quarta-feira, 11 de março de 2020

Lenda da vitória-régia

Lenda da vitória-régia

lenda da vitória-régia é uma lenda brasileira de origem indígena tupi-guarani. Ela explica a origem da planta aquática que é símbolo da Amazônia.[1]

A lenda[editar | editar código-fonte]

Há muitos anos, em uma tribo indígena, contava-se que a lua (Jaci, para os índios) era uma deusa que ao despontar a noite, beijava e enchia de luz os rostos das mais belas virgens índias da aldeia: as cunhantãs-moças. Sempre que ela se escondia atrás das montanhas, levava para si as moças de sua preferência e as transformava em estrelas no firmamento.[2]
Uma linda jovem virgem da tribo, a guerreira Naiá, vivia sonhando com este encontro e mal podia esperar pelo grande dia em que seria chamada por Jaci. Os anciãos da tribo alertavam Naiá: depois de seu encontro com a sedutora deusa, as moças perdiam seu sangue e sua carne, tornando-se luz - viravam as estrelas do céu. Mas quem a impediria? Naiá queria muito ser levada pela lua. À noite, perambulava pelas montanhas atrás dela, sem nunca alcançá-la. Todas as noites eram assim, e a jovem índia definhava, sonhando com o encontro, sem desistir. Não comia e nem bebia nada. Tão obcecada ficou que não havia pajé que lhe desse jeito.
Um dia, tendo parado para descansar à beira de um lago, viu em sua superfície a imagem da deusa amada: a lua refletida em suas águas. Cega pelo seu sonho, lançou-se ao fundo e se afogou. A lua, compadecida, quis recompensar o sacrifício da bela jovem índia, e resolveu transformá-la em uma estrela diferente de todas aquelas que brilham no céu. Transformou-a então numa "Estrela das Águas", única e perfeita, que é a planta vitória-régia. Assim, nasceu uma linda planta cujas flores perfumadas e brancas só abrem à noite, e ao nascer do sol ficam rosadas.

Quarup

Quarup

Quarup é um ritual de homenagem aos mortos ilustres celebrado pelos povos indígenas da região do Xingu, no Brasil. O rito é centrado na figura de Mawutzinin, o demiurgo e primeiro homem do mundo da sua mitologia. Em sua origem o Quarup teria sido um rito que objetiva trazer os mortos de novo à vida.

O mito original[editar | editar código-fonte]

Mawutzinin, desejando trazer os mortos de volta, entrou no mato e cortou três troncos de kuarup, levando-os para o centro da aldeia. Ali os pintou e adornou com colares e penas. Mandou que fincassem os troncos no chão, e chamou duas cutias e dois sapos cururu para cantarem com ele, e distribuiu peixes e bijus para o povo comer.
Incrédulos, os índios não cessavam de perguntar se os troncos iriam mesmo virar gente, ao que Mawutzinin respondia que sim, os troncos virariam gente. Então o povo da aldeia começou a se pintar e gritar. Cessada a cantoria, os índios quiseram chorar junto aos kuarup, pois representavam seus mortos, mas Mawutzinin os impediu, dizendo que viveriam, e por isso não podiam ser chorados.
No dia seguinte o povo quis ver os kuarup, mas Mawutzinin não deixou, dizendo que todos deviam esperar a transformação por mais um tempo. À noite os troncos começaram a se mexer, como se o vento os balançasse, e Mawutzinin ainda não permitiu que o povo os visse. Os sapos cururu e as cutias então cantaram para que assim que virassem gente os troncos fossem ao rio se banhar.
Quando o dia clareou a transformação já era evidente: da metade para cima os troncos já tinham forma humana. Os cantos continuavam, e Mawutzinin ordenou que todos os índios se recolhessem para suas ocas e não saíssem. Ao meio-dia a transformação já estava quase completa, e Mawutzinin chamou o povo para que saísse das ocas e fizesse uma grande festa, com gritos de alegria, mas aqueles que tivessem tido relações sexuais durante a noite não tiveram permissão para sair. Apenas um índio foi por isso impedido, mas não aguentando a curiosidade, saiu também, quebrando o encanto, e os kuarup voltaram a ser madeira.
Zangado, Mawutzinin disse que doravante os mortos não reviveriam mais no Quarup, seria apenas uma festa. E mandou que os troncos fossem removidos e lançados na água, ou no meio da mata, e assim foi feito.

O seu ritual[editar | editar código-fonte]

Seja por sua linhagem seja por sua liderança, e é uma grande honra prestada a esta pessoa, colocando-a no mesmo nível dos ancestrais que viveram no tempo em que Mawutzinin andava entre os homens, e incorporando-a à história mítica.
Tipicamente o ritual inicia com a chegada de grupos de índios de outras aldeias, que ocorre em meio a muitas danças. Depois alguns índios vão ao mato e cortam um tronco de kuarup, constroem uma cabana de palha em frente à Casa dos Homens, e sob ela fincam o tronco no chão. A seguir o tronco recebe uma decoração, acompanhada de cantoria que elogia o aspecto formoso do morekwat (chefe) que está sendo,. homenageado, falando com ele como se se tratasse de uma pessoa viva.
Após estes preparativos, chegam os índios restantes, e acomodam-se na periferia da aldeia. Arma-se uma fogueira em frente ao tronco, sucedem-se danças e cantos, e um índio de cada grupo vai ao fogo recolher uma chama para acender as fogueiras dos grupos.
À noite acontece o momento de ressurreição simbólica do chefe homenageado, sendo um momento de grande emoção. Então as carpideiras começam o choro ritual, sem que os cantos em volta sejam interrompidos. Aos primeiros raios do sol do dia seguinte o choro e o canto cessam, os visitantes anunciam sua chegada com gritos, e iniciam competições entre os campeões de cada tribo, seguidas de lutas grupais para os jovens.
Então o morekwat da aldeia que sedia o Quarup se ajoelha diante do morekwat de cada tribo visitante e, em sinal de boas vindas, lhe oferece peixe e biju, que são distribuídos entre os seus.
Terminadas as lutas ocorre um ritual de troca, moitará, onde cada aldeia oferece produtos de sua especialidade. O ritual é encerrado com o tronco sendo lançado às águas.

Moñai

Moñai

Moñai é o terceiro filho de Tau e Kerena e um dos sete monstros lendários, da mitologia guarani.
Moñai possui dois chifres retos que funcionam como antena.
Seus domínios são os campos abertos. Ele pode escalar árvores com facilidade e deslizar para baixo para caçar os pássaros a quem ele se alimenta e domina com o poder hipnótico de suas antenas. Devido a isso ele é chamado o senhor do ar.
Moñai gosta de roubar e esconder o produto de seus crimes em uma caverna. Suas incursões contínuas roubando e nas aldeias provocou grande discórdia entre o povo como todos eles acusam-se mutuamente para a roubos e misterioso "desaparecimento" dos seus pertences.
Os habitantes da cidade se juntaram para pôr fim às ações Moñai e de seus irmãos. A bela Porâsý ofereceu-se para realizar esta missão. Ela convenceu Moñai que estava apaixonada por ele, e que antes de se celebrar o casamento ela queria conhecer os irmãos dele.
Moñai a deixou sob os cuidados de Teju Jagua e saiu para buscar o resto de seus irmãos: Mboi Tu'iJaci JaterêKurupiLuison e Ao Ao. Quando ele finalmente trouxe todos eles, começaram os rituais de casamento. Os irmãos estavam completamente embriagados. Foi nesse momento que Porâsý tentou fugir da caverna, que era fechada por uma pedra enorme.
Moñai a impediu de sair e a jogou de volta para a caverna. Porâsý gritou para alarmar as pessoas que estavam esperando lá fora. Sabendo que não conseguiria sair, ela ordenou que as pessoas queimassem a caverna, mesmo com ela dentro.
Em troca do sacrifício de Porâsý, os deuses elevaram sua alma e a transformaram em um pequeno, mas intenso, ponto de luz: a Estrela d'Alva. Desde então, os deuses destinaram o espírito de Porâsý a acender a luz da aurora

Jaci Jaterê (também grafado como Jasy Jatere em Guarani e Yasy Yateré em espanhol)

Jaci Jaterê (também grafado como Jasy Jatere em Guarani e Yasy Yateré em espanhol)

Jaci Jaterê (também grafado como Jasy Jatere em Guarani e Yasy Yateré em espanhol) é o nome de uma importante figura da Mitologia guarani. Um dos sete filhos de Tau e Kerana, as lendas de Yacy Yateré são das mais importantes da cultura das populações que falam o idioma Guarani, na América do Sul.
Com um nome que significa literalmente pedaço da Lua, é único dentre os seus irmãos a não possuir uma aparência monstruosa. Usualmente é descrito como um homem de pequena estatura, ou talvez uma criança, aloirado e às vezes com olhos azuis. Tem uma aparência distinta, algumas vezes descrita como bela ou encantadora, e carrega um bastão ou cajado mágico. Como a maioria de seus irmãos, habita na mata, sendo considerado o protetor da erva-mate. Algumas vezes é visto como protetor dos tesouros escondidos.
Jaci Jaterê também é considerado o senhor da sesta, o tradicional descanso ao meio do dia das culturas latino-americanas. De acordo com uma das versões do mito, ele deixa a floresta e percorre as vilas procurando por crianças que nao descansam durante a sesta. Embora seja naturalmente invisível, ele se mostra a essas crianças e aquelas que veem seu cajado caem em transe ou ficam catalépticas. Algumas versões dizem que essas crianças são levadas para um local secreto da floresta, onde brincam ate o fim da sesta, quando recebem um beijo mágico que as devolve a suas camas, sem memória da experiência.
Outras são menos claras, onde as crianças são transformadas em feras ou entregues ao seu irmão Ao Ao, uma criatura canibal que se alimenta delas. Muitas lendas Guarani têm muitas versões por serem apenas orais, mas está claro que a intenção é manter as crianças obedientes e sossegadas durante a sesta.
Como já foi dito, o poder de Jaci Jaterê vem de seu bastão mágico, e se alguém for capaz de tirar seu cajado, ele se atira ao chão e chora como uma criança pequena. Neste estado, se alguém perguntar pelos tesouros escondidos, recebe uma recompensa, lenda semelhante ao Leprechaun ou duende europeu.
Alguns estudos associam o Jaci Jaterê à gênese da lenda do Saci Pererê, que por influências africanas e europeias acabou por se distanciar das características originais.[1]

Referências[editar | editar código-fonte]

Kurupi

Kurupi

Kurupi é um deus mitológico guarani, filho de Tau e Kerana. "Curupira-amarelo", "taiutú-perê", "micuim-cambá", são sinônimos para este homúnculo que habita as florestas densas e que, em noites de lua cheia atormenta a vida dos índios e animais.
Pequeno, de coloração e bochechas rosadas, olhos negros (sem pupilas), dentes pontiagudos e um cabelo despenteado; movimenta-se através de saltos e é muito lento, gordo, feio e bagroso. Alimenta-se de lixo, filhotes de animais recém-nascidos e fezes de cotia, e na mata é reconhecido por seus gritos e gargalhadas malévolos, principalmente de madrugada. Um importante e curioso atributo físico deste pequeno ser encantado consiste em sua barriga em formato triangular.
Muito sagaz e preguiçoso, é zoado e chingado pela comunidade muambeira, pois costuma perseguir e violentar sexualmente indios (homens) e caçadores perdidos na floresta, assim como índias virgens (muito raramente) já que se sabe que na verdade Kurupi é uma pessoa de sexualidade incerta, sendo que, se isto ocorrer em noites de lua nova, segundo a crença, será concebido um ser pequenino e bestial.
Segundo a cultura popular, habita as florestas tropicais, casas de papelão e regiões de baixo custo, como becos e vielas horríveis.

Ao Ao, também grafado como Ahó Ahó

Ao Ao, também grafado como Ahó Ahó

Ao Ao, também grafado como Ahó Ahó, é o nome[1] de uma monstruosa criatura da Mitologia guarani. Um dos filhos de Tau e Kerana, é uma das figuras centrais da mitologia dos povos que falam a língua guarani, localizados no Paraguai, norte da Argentina e sul e oeste do Brasil.
Ao Ao é freqüentemente descrito como sendo uma voraz criatura parecida com um carneiro, com um grande conjunto de presas afiadas [2]. Alternativamente, também é descrito como uma grande queixada carnívora.
O seu nome é derivado do som que faria ao perseguir suas vitimas. Ao Ao teria uma enorme virilidade e por isso é identificado como o principio da fertilidade pelos guaranis. Produziu grande descendência igual a ele, e servem coletivamente como senhores e protetores das colinas e montanhas.
É descrito ainda como sendo canibal devorador de gente. Embora sua descrição física seja claramente não humana, é meio humana por nascimento, então o termo canibal se aplicaria. De acordo com a maioria das versões do mito, quando localiza uma vítima para sua próxima refeição, persegue o infeliz humano por qualquer distância ou em qualquer território, não parando até conseguir sua refeição.
Se a presa tentar escapar subindo em uma árvore, Ao Ao circundará a mesma, uivando incessantemente e cavando as raízes até a árvore cair. De acordo com o mito, a única árvore segura para escapar seria a palmeira, que conteria algum poder contra Ao Ao, e se a vítima conseguisse subir em uma, ele desistiria e sairia em busca de outra refeição. Ao Ao também se alimentaria das crianças desobedientes entregues pelo seu irmão, Jaci Jaterê.

Referências

Mboi Tu'i

Mboi Tu'i

Ele é um dos sete monstros lendários da mitologia Guarani. Ele é o segundo filho de Tau e Kerana.

Aparência[editar | editar código-fonte]

Mboi Tu'i se traduz literalmente como "serpente-papagaio", que descreve a aparência destas criaturas. Mboi Tu'i tem a forma de uma enorme serpente, com uma enorme cabeça e bico de papagaio. Ele também tem uma língua bifurcada vermelho da cor do sangue. Sua pele é escamosa. Penas cobrem a sua cabeça. Possui um par de asas em branco, rubro e preto. Em sua cauda, um artefato metálico com lascas de rubelita a dão continuidade, permitindo o voo e contendo uma enzima que enfraquece seu veneno. Ele tem um olhar prejudicial que traz memórias horrorosas não verdadeiras, além de predições angustiantes a quem se expõe, assustando a todos que tem a má sorte de ser encontrado por ele.

Lenda[editar | editar código-fonte]

Ele patrulha pântanos e protege a vida dos anfíbios. Gosta da umidade e de flores, e solta um poderoso e terrível grito incrível que causa trauma nos órgãos de quem ouve de longe, podendo deslocar o coração e o pulmão para fora de quem ouvir de perto. É considerado o protetor das áreas úmidas e dos animais aquáticos, pois precisa deles para conseguir uma forma física dita superior.

Abaangui

Abaangui

Abaangui é o deus da Lua na mitologia guarani. De acordo com a lenda, Abaangui tinha um nariz enorme, que ele mesmo arrancou e o lançou até o céu, criando dessa forma a Lua.
Em outra versão da lenda, Abaangui tinha dois filhos. Cada um deles atirou uma flecha até o céu, onde se fixaram. Em seguida, cada um atirou uma flecha que entrou na primeira e assim procederam até formar duas correntes que iam do céu até a terra. Por essas correntes, subiram os dois filhos de Abaangui até chegarem ao céu onde ficaram, transformando-se no Sol e na Lua.
Abaangui é descrito como um herói cultural dos guaranis, com seu irmão Zaguaguayu

quarta-feira, 4 de março de 2020

Sumé (também conhecido como Zumé, Pay Sumé ou Tumé

Sumé (também conhecido como ZuméPay Sumé ou Tumé

Sumé (também conhecido como ZuméPay Sumé ou Tumé, entre outros nomes) é a denominação de uma antiga entidade da mitologia dos povos tupis do Brasil cuja descrição variava de tribo para tribo. Tal entidade teria estado entre os índios antes da chegada dos portugueses e ter-lhes-ia transmitido uma série de conhecimentos, como a agricultura, o fogo e a organização social.Nas suas Cartas do Brasil, datadas de 1549, o padre Manuel da Nóbrega descreveu algumas lendas dos índios brasileiros sobre uma entidade denominada Sumé.[2] Tal divindade teria aparecido de forma misteriosa e se tratava de um homem branco, que andava ou flutuava no ar e possuía longos cabelos e barbas brancas.
Sumé começou por ensinar, ao povo da selva, a arte da agricultura e, depois, habilidades como a de transformar mandioca em farinha e alguns espinhos em anzol, além de regras morais.[2] Curava feridas e diversos males sem cobrar nada em troca. Tanta gentileza e poder despertou, sobre si, o ódio dos caciques, culminando com a recepção de Sumé a flechadas numa certa manhã, armas que misteriosamente retornaram e feriram de morte os arqueiros atiradores.[2] Os índios ficaram espantados com a facilidade com que tal forasteiro extraía as flechas e como de seu corpo não escorria sangue algum. Sumé ainda teria andado de costas para o mar até atingir as águas. A divindade teria desaparecido num voo sobre as ondas para nunca mais voltar. Quando Sumé foi embora, teria deixado uma série de rastros gravados numa pedra em algum lugar do interior do Brasil.[2][3]
Sumé teria tido dois únicos filhos, Tamandaré e Ariconte (ou Arikonta),[4] que eram de diferente compleição e natureza e, por isso, um odiava mortalmente o outro.[5]

Sincretismo religioso[editar | editar código-fonte]

Os colonizadores católicos criaram o mito de que Sumé era, de fato, o apóstolo cristão São Tomé, que, segundo a lenda, teria viajado para a Índia para pregar o cristianismo. Entretanto, encontram-se características relativamente parecidas a São Tomé na divindade de Viracocha, entidade cultuada por povos incas exatamente onde termina a trilha de Peabiru.[6] Tal mito existe em parte da América do Sul (BrasilPeru e Paraguai) e foi difundido principalmente por missionários.
Segundo o mito posteriormente contado por jesuítas, Sumé teria sido expulso de Tupinambaene ao ter proibido a poligamia e o canibalismo. A lenda conta que, quando ele foi para o Paraguai, e depois para o Peru, teria aberto um caminho chamado de Peabiru, que se traduz por "Caminho das Montanhas do Sol", embora haja controvérsia com a versão "Caminho ao Peru"). Tal caminho, que ia do litoral de São Paulo até Assunção, cruzando o atual estado do Paraná, teria servido posteriormente aos colonizadores europeus em expedição organizada em 1769 pelo capitão-mor Afonso Botelho de Sampaio e Sousa.

Yaguareté-abá ou Capiango

Yaguareté-abá ou Capiango

Yaguareté-abá ou Capiango é uma criatura da mitologia guarani. A origem do nome está na língua guarani onde "yaguareté" é um dos nomes pelo qual é conhecida a onça pintada; e "abá" ou "avá" significa "homem". Também chamado de Homem-Tigre ou Homem-Leopardo, trata-se de um mito comum do nordeste argentino e do Gran Chaco onde um bruxo se transforma em uma onça pintada (ou yaguareté, no original). A raiz do mito está na adoração que os indígenas tinham por estes animais.
O yaguareté-abá tem uma pequena relação com o lobisomem, já que em ambos os casos, a criatura mitológica é um ser humano que se transforma em uma besta.
A lenda conta que trata-se de bruxos que, mediante o uso de um couro de felinoincenso e penas de galinha, seriam capazes de se transformar em uma criatura metade felino e metade humano. Em uma moita começam a realizar um ritual, andando da esquerda a direita sobre o couro, rezando um credo, enquanto vão mudado de aspecto. Após a transformação, saem para caçar e, após devorada a presa, retornam a sua forma original, realizando o mesmo ritual mas, dessa vez, em sentido inverso, da direita para a esquerda.
Supostamente, as extremidades do corpo do yaguareté-abá correspondem a um ser humano, enquanto que parte de trás é larga e sem pelos. Ele é descrito como um felino de traços comum com uma dimensão maior e um caráter assassino. É dada a ele também a característica da falta de cabelo perto da testa e uma cauda muito curta ou sem cauda. Ele se alimenta de carne humana, mula ou de vaca. Era muito temido já que supostamente roubava as fazendas. Ao morrer o yaguareté-abá volta de imediato à forma humana. Para mata-lo são necessárias balas ou um facão que tenham sido abençoados; em seguida, a criatura deve ser decapitada.

Referências[editar | editar código-fonte]