habilidades do animal. Os totens animais simbolizam energias específicas que nos alinham com a vida. Quando nós prestamos atenção e estudamos um totem, nós estamos honrando a essência deles. Nós podemos evocar essa essência para entender melhor nossa vida e as circunstancias com mais clareza. Nós podemos compartilhar de seu poder ou da sua medicina.

Os animais terrestres têm sempre tido uma forte simbologia associada a eles. Ele tem representado o lado emocional da vida, refletindo qualidades que devem ser superadas, controladas, ou re-expressadas. Eles também são símbolos de poderes associados com reinos invisíveis que nós podemos aprender a manifestar no visível. Pássaros podem freqüentemente ser considerados os símbolos da alma. Suas habilidades para voar refletem a habilidade dentro de nós para voarmos para novas qualidades, servir de ponte entre o céu e a terra. Nos totens pássaros cada um tem suas próprias características, mas eles podem ser usados para estimular grandes vôos de esperança, inspiração e idéias. Os aquáticos também podem ser totens. A água é um símbolo ancestral do plano astral e o elemento criativo da vida. Vários peixes e outras formas aquáticas de vida simbolizam orientação para expressões de intuição, imaginação criativa, e o fluir das nossas emoções. Eles podem refletir o lado feminino ou nossa essência. Os insetos também fazem parte da natureza, eram mitos de fertilidade no Egito, a Mulher Aranha quem criou o Universo. Chegou o momento para rever nosso vínculo ancestral com os animais. Desde a antiguidade o homem tem imposto sacrifícios ao animais. O carneiro é um símbolo universal do sacrifício animal. Na Babilônia era sacrificado nas comemorações do ano novo, para atenuar os pecados do reino. Na Grécia, Roma, no Islã, na África e no Egito, era oferecido aos deuses, para diversos fins.

Quero citar um trecho do livro “Os animais e a Psique”, da editora Palas Athenas :
“Entre os hebreus, o sacrifício do carneiro, foi uma antecipação da imolação de Cristo. O cristianismo absorveu o simbolismo pagão do sacrifício animal e o carneiro passou a ser o símbolo do Filho imolado, que segundo os textos bíblicos, pagou com sua vida o pecado dos homens e os salvou para a vida eterna”. O carneiro foi escolhido, pela igreja, como imagem e símbolo de Cristo. O carneiro tem aspectos de pureza, da mansidão, e da vítima sacrificial. Morto na cruz para a salvação da humanidade, Jesus derramou seu sangue, assim como o sangue do cordeiro libertou o povo judeu do Egito.

No cristianismo, o cordeiro está ligado a Jesus, Cordeiro de Deus, que se imolou pela humanidade : “Eis o Cordeiro de Deus, que tira o pecado do Mundo”. João 1:29
Também é encontrada na Bíblia o Cordeiro do Apocalipse, com sete chifres e sete olhos, com poderes para abrir o lacre dos sete selos e vingar a morte dos santos e dos seguidores de Jesus.

Os animais devem ser tratados com respeito, devem ser honrados e bem estudados porque são manifestações dos poderes arquetípicos que estão por trás das transformações da alma humana. Eles nos falam de nossas compulsões ou instintos, como o comportamento dos filhotes e das aves acompanhando uma figura materna. O animal torna-se símbolo de uma força específica, energia invisível, espiritual manifestando-se em nossa vida. Que nosso caminho seja guiado e protegido novamente pela sabedoria ancestral da Terra.






Fonte:http://www.xamanismo.com.br