sexta-feira, 30 de março de 2018

Assentamento de Boiadeiro

Assentamento de Boiadeiro:

01 Pedaço de corda sisal 77cm;
01 pedaço de fita cetim fina 33 cm na cor amarelo, preto e branco;
01 vela 7 dias bicolor amarelo/preto;
01 cigarro de palha;
01 cálice de cachaça.

Faça um laço sem nó com a corda, onde as pontas se encontram amarre as fitas e dê sete nós.

Acenda a vela, cigarro de palha e coloque o cálice tudo dentro do laço.

Toda semana acenda ao menos uma vela palito bicolor amarelo/preto. 

Na ocasião troque o líquido. 

Sempre que fizer esta firmeza semanal, pegue o cigarro e dê três baforadas, concentrado nos pedidos e orações.


Oração de assentamento:

“Divino Criador, Divinas Forças Naturais, Divinos Orixás, neste momento vos evoco e peço que imante este assentamento, consagre e o torne um portal por onde os Boiadeiros do astral possam se manifestar, servindo de minha proteção e chave de acesso aos sertanejos de acordo com o meu merecimento. Peço que a força dos peões esteja presente e receba minhas vibrações.”

Ps.: Este é um assentamento universal para a linha de Boiadeiros, que pode ser consagrado a um Boiadeiro específico ou deixar aberta de forma universal.

Faça isto com fé e amor, terá ótimos resultados.

Getuá meu Pai!

Mineiro Boiadeiro

Mineiro Boiadeiro, esse mineiro, como é normalmente chamado, vem deu ma peregrinação lá das bandas de Minas Gerais. 

Conhecido como Mineiro de Lorena por ter vivido a maior parte de sua vida terrena por estas bandas. 

Como todas as entidades desta linha(como linha intermediária), ele trabalha na linha da direita e diretamente ligado à linha da esquerda. 

Por ser uma entidade de linha intermediária, ele tem livre passagem por todas as camadas das linhas conhecidas, e também daquelas que não tomamos conhecimento. 

Por conseqüência disso, é uma entidade que tem seus trabalhos em todas as direções. 

Quando de sua passagem por essa vida, ele foi um grande tocador de boiada, vaqueiro bom de laço e também muito bom de copo, de onde herdou o codinome de mineiro bêbado. 

Viveu por muito tempo a tocar a sua boiada pelos campos de Minas e sul do nosso país. 

Foi também muito bom com as mulheres, garanhão por natureza, não deixava passar nenhuma prenda sem que com ele passasse um tempo. 

Hoje, no astral, ele ainda vem com o mesmo biotipo de sua última vida na terra, como caboclo boiadeiro, vem em nosso socorro, e em socorro de todos os seres aflitos e injustiçados fazendo assim com que todos os males a nós direcionados sejam levados nas patas de sua boiada para os campos longe do alvo ao qual foi enviado. 

Por ser uma entidade de força incomum, vem sempre em auxílio das forças do bem, e com a ajuda de outras entidades da mesma linhagem alcançam com firmeza todos os seus propósitos. 

Materiais usados em seus trabalhos: Velas vermelhas, charutos, cachaça, punhal, chifre de boi. 

Local de entrega: Encruzilhada de caminho de campos.

A História de Zé Boiadeiro ( Um Boiadeiro de Lei )

Ganhou presentes por graças alcançadas, roupas, curiadores, adornos por graças que ele tinha ido buscar as pessoas juntos aos anjos de Luz . Fez tanta coisa boa, que em uma dessas sessões acabou realizando algo a uma pessoa (ela diz ter sido um milagre), que recebeu uma promessa que iria ganhar uma Casa de Caridade para que ele pudesse ser maior do que já era .
Da inauguração da casa até os dias de hoje, Zé Boiadeiro ou seu Zé como gosta de ser chamado, mesmo como Guia Chefe Espiritual continua mostrando a todos nós que humildade, respeito e igualdade são coisas que se conquistam somente através de muito trabalho .
Continua encantando a todos com suas atitudes e gestos. Se doa de tal forma que disse não ligar perder toda a sua LUZ para que seus filhos sejam felizes sempre , mas sabemos seu ZÉ que Estrelas como o senhor jamais deixam de brilhar, pois seu brilho vem encantado com a energia que emana de Olorum, nosso criador .
Sua Luz aumentou muito, seus compromissos com a terra também, mas sempre consegue arrumar tempo para um aperto de mão, um abraço, uma palavra de conforto e carinho. A estrutura a sua volta aumentou, mas para ele nada mudou, pois incansável como sempre continua a iluminar o caminho de todos nós.
Muitas pessoas vem ao seu socorro, pois acreditam e sabem que ele pertence a uma elite de entidades que trabalham em nome de DEUS e da Umbanda. Passam horas a esperar por uma consulta, tamanho é o número de pessoas que o solicitam, mas sempre com paciência, arruma um jeitinho de atender a todos.
Transmite em todos os trabalhos muita paz ao espírito e segurança em cada atitude relacionada aos filhos e a todos aqueles que o procuram . Nada do que eu diga aqui , pode representar o que este Ser Iluminado significa para cada um de nós , tamanho é a sua grandeza e objetividade em ajudar e somar.
Divide sempre as honras e os méritos com todas as outras entidades e ainda ensina : Nada seria sem a ajuda de todos os meus irmãos do astral - Divido as alegrias e as graças alcançadas com todas as entidades de luz que trabalham a nossa volta e não me esqueço ainda dos irmãos da esquerda que nos dão tranqüilidade e segurança para continuar nossa luta.
Zé Boiadeiro é um ser com qualidades infinitas, matuto, esperto e inteligente sabe acariciar e repreender cada um em qualquer ocasião. Sorri, quando vê a casa com muita luz e se entristece com sentimentos mesquinhos, canta, dança, aplaude, chora, fala, se eleva a Deus, enfim luta por dias melhores em nossa Casa e na vida pessoal de cada um. Não é famoso como muitas entidades que aí estão, mas não importa pois é grande na Luz e na simplicidade de ser como todas as outras.
Passaria horas escrevendo e falando desse magistral ser de Luz que me acompanha desde meu nascimento; mas não há nada que eu escreva que possa demonstrar o tanto de carinho e respeito que sentimos por esse Mestre. Com a felicidade de poder contar com todas as minhas entidades (presentes enviados por Deus), me senti na obrigação, quando da construção desta página, de falar de alguém que merece todas as honras e homenagens de todos nós. Deste que foi o grande responsável por me conduzir à Umbanda e assumir meu posto de Pai com muito orgulho e Humildade.
Por tudo que tem sido seu Zé e pela satisfação de ser o médium que você escolheu entre tantos, me elevo a luz e te agradeço do fundo do meu coração pelas lições e aprendizados.

Boiadeiro Tobias

Tobias, boiadeiro sorridente, mulato alto, forte, filho de Oxóssi, galante com as damas e camarada com os homens.

O Tobias era boiadeiro na região do Pantanal e aprendeu com um índio velho a usar as ervas. 

Ele era o responsável pela saúde da comitiva, dos animais e dos seus companheiros de viagem.

Ele sempre diz que no meio do mato, se alguém ficasse doente ou fosse picado por cobra, não teria tempo de chegar à cidade mais próxima e consultar um médico, que além de raros, eram também CAROS!

Então, lá estava o Tobias, que entrava no mato e achava sempre a erva certa, a casca de árvore necessária, o cogumelo não venenoso, a raiz forte para preparar chás, poções, beberagens, emplastros, até mesmo colocar uns ossos no lugar ou de vez em quando consertar um coração partido...

O Tobias era jovem, forte, corajoso e bem disposto e quando tinha chance, também era namorador!

segunda-feira, 26 de março de 2018

Cacique Aimoré e Cacique Tupinambá

E a história de suas vidas...

Após a chegada dos portugueses ao Brasil, outras etnias quiseram disputar espaço, como os franceses e os espanhóis. E isso gerou muitas revoltas no litoral de toda a extensão do território brasileiro. Houveram muitas guerras, como a de Paraguaçu, no Recôncavo Baiano; o extermínio dos Potiguaras, no Rio Grande do Norte; entre outras que nem são relatadas pela história, pois foram esquecidas. Mas, aqui quero falar da bravura de dois caciques: Tupinambá e Aimoré; e relatar a sua visão da história.
Uma das guerras mais importantes, disputadas pela aliança entre índios e brancos, para preservar seu território dos invasores foi a Confederação dos Tamoios. Para os índios, pior do que perder suas terras para um estranho, era perdê-la para muitos estranhos! Por isso, mesmo vendo o tamanho do inimigo que se aproximava à beira-mar, entre 1563 e 1567, os índios Tupinambá (do Rio de Janeiro), os Carijós (do Planalto Paulista), os Aimoré (da Serra do Mar) e os Goitacá (também da Serra do Mar), fizeram a Aliança com o homem branco e criaram a Confederação dos Tamoios. Mas, nos dois lados da disputa haviam índios e brancos e, nos dois lados, a história não era verdadeiramente narrada aos de "pele vermelha" (pele que o sol queimou).
Os Tamoios venceram muitas batalhas e eles nem sabiam porque lutavam, pois o homem branco apenas fez uso de sua força. O índio foi enganado e usado por "Brancos Reformadores" (os Conquistadores) e por "Brancos Pacificadores" (os Jesuítas). De qualquer forma, o índio perdeu, pois milhares de vidas foram dizimadas; dezenas de tribos desapareceram e muitos índios fugiram e se embrenharam nas matas densas. Essa foi a história da Reforma e da Contra-Reforma - era o destino da Colonização, da Coroa contra a Igreja, de uma nação contra outra e da qual o índio participou sem saber porque lutava. As Tropas Indígenas dos Tamoios foram vencidos pelos Jesuítas e aqueles que não fugiram, tornaram-se servos do homem branco. E aqui iniciou-se uma nova história para o Brasil...
O Cacique Tupinambá e o Cacique Aimoré eram amigos, suas Tribos eram vizinhas e dividiam os mesmos costumes, as mesmas tarefas e a mesma língua. Os habitantes das duas tribos eram amigos e podiam se auxiliar. Durante séculos puderam viver em paz e tranquilidade. As guerras eram somente com os índios Guaikurus, quando esses tentavam invadir seu território. Os índios das diversas etnias, que habitavam as Américas, eram altos, fortes, destemidos e nobres. Sabiam progredir sem ameaçar a natureza, viviam em aldeias bem organizadas. Mas, a interferência do branco e a mistura das raças fez o índio perder sua origem e seu verdadeiro código de valor.
Quando a Guerra que dizimou as tribos Tupinambá e Aimoré aconteceu, os Caciques deram suas vidas para evitar a extinção total de suas raças. Ao final da batalha perceberam que haviam sido enganados pelo homem branco e ajudaram alguns índios a fugir para preservar a raça e a verdade de sua história. Aqueles que se salvaram foram o mais longe que puderam e até hoje não se sabe mais onde os encontrar...
Cacique Aimoré e Cacique Tupinambá choraram a perda dos seus, pelo massacre que aconteceu. Não importava o lado da batalha: todos perderam. Eles partiram para a morada de Mboi para aguardar o chamamento de Tupã. Quando lhes falaram de uma Terra semelhante a deles onde poderiam trabalhar suas origens eles aceitaram a tarefa. Foi assim que se dirigiram a Jurema e ajudaram a Aruanda no trabalho de propagação da nova religião de amor e união de todas as raças: a Umbanda! Aceitaram comandar as falanges que receberiam seus nomes e trabalhar com os índios desencarnados nas batalhas à beira-mar.
E aqui teve início uma nova história de refazimento do solo brasileiro pelos nativos de pele vermelha. Agora eles poderiam trabalhar com seus irmãos brasileiros, sem o preconceito pela cor de sua pele e pelas suas origens, pois hoje eles são aceitos como são: apenas índios! E essa é a AUMBANDHÃ!
 
 

Caboclinha do Vento

A Encantada do Ar!

Eu demorei muito para entender o nome dessa entidade, pois sempre que recebo as histórias me concentro, ouço calmamente, faço um rascunho e depois passo a limpo. Normalmente os nomes já são de entidades bastante cultuadas e conhecidas. No caso dessa caboclinha, eu primeiro vi sua imagem e fiquei "encantado" com sua beleza; depois ouvi sua história...
A Caboclinha do Ar ou Caboclinha do Vento ou Encantada do Ar, como também é conhecida, encantou-se após morrer, ou seja, seu corpo se transfigurou... Hoje ela vive no Ar, na Luz Astral ou no Mundo Espiritual, auxiliando a todos que necessitam. Trabalha na Linha de Yansã e de nosso amado Pai Oxalá, transmitindo muita serenidade em seus atendimentos. Como ela viveu sua última vida ou quantas vidas viveu é difícil saber, pois sua origem é desconhecida.
A única coisa que ela me permitiu contar, foi que nasceu no Brasil Colônia de pais europeus. Porém, foi criada nas matas por amas indígenas de uma tribo do Pará, pois perdeu-se de seus pais. Chamavam-na de "Raio de Luz", por ser uma menina branquinha como um dia de sol. As outras tribos comentavam sobre uma índia branca que eles viam passeando nas matas. Ela viveu o quanto lhe foi permitido viver e abandonou essa vida muito jovem. Não casou, não teve filhos, não morreu, apenas se encantou e desapareceu. O cacique dizia: "A menina cumpriu sua estada nessa terra e partiu."

Boiadeiro "Zé do Laço"

Um bandeirante tropeiro.

José Aparecido nasceu em Sorocaba-SP e moleque ainda já acompanhava seu pai na lida como bandeirante a serviço dos portugueses. Ele era um mameluco. Seu pai era português e sua mãe uma índia tupinambá a serviço dos brancos. Quando José tornou-se adulto, seu pai o levou para as campinas do Rio Grande do Sul; era o ano de 1780 e os portugueses já haviam dominado quase todo o sul do país.
José ouviu falar da guerra que ocorreu entre índios e brancos e da matança desmedida e sentiu tristeza, porque parte de seu sangue era de índio. Ao ver os pampas gaúchos apaixonou-se pelas pradarias, vegetação, o gado, as construções e decidiu morar nesse local. Era uma região entre São Miguel e São Borja e havia muito gado solto devido a revolta e fuga dos índios.
José desde cedo descobriu que era bom no laço e em pegar gado arrisco; então foi apelidado de "Zé do Laço". De bandeirante Zé passou a tropeiro e de tropeiro passou a boiadeiro. Adquiriu um terrinha nas cercanias de São Borja e passou a cuidar do gado para os bandeirantes paulistas. O sul ainda era uma terra sem lei e a disputa entre espanhóis e portugueses ainda era visível. Por isso, Zé andava armado e cercado de jagunços. Foi nessa época que Zé conheceu a índia Potira da Aldeia São Borja das Missões e decidiu roubá-la.
Antigamente, índio se pegava no laço e laçar era o que Zé fazia melhor. Então ele "laçou" Potira e a levou para seu sítio, mas isso desencadeou uma pequena revolta e uma lutou se travou entre os jagunços e os irmãos de Potira. Os dois lados perderam pois morreram homens de ambas as partes. Zé quedou em combate atingido no peito. Mas, ainda conseguiu dizer a Potira: - Eu também sou índio!
Potira voltou ao acampamento, mas carregava em seu ventre uma criança gaúcha. O filho de Potira cresceu catequizado pelos Jesuítas e mais tarde lutou na Revolução Farroupilha. Zé do Laço tornou-se boiadeiro espiritual e passou a trabalhar em Aruanda.

Caboclo Sete Montanhas

O Protetor das Américas!

O Mistério do Caboclo Sete Montanhas da Linha de Xangô é um dos mais interessantes que já vi. O nome "Sete Montanhas" refere-se a toda cadeia de montanhas das Américas, como a Cordilheira dos Andes, o Grand Canyon, a Serra Gaúcha, a Serra da Mantiqueira, entre outras... E também ao número cabalístico "sete".  Pense bem, se você subir ao alto de uma montanha conseguirá visualizar ao longe toda a planície e sua formações. Agora, imagine, subir em "sete montanhas", o quanto você poderá visualizar...? Mas também, não é só de visualizações que estamos falando, mas de sentir a atmosfera, o relevo, a vegetação e tudo o que nos cerca. E é esse o mistério que envolve o Caboclo Sete Montanhas e a abrangência de seu nome!
Esse xamã viveu no século XIV, na região de Yucatán. Ele é  descendente dos maiase preservou seus costumes enquanto liderou seu povo como xamã-chefe. Os maias eram exímios escultores, excelentes matemáticos, escribas inteligentes e sábios astrônomos. Suas análises do clima, dos movimentos planetários, das mudanças geográficas, perduram até hoje e surpreendem pela lógica e exatidão! Eles viviam em pirâmides, construídas em platôs, ou casas de pedras. Cultuavam o Sol e a Lua, falavam de povos que habitavam as estrelas e acreditavam na imortalidade do espírito. Confeccionavam objetos e utensílios domésticos com extrema habilidade.
O Chefe Cacique Yulkawin cumpriu sua missão de condutor da raça maia antes da ocupação espanhola. Avisou aos seus filhos que viria um conquistador de terras longínquas, em busca das riquezas de suas terras e que eles estivessem preparados para lutar ou para fugir. Viveu 110 anos em paz com seu povo e sua raça e quando estava para desencarnar subiu ao morro mais alto para seu espírito repousar. Foi assim que Yulkawin tornou-se "Sete Montanhas" e carregou consigo todo o mistério de seu povo. Ele tornou-se o Protetor de toda a raça indígena das Américas e acompanhou com tristeza o extermínio de muitas tribos. Até hoje, esse Caboclo chora, ao contar o que seu espírito viu, após a chegada do homem branco...

Boiadeiro Serra Preta de Minas Gerais

Josué - o Vaqueiro!

Algumas pessoas desconhecem que uma entidade ao se apresentar na Umbanda possui nome, sobrenome, ponto cantado, ponto riscado, agrupamento ou falange, Linha de trabalho e atuação, entre outras caracterísiticas. Assim, ele se preserva e comprova que é um verdadeiro trabalhador da Seara Umbandista. Um espírito sem treinamento (egun, quiumba ou obsessor) não possui esses predicativos e conhecimentos. Além de toda a apresentação que a entidade faz, ela também possui sua história particular de vida e pode relatar sua última existência e porque utiliza o nome com o qual se apresentou.
Relato agora a história de um boiadeiro que findou sua última existência como vaqueiro no sertão de Minas Gerais: "Josué nasceu em Volta Grande, no estado de Minas Gerais, no ano de 1986. Na época, o município era apenas uma vila com o nome de Além Paraíba. Seus pais trabalhavam em uma fazenda de gado e desde o seu nascimento ele foi muito festejado. O Senhor da Fazenda, que não tinha filhos homens, conheceu o menino e apadrinhou ele. Pediu permissão aos pais para criá-lo como seu protegido. E assim foi que Josué cresceu na sede da fazenda, cercado de atenção pelo patrão e tornando-se seu braço direito em todos os afazeres.
Ao tornar-se jovem já era o condutor do gado da fazenda e o responsável pelos negócios do patrão. Visitava seus pais quando podia, mas vivia bastante afastado deles. Josué também aprendeu a manejar armas e se tornou um jagunço implacável nas cobranças das dívidas da fazenda. Seus pais temiam pelo seu futuro, pois ele era odiado pelos demais fazendeiros e condutores de gado.
Josué apaixonou-se pela filha mais nova de um capataz da fazenda, de nome Maria Mercedes; mais conhecida por Mercedita. Casou-se com ela e teve três filhos. Porém, Maria Mercedes não resistiu ao parto do terceiro filho e morreu ao dar a luz. Josué, que já era impiedoso, tornou-se mais carrasco. Abandonou seus filhos aos cuidados dos avós e decidiu sumir pelo mundo. Sentiu-se perdido com a morte de esposa e sua solidão aumentou. Mercedita estava conseguindo torná-lo um homem melhor...
Quando saiu de Além Paraíba, Josué andou em direção ao norte de Minas Gerais, quase na divisa com o estado de Bahia e Goiás. Conseguiu emprego de vaquejador e conduzia o gado de uma fazenda até outra, nas proximidades das Serras de Janaúba e Januária. Ficou dez anos nessa lida. Costumava parar com o gado a beira do Rio São Francisco e demais rios da região. Andava muito também pelas cercanias de Pedras de Maria Cruz. Descansava embaixo de alguma árvore pelo caminho, fumava seu cigarro de palha e tocava sua gaita de sopro. Muitas vezes parecia sentir a presença de Mercedita lhe aconselhando. Uma vez por ano visitava seus filhos e lhes enviava dinheiro constantemente. Seus pais já estavam bem idosos, mas ele ainda os visitou algumas vezes. Seu antigo patrão já havia falecido e quem cuidava da fazenda agora era um de seus genros.
Nesse tempo Josué tornou-se uma pessoa melhor e até reaprendeu a rezar. A viagem com o gado mudou para os arredores do Povoado Espírito Santo da Forquilha, hoje conhecida como Delfinópolis, localizada mais ao sul de Minas Gerais. Uma terra de muitos rios, cachoeiras  e vales. Josué gostava de apreciar as paisagens dos vales e serras: Serra do Caminho do Céu, Serra Preta, Serra Branca, Serra do Cemitério e Serra da Santa Maria de Pedras. Em suas paradas, mantinha o mesmo costume: deitava embaixo de uma árvore, descansava, pitava seu cigarro e tocava sua gaita.
Josué já estava há dois anos nessa região e em uma de suas paradas, amarrou o cavalo em sua bota embaixo da mesma árvore, para que pastasse junto a sombra e puxou um cochilo. Passado alguns minutos ouviu disparos de espingarda e conseguiu ver assaltantes de gado encurralando suas reses. O cavalo assustou-se e saiu em disparada, levando Josué preso ao estribo. Ele tentou pegar seu canivete para cortar a corda, mas não o alcançou. O cavalo arrastou-o por um longo tempo e Josué bateu com a cabeça em uma pedra, falecendo, assim, instantaneamente.
Os ladrões o encontraram e o sepultaram a beira do caminho, próximo ao rio, pois não eram matadores, apenas roubavam. Onde Josué foi enterrado era possível visualizar o Grupo de Pedras Pretas do Vale. Essa região era conhecida como Serra Preta. Foi assim que ele assumiu o nome de Boiadeiro Serra Preta de Minas Gerais.
Após sua morte, Josué foi recolhido ao Reino de Aruanda, onde estudou, melhorou e passou a atuar na Falange dos Boiadeiros, Vaqueiros e Cangaceiros. Hoje ele trabalha nas Linhas de Ogun e Oxóssi, auxiliando veterinários, técnicos em agropecuária e todos aqueles que cuidam dos animais."

Cacique Cobra Preta

O Mensageiro de Omulu...

Esse Caboclo, que atua na Linha das Almas, foi um Inca que viveu no século XV, na região onde hoje se encontra a cidade de Lima no Peru. O Império Inca era dividido em quatro partes, chamados Suyus. Ele pertencia ao Império Chinchaisuyo, localizado ao Norte. E ainda haviam os Suyus: Kollasuyu, Antisuyu e Kuntinsuyu. Cada Suyu era comandado por um governador, o Tukriquq (ou Apus). Os Suyus se dividiam em regiões (aldeias), que eram comandadas pelos "Kurakas" - uma espécie de Cacique - que se dirigia ao Tukriquq. O Império Inca (chamado na época de Tawantisuyu) era governado por Pachukuti, imperador Inca, que inicou a expansão do Reino e sua divisão em suyus. O governo se concentrava no Templo do Sol (Koricancha) na cidade de Cuzco, considerada a capital do Império e o umbigo do Império Inca. 
Alchuapa, esse era seu nome, pertencia ao Clã das Serpentes Negras e como todo iniciado em xamanismo, mantinha contato com toda espécie de animais peçonhentos durante a iniciação. Podia ficar dias sem comer ou beber e mesmo assim sobreviver incólume. Sua força estava em contactar as cobras negras da região: muçuranas, caninanas e sucuris escuras. Elas se enrodilhavam em seu corpo enquanto entrava em transe, depois de beber o preparado de ervas do ritual xamânico. Ele assumiu como Kuraka uma das aldeias do Suyu norte, após terminar sua formação como xamã e governou até o ínicio do século XVI, quando os espanhóis iniciaram sua invasão. Então, muitas batalhas foram travadas, muitos Apus foram mortos e Alchuapa terminou sua jornada como inca nesta terra.
Alchuapa peregrinou como espírito por toda a América do Sul e viu muitas tribos diferentes e muitos homens de outras nações. Assistiu muitas batalhas e muitas mortes. Muitas transformações aconteceram em suas terras. Quando ele viu o negro chegar ao Brasil para ser escravizado, admirou sua cor de pele, pois era negra como as serpentes que ele conhecia. Alchuapa acompanhou a tudo como espírito e percebeu a força dessa raça, parecida com a sua em determinação. Foi nesse momento que um Ser muito iluminado e de aspecto bondoso se aproximou dele e lhe ofereceu amparo. Alchuapa pensou se tratar de um de seus deuses da tradição Inca, mas o ser lhe disse que veio de outra terra, chamada África.
Alchuapa perguntou quem era ele e o que ele comandava e Ele respondeu:
" - Eu sou o Senhor da Morte! Chamam-me de Omulu!"
- O que o senhor faz nesta terra?
" - Trago uma nova crença ao homem e conforto aos filhos da Terra. Venho com outros como eu e nos chamam de Orixás."
- O senhor também exige sacrifícios?
" - Não, meu filho, apenas recolho as almas e encaminho a uma nova morada..."
- E que morada é essa?
"-É Aruanda, meu filho!"
- Existem outros como o senhor?
" - Existem... E há um que é o maior entre todos e que ensina o amor ao próximo. Seu nome é Oxalá e Ele atua na vibração do amor do Criador de Tudo Aquilo que existe. Eu trabalho para Ele. Venha trabalhar comigo meu filho e eu te ensinarei tudo isso..."
Alchuapa pensou por um momento... Seu espírito estava cansado de peregrinar e ele queria encontrar um caminho que lhe ajudasse a compreender tudo o que lhe havia acontecido. Então respondeu: Sim, eu irei... E foi assim que Alchuapa iniciou sua jornada espiritual como "Cacique Cobra Preta".
 

Curumim Cunhataã

O pequeno cacique da Jurema!

Cunhataã nasceu no alto do Rio Araguaia, na Tribo dos Tapirapé. Ele era um indiozinho alegre e destemido. Sua aldeia estava sempre em pé de guerra com seus vizinhos da Tribo Karajá. O Cacique, pai de Cunhataã, tentava apaziguar a situação, mas eram constantemente atacados e saqueados. Quando Cunhataã contava com 6 anos de idade, sua Tribo sofreu um ataque surpresa dos Karajá... Os homens se empenharam no combate, mas mulheres e crianças da tribo foram sequestrados. A intenção dos índios Karajá era a de expandir sua tribo e fortalecer sua raça.
Curumim Cunhataã foi levado com sua mãe para a Tribo do inimigo e obrigado a conviver com eles. O indiozinho combinou com outros indiozinhos uma fuga para retornar a sua aldeia e buscar ajuda, mas foi surpreendido em seu intento. Mesmo assim conseguiu fugir dos seus captores e se embrenhar na Mata Atlântica. Tentou por dias localizar sua aldeia, mas quando a encontrou percebeu que estava destruída e que os demais índios haviam se mudado. Eles estavam tentando se reconstruir para resgatar suas mulheres e crianças.
Cunhataã estava cansado, ferido e faminto. Voltou para onde estava, mas chegou cambaleante e doente. O chefe dos Karajá reconheceu que o menino era um índio forte e merecia ser bem tratado. O pajé buscou salvá-lo, mas a doença tomou conta de seu corpo infantil. Em poucos dias Cunhataã morreu deixando sua mãe e seus amigos tristes. Seu nome nunca mais foi esquecido, pois diziam:"- Morreu um pequeno grande guerreiro!"
Os Tapirapé reconstruiram suas aldeias em outras localizações. Uma parte da tribo rumou para a Ilha do Bananal e a outra para a Serra do Urubu Branco. Alguns, ainda, foram em direção à Mata Amazônica e se misturaram às outras tribos. Os Karajá miscigenaram sua raça com as mulheres e crianças Tapirapé. Inclusive, os Kayapó invadiram as aldeias dos Tapirapé. Enfim, uma das maiores raças indígenas do solo brasileiro, sofreu muitas perdas após vários ataques, reduzindo drasticamente sua população.

Indiazinha Ceci

Uma curuminzinha da Amazônia.

Muitos Erês, assim como os caboclos, pretos-velhos e exus, possuem suas histórias de vida. Alguns desses Erês "encantaram-se" como muitas entidades conhecidas na Umbanda. Essa é a história de curuminzinha encantada, que após sua morte costumava visitar sua tribo e curar as crianças doentes.
Ceci nasceu na Tribo dos Aruaque, no meio da Floresta Amazônica. Ela havia completado 6 anos na época. Era uma indiazinha feliz, que passava os dias brincando com os animais pacíficos da floresta, como os saguis, tatus, porquinhos e outros. Quando a floresta foi invadida em busca dos seringais, sua tribo tentou lutar contra a invasão, mas, por fim, mudou-se, para evitar atritos com o homem branco. Devido a mudança, os índios enfrentaram dificuldades para encontrar um novo local e se readaptar. A floresta era extensa, mas tinha seus perigos.
Ceci e os demais índios estavam tristes por deixarem para trás muitas coisas. No caminho para a nova aldeia, Ceci se distraiu com os bichos e não percebeu a aproximação de uma cobra venenosa. Ela foi socorrida e fizeram todo o possível para salvá-la, mas o veneno espalhou-se rapidamente. Depois de horas ardendo em febre, Ceci desencarnou, para tristeza de seus pais. A mudança não levou apenas suas ocas, mas a vida de Ceci. Tempos depois, sempre que uma criança ficava doente na tribo alguém via Ceci correndo ao redor da criança. E, milagrosamente, no dia seguinte, a criança amanhecia curada.

Margaridinha

A Florzinha das Matas!

Margarida nasceu na tribo dos Guajiras no final do século XV, na península que hoje recebe esse nome, na atual Venezuela. Ela adorava correr atrás de borboletas e colher flores na mata, enquanto seus pais trabalhavam na pesca, no pastorio e na agricultura. Ela era uma menina alegre, que gostava de presentear flores a todos para deixá-los felizes. Então, alguns lhe chamavam "Florzinha" em sua língua nativa e outros lhe chamavam "Margaridinha", pois era a flor que mais crescia na região.
Florzinha ou Margaridinha, viveu até os oito anos. Em uma de suas correrias atrás de flores e borboletas, a menina caiu e se machucou em um cipó com espinhos. As feridas infeccionaram e a febre aumentou... E os pais não conseguiram curá-la com os recursos da época. Antes de morrer, a menina disse a todos: "- Não se preocupem, eu estou bem. Para onde eu vou têm muitas flores!" E se foi, para a tristeza de todos. Pouco tempo depois, no local onde ela foi enterrada cresceram muitas margaridas, de várias cores. E sempre que alguém estava triste, sentia-se o perfume de flores no ar: era a Florzinha Margarida alegrando novamente!

Tiãzinho

O pequeno boiadeiro...

Sebastião nasceu na fazenda Boa Esperança, em Minas Gerais, no final do século XVIII. Seus pais eram crioulos que já nasceram escravos. Tiãozinho, como era conhecido, desde cedo ajudava na lida com o gado e com os cavalos. Era um serviço que ele tinha prazer em realizar. Tião só não gostava de ver os maus tratos, então sempre que podia evitava expor os animais ao sofrimento. Se ele era castigado por conta disso, não se importava, contanto que pudesse livrar os animais das chibatadas.
Tião estava com dez anos quando uma remessa de cavalos puro sangue chegou à fazenda. Um dos cavalos estava arredio e não aceitava a aproximação de ninguém. O adestrador espancava o animal, mas de nada adiantava. Quanto mais ele batia, mais o animal se rebelava. Tião sentia a dor do animal. Então, enquanto todos dormiam, reuniu os cavalos e saiu em fuga com eles. O capataz ao ouvir o tropéu dos cavalos, reuniu os jagunços e saiu em perseguição. Pensaram tratar-se de roubo e saíram atirando nos fujões. Atiraram contra Tião e atingiram-no em cheio nas costas. Ele ainda conseguiu abrir a porteira para que os cavalos fugissem, mas morreu ali mesmo. Seus pais nem puderam lamentar o ocorrido, pois foram castigados por conta dele e vendidos para outra fazenda.
Com o passar dos anos, sempre que um animal era maltratado na fazenda, alguém ouvia um assobio e o animal saía em disparada, pulando cercas e sumindo no meio das matas. Então a lenda cresceu e diziam que um menino negro montado em um cavalo atiçava os animais para eles fugirem.

sexta-feira, 23 de março de 2018

Indiazinha Indaiatuba

A mensageira dos ventos!

O nome "Indaiatuba" vem da língua tupi-guarani: indaiá (um tipo de palmeira) e tuba(grande quantidade, ajuntamento). Portanto, Indaiatuba significa Muitas Palmeiras ou Diversos Cocais! A região de Indaiatuba, no estado de São Paulo, já era habitada desde o século XII por povos indígenas tupis-guaranis, que cultivavam palmeiras, batata-doce, mandioca, milho, amendoim, feijão, entre outras culturas. Mas, a partir da segunda metade do século XVIII, a região começou a ser ocupada por fazendas de cana-de-açúcar.
A Indiazinha Indaiatuba nasceu na Tribo dos Tupiniquins, no interior do estado de São Paulo. Era uma menina feliz com seu povo. Gostava de brincar com os bichos, de passear na floresta e de ajudar a mãe em seus afazeres. Vivia a correr pela tribo e a brincar com todos que trabalhavam. Ora ajudava um em seus afazeres, ora ajudava outro. Ela também gostava de assoprar as folhas que se ajuntavam no chão só para vê-las voar. Ou então, pegava as penas das aves e brincava com elas, deixando-as cair para rodopiarem no ar.
Indaiatuba era a alegria da aldeia indígena e do Povo Tupiniquim. Mas, como nem tudo dura para sempre... Um dia, a indiazinha embrenhou-se nas matas para buscar flores, passarinhos e outros mimos de suas brincadeiras. Como ela demorava a voltar, saíram a sua procura e encontraram-na caída ardendo em febre. Levaram-na a oca do pajé que tudo fez para socorrê-la. Eles, porém não sabiam o que havia acontecido, pois ela não apresentava sinal de picada de bicho ou algo parecido.
Três dias se passaram com a Indiazinha Indaiatuba a agonizar em seu leito, quando, por fim, exalou seu último suspiro... Foi uma comoção total na Aldeia, pois todos eram afeiçoados à menina. Muitos choraram dias, mas entenderam que Tupã a quis para si, tamanha era a sua generosidade. Meses após seu desencarne, muitas índias começaram a observar na tribo alguns sinais de Indaiatuba: folhas a voarem pelo ar, penas a rodopiarem ao vento e um perfume de flores a invadir a Aldeia. Então, elas exclamaram: "Indaiatuba está nos visitando!" E o povo entendeu que a menina era um espírito bom que agora habitava os Céus de Tupã.

Chefe Manitoba

Um Cacique que tentou preservar sua raça.

A palavra Manitoba vem das palavras algonquinas "manito" e "waba" que significam, respectivamente: Grande Espírito e estreito. Os nativos americanos que viviam na região do Lago Winnipeg, acreditavam que os sons vindos do vale estreito próximo ao Lago, eram emitidos por "Grandes Espíritos" antigos. Mas, atualmente, sabem-se que são ecos.
Toda a região de Manitoba é abundante em rios e lagos. É uma das dez províncias do Canadá, coberta por enormes planícies com solo próprio para agricultura. A região também possui muitas áreas florestais e depósitos de cobre, zinco e níquel.
Durante o século XIX, Ingleses e Franceses disputaram a posse de terras do Canadá. Manitoba fez parte inicialmente de um gigantesco território conhecido como "Terra de Rupert", administrada pela Companhia Inglesa da Baía de Hudson. Mas, algumas regiões de Manitoba também foram colonizadas pelos Franceses.
Em 15 de maio de 1870, após a Rebelião de Red River (Rio Vermelho), o governo Canadense elevou a região sul do atual Manitoba à categoria de Província - isso equivalia a apenas 5,6% de seu tamanho atual. Sua extensão territorial cresceu gradualmente até 1912.
Foi nesse cenário que o Cacique Manitoba viu sua terras e tribos serem dizimadas e aos poucos colonizadas pelo homem estrangeiro. Ele viveu 112 anos sobre as Terras Canadenses e pode ver muita coisa com seus próprios olhos.
O Rio Vermelho tornou-se Rio de Sangue muitas vezes, pelas mortes que assistiu e pelos corpos que recebeu em seu leito. As terras de Manitoba presenciaram muitas transformações. Mesmo assim, o Cacique tentou manter a cultura e a tradição de seu povo intactos após a colonização.
Foi difícil... Nessa época, ele sentiu-se "pequeno", como o estreito do Lago Winnipeg; porém, em outros momentos, sentia a força do "Grande Espírito" a lhe sustentar. E assim, aguentou o quanto pode para preservar seu povo e sua raça.
Antes de exalar o último suspiro fez um pedido a seu neto Kanna Kanna (Dois Caminhos): "Meu filho, não deixe morrer nossa tradição ou nossos costumes. Preserve-os a todo custo, para que um dia o homem branco possa conhecer a sua origem..."
Hoje em dia, Ele trabalha como Mensageiro Espiritual na Falange do Povo do Oriente, sob o comando de Xangô. Ele exerce maior domínio quando atua na Linha de Oxalá e na Linha das Águas, ao harmonizar e fluidificar o ambiente.

Xamã Vermelho - Red Shaman - Pupa Shaman

Pupa" realiza seu trabalho nas Falanges Orientais de Cura em toda a Umbanda Sagrada, sob as ordens das Linhas de Iansã e Xangô. Ele nasceu nas Planícies Geladas, que ficam próximo às Montanhas Rochosas ao dos Estados Unidos, entre os estados de Montana e Wyoming. Ele pertencia ao Povo Cree, da Tribo Assiniboine (Ojíbua).
Ele conta que, desde a última grande Era Glacial, muitos povos começaram a habitar as Montanhas Rochosas, como os: apache, arapaho, crow, cheyenne, sioux, ute, kutenai, entre outros. Eles viviam nas planícies durante as estações do outono e inverno, onde caçavam bisões (búfalos-americanos). E nas estações mais quentes (primavera e verão), viviam entre as Montanhas onde pescavam peixes, caçavam alces e colhiam raízes e frutos.
Por causa da Guerra do Ouro, as histórias dos estados de Oregon, de Wyoming, de Montana e de Idaho se confundem. A palavra "Wyoming" na língua indígena significa Terra de Vastas Planícies e "Montana" deriva de Montanha mesmo. Oregon deriva de uma frase: "Caminho do Ouro" - para a qual não há tradução literal: ore go on (minério de continuar). Idaho possui um cognome: Gem State - "Estado da Jóia.
Mas, voltando a história de Pupa... Ele viveu entre os séculos XVII e XVIII, quando o homem branco tentava conquistar o território norte-americano. Os nativos das Montanhas Rochosas ainda estavam protegidos pela região desconhecida e pouco desbravada. Mas, quando os brancos começaram a chegar, pareciam "possuídos" por espíritos maus, pois seu único intuito era matar e conquistar.
Por conta de tanto ódio e sede de conquista por parte dos europeus, os nativos escondiam-se cada vez mais entre as montanhas e o frio. Pupa havia sido preparado desde adolescente para sua tarefa de líder religioso da tribo, então sabia realizar todas as curas necessárias para seu povo. Todos o respeitavam por seus ensinamentos. Ele aconselhou sua tribo a manter-se escondida nas montanhas e evitar o confronto com o branco. Disse que o homem branco já trazia o ódio dentro de si.
Quando Pupa estava idoso e preparava-se para deixar o mundo dos vivos, chamou seu sucessor e disse-lhe: "Prepara-te para a grande mudança da terra. O homem branco a tudo transformará e nossa nação nunca mais será a mesma. Preserva nossa gente e nossos costumes, para que o Grande Espírito mantenha nossos descendentes sobre essa terra."

Cabocla Jupissiara

Uma selvagem que se tornou cristã!

Essa índia nasceu onde hoje se localiza a Baía de Guanabara, entre os índios Tupinambás. Conheceu o Padre José de Anchieta e se converteu ao Cristianismo. Não deixou de ser índia ou de acreditar em seus deuses e encantados da natureza. Apenas passou a ver as coisas de uma forma diferente. Entendeu que todos os homens da terra possuem proteção e que nada na vida de uma pessoa acontece ao acaso. Compreendeu que Tupã e Deus eram a mesma pessoa. Amou Jesus e Maria tanto quanto Jaci e Guaraci. Quando os Tupinambás foram abatidos em combate, os poucos índios que restaram foram catequisados e passaram a trabalhar com os jesuítas para evitar mais ataques dos brancos.
Jupissiara passou a viver na terras do Espírito Santo junto ao Colégio Jesuíta, auxiliando a catequizar outros índios e evitar o extermínio da raça pelo homem branco. Apegou-se ao Padre José de Anchieta por perceber seu carinho com sua raça e percebeu seu empenho em aprender sua língua nativa e seus costumes. José de Anchieta passou a ser respeitado pelos índios que o chamavam de "O Grande Feiticeiro". Ele intermediou muitas negociações entre os portugueses e os índios e evitou muitas mortes.
Jupissiara não casou, não teve filhos, apenas viveu sua missão e auxiliou a preservar sua raça. Auxiliou o quanto pode os jesuítas e os índios, para evitar os confrontos com os conquistadores. Entendeu que essa terra não pertencia mais ao índio, pois a força  do homem estrangeiro era maior e mais devastadora. Aprendeu a rezar aos deusescristãos pedindo piedade para sua raça e clamava a Tupã por suas origens. Assim, ela viveu até os 35 anos, quando foi acometida por uma doença respiratória e morreu.

Cabocla Sete Saias da Jurema

Uma índia - muitas histórias!

Antes de ser aconselhado a escrever essa postagem, eu nem sabia da existência dessa entidade. Quando ouvi seu nome pesquisei e nada encontrei. Ela me procurou e contou sua história e me explicou porque se chama "Sete Saias da Jurema" sendo ela uma Cabocla.
Ela era uma índia Puri, que nasceu em 1537, no Brasil Central, entre o Planalto Central e a Serra da Mantiqueira. O local de seu nascimento ainda era preservado dos olhos dos bandeirantes, até o ano de 1550, quando ela contava então com 13 anos de idade. Seu avô era o Cacique da Tribo e seu pai era um grande guerreiro. Ela tornou-se moça e foi prometida em casamento ao filho do primo de seu pai, de uma tribo vizinha. Seu nome era Jaci, como a Lua e seu noivo se chamava Guaraci, como o Sol. Mas, os dois quase não podiam se ver, então os demais índios brincavam; "Como o sol e a lua eles não podem se encontrar..." E saíam rindo e fazendo graça. Jaci não ligava para as brincadeiras, até gostava...
Ela era uma moça que se divertia ao tomar banho nas cachoeiras e rios da região. Adorava subir as montanhas e cantar para o vento. Ou subia nas árvores mais altas e se comunicava com os pássaros e animais das florestas. Assim passava seus dias, fazendo aquilo que mais gostava: viver em meio a natureza. Também auxiliava os afazeres da tribo e participava de todos os rituais em que eram permitida a participação das mulheres.
Com a chegada dos primeiros bandeirantes em busca de jazidas de pedras preciosas, os embates com os índios começaram a ser travados. Quando o homem branco chegou a região onde se localizava sua tribo, Jaci estava em uma árvore observando e, quando percebeu, o ataque já havia começado. Sua tribo estava despreparada, mas lutou bravamente. Muitos morreram e muitos foram aprisionados. Ela foi levada junto com os outros índios que foram escravizados, para auxiliar na extração de Pau-Brasil e pedras preciosas. Jaci ainda viu sua mãe uma última vez. Seu pai, seu noivo e a maioria dos homens guerreiros das duas tribos foram mortos em combate. Amarrada, junto aos outros de sua tribo, Jaci chegou ao litoral e percebeu que sua terra não era mais a mesma.
Os homens que trabalhavam nas embarcações eram rudes e sedentos de desejo e ao avistar as mulheres indígenas nuas, jogavam-se em cima delas, possuindo-as a força. Essa parte da história, muitos tentam esquecer, mas Jaci nunca esqueceu, pois foi assim que deixou de ser virgem: forçada por um tripulante de um dos navios. Ainda tentou se debater, mas nada conseguiu, a não ser atiçar ainda mais o desejo do homem. Depois de ser usada, Jaci chorou muito, pois não sabia porque Tupã permitia tudo isso... Ela conseguiu perceber que sua Terra estava sendo saqueada e que seus tesourou estavam sendo roubados. Foram obrigados a trabalhar todos os dias em troca da vida. Alguns tentavam fugir e eram mortos. Outros se matavam, atirando-se ao mar. Jaci implorava a Tupã, Mboi e a Mãe Iara, que tivessem misericórdia e abrandassem o coração daqueles homens sem escrúpulos.
Jaci sempre carregava consigo sete penas de cores diferentes, das aves da floresta - recordação de sua tribo e sua terra. Ela teceu um saiote com folhas secas e colocou as penas ao redor, para recordar sua vida perdida. As penas lhe pareciam muitas saias a lhe proteger dos olhos do homem branco. Um ano após sua captura, Jaci ficou doente (doença de homem branco) e sua doença não teve cura. Assim como outras índias, foi largada à míngua para morrer, pois não servia mais aos interesses dos conquistadores. Triste, ela percebeu sua raça sendo subjugada e aniquilada pelos interesses daqueles homens. Quando cerrou os olhos, duas lágrimas verteram por sua terra e sua gente. Assim, morreu Jaci. Assim nasceu a Cabocla Sete Saias da Jurema!

Uma Cabocla da Lua e uma Cabocla do Sol

As preferidas de M'Boi...
A Cabocla da Lua pode atuar nas 4 fases da lua. Cada fase da lua indica a influência de uma Mãe:  Iemanjá, Yansã, Nanã e Oxum. Assim, ela pode se apresentar como Cabocla da Lua Nova, Cabocla da Lua Crescente, Cabocla da Lua Minguante e Cabocla da Lua Cheia. A Cabocla da Lua que contaremos a história a seguir, não pertence a essa Seara. Ela nos procurou e pediu para relatarmos uma de suas existências.
O Umbandista acredita em Deus (Zambi), em Jesus (Oxalá) e nos demais Santos, Profetas e Anjos. Ele também acredita na Reencarnação e por conta disso sabe que todos os espíritos possuem mais de uma existência. Portanto, quando uma Entidade  relata a história de uma vida, não significa que tenha sido sua "única" vida.
A Cabocla da Lua que nos procurou, contou que em uma de suas existências como índia, não nasceu sozinha. Sua mãe teve gêmeos e junto com ela nasceu uma irmã. Ela nasceu durante a madrugada, enquanto a luz da lua cheia clareava as matas. Sua irmã nasceu ao clarear do dia, quando o sol raiava e sua luz cobria a aldeia. Por isso, sua mãe lhe chamou de Jaciíra, que significa "Filha da Lua" e sua irmã recebeu o nome de Guaraciíra, "Filha do Sol".
As duas irmãs eram muito apegadas, mas muito diferentes também. Enquanto Jaciíra não temia nenhum perigo, Guaraciíra era mais cautelosa com as coisas. Mesmo assim, as duas dividiam todas as tarefas e brincadeiras e se divertiam muito. Assim, elas cresceram e tornaram-se duas lindas moças, cada uma com sua beleza e com seu talento. Elas eram queridas por toda a tribo e disputadas pelos guerreiros que queriam casar.
Mas, um dia, M'Boi exigiu uma oferta, pois o Homem Branco estava preparado para atacar a aldeia e a defesa estava em baixa... Ele exigiu as duas indiazinhas. A Aldeia ficou em polvorosa e não sabia o que fazer; eles não podiam descumprir uma ordem tão sagrada. Então, todos se reuniram: o Cacique, o Pajé e todos os índios mais velhos. Entraram em um consenso que Guaraciíra e Jaciíra deveriam cumprir seu papel para salvar a tribo.
Alguns índios não aceitaram a imposição: os pais das irmãs e os índios apaixonados por elas...  As duas irmãs não relutaram e aceitaram seu destino. E, no dia marcado, as duas entraram no barco que desceria o rio, para cumprir a tarefa que lhes foi reservada. Ao chegar ao local onde M'Boi morava elas esperaram...
Enquanto isso, na aldeia, houve uma revolta por conta de alguns índios e isso enfraqueceu a tribo. Durante a madrugada aconteceu o ataque dos brancos, que encontraram poucos guerreiros e nenhuma resistência na luta. Mas, durante a batalha, ocorreu um fato que ninguém ousaria contar... O próprio M'Boi baixou na Aldeia e atacou os homens brancos! Aqueles que sobreviveram fugiram assustados. Então, ao final da batalha M'Boi retirou-se, pois os índios haviam cumprido sua promessa.
As duas irmãs ficaram no barco três noite e três dias esperando e esperando... Elas acharam que M'Boi havia rejeitado a oferta por causa da demora da tribo. Quando porém estavam para voltar para a Aldeia, M'boi apareceu, envolveu-as e arrebatou-as e levou-as  sobre as águas. As duas irmãs se abraçaram e aguardaram... Quando abriram os olhos estavam no meio da aldeia. M'Boi olhou-as e retirou-se, deixando-as ali entre seu povo.
No dia seguinte, a história das duas índias que foram abençoadas por M'Boi correu por todas as tribos! A vitória da batalha graças a intervenção do Grande M'Boi foi celebrada por todos. Jaciíra e Guaraciíra casaram no mesmo dia. Elas tiveram muitos filhos, que tiveram outros filhos que cresceram e construíram uma Nação: os Jês. Durante os anos seguintes, elas contaram para os filhos e para os netos a aventura que viveram.