sexta-feira, 27 de setembro de 2019

Oxóssi

Oxóssi tem origem na mitologia africana, era antepassado africano respeitadíssimo, filho de Yemanjá, irmão de Omulu-Obaluaiê e rei da cidade de Oyó, localizada na África sudanesa - de onde provêm os povos nagô (ketu, Ijexá e Oyó) e Mina-jeje. 

Também é considerado o caçador por excelência. É o Orixá da caça e da fartura. É representado como um arco e flecha. No período da Escravidão, muitos negros que cultuavam Oxóssi não resistirão aos maus tratos, ao cativeiro e ao trafico de escravos, porém seu culto continuou no Brasil  e Oxóssi tornou-se num dos orixás mais populares, tanto no candomblé, onde se tornou o rei da nação Ketu, quanto na Umbanda, onde é patrono da linha dos caboclos, linha importantíssima na Umbanda. 

Ele mora na floresta, sendo simbolizado pela cor verde na umbanda, e recebendo a cor azul clara ou o Prata no candomblé. Sendo assim, roupas, guias e contas costumam ser confeccionadas nessas cores, incluindo, entre as guias e contas, no caso de Oxóssi e, também, seus caboclos, elementos que recordem a floresta, tais como penas e sementes. 

Seus instrumentos de culto são o ofá (arco e flecha), lanças, facas e demais objetos de caça. É um caçador tão habilidoso que costuma ser homenageado como "o caçador de uma flecha só", pois atinge o seu alvo no primeiro e único disparo, devido sua precisão. Conta a lenda que um pássaro maligno ameaçava a sua aldeia e Oxossi era caçador, como outros. Ele só tinha uma flecha para matar o pássaro e não podia errar. Todos os outros já haviam errado o alvo. Ele não errou, e salvou a aldeia. 

Come tudo quanto é caça e o dia consagrado á ele é quinta-feira. Oxóssi representa na Umbanda a expansão dos limites, de sair do campo de conforto e explorar novos ares e idéias, a caça é uma metáfora para o conhecimento, o que levamos da vida. Ao atingir o conhecimento, Oxóssi acerta o seu alvo. 

Por este motivo, é um dos Orixás ligados ao campo do ensino, da cultura, da arte. Nas antigas tribos africanas, cabia ao caçador, que era quem penetrava o mundo afora, a mata, para trazer tanto a caça quanto as folhas medicinais. Além, eram os caçadores que localizavam os locais para onde a tribo poderia futuramente mudar-se, ou fazer uma roça. Assim, o orixá da caça é o responsável pela transmissão de belas descobertas. Oxóssi descobre o novo local, mas são os outros membros da tribo que instalam a tribo no mesmo novo local ou seja, cabe a  Ogum a transformação deste conhecimento em técnica. 

Oxóssi representa a busca pelo conhecimento puro e sem maldade: a ciência, a filosofia. Pode-se pedir auxílio a Oxóssi por qualquer questão importante em qualquer setor da vida, mas os fiéis conhecedores do Orixá costumam orar para solucionar problemas no trabalho e desemprego. Já que, a busca pelo pão de cada dia, significa a alimentação da tribo, responsabilidade dos caçadores. 

Por suas ligações com a floresta, pede-se a cura para determinadas doenças. Oxóssi representa uma das sete forças primordiais de Deus, pertencendo ao pólo positivo das energias espirituais, expandindo, irradiando e revigorando os homens , como uma árvore que troca sua folhagem. Oxóssi possui perfil guerreiro, e envia proteção espiritual e material aos seus filhos. 

Oxóssi na Umbanda é considerado patrono da linha dos caboclos, atuando para o bem-estar físico e espiritual dos seres humanos. Por ser um orixá caçador, logo os negros o associaram a São Jorge, já que este é representado de armadura matando um dragão. Mas é como São Sebastião que Oxóssi é sincretizado. Oxóssi é homenageado em 20 de janeiro. 



CARACTERÍSTICAS DOS FILHOS DE OXÓSSI 


As pessoas consideradas filhas de Oxóssi são alegres, carismáticas, são mais produtivas a noite, como os caçadores. Podem passar horas conversando, são estrategistas e de raciocínio muito rápido. Sabem lutar e alcançar o que almejam, são muito sonhadores mas são pessoas de atitude e concentradas por isso acertam o alvo. Sabem se controlar, mas, quando se zangam, ferem as pessoas com palavras, também certeiras como flechadas. 
Quando amam, não traem, não toleram traição. 
Seu filho pisa macio, cautelosamente, tem o tipo calmo. Possuem gosto refinado, veste-se bem e são muito ligados à Natureza gostam de matas e de animais. O verde, as águas, os bichos, as estrelas, o sol e a lua, são a bússola de sua vida. Não discute a fé. 
Acredita e é fiel seguidor da religião que escolheu. 
Seus filhos têm um lado, amoroso, encantador, preocupado com todos os problemas. Um pelo seu gênio alegre, muito embora com forte tendência à solidão. Incapaz de negar ajuda a alguém, são grandes conselheiros e rápidos para resolver um problema. 
Com respeito à vida familiar, são muito apegados e atenciosos. Diante as dificuldades param um pouco para refletir e até se isolar. A pessoa é carente e também fica lado a lado ajudando alguém. 
Ama a Liberdade acima de tudo. Quando atacado custa revidar. Mais é melhor ninguém estar por perto quando isso acontece, devido á ser muito perigoso se zangado e só vai parar quando "derrubar o pássaro maligno". É, neste particular, ladino como os índios.

Os filhos de Oxóssi são pessoas de aparência calma, que podem manter a mesma expressão quando alegres ou aborrecidas, do tipo que não exterioriza as suas emoções, mas não são, de forma alguma, pessoas insensíveis, só preferem guardar os sentimentos para si.
São pessoas que podem parecer arrogantes e prepotentes, e às vezes são. Na realidade, os filhos de Oxóssi são desconfiados, cautelosos, inteligentes e atentos, seleccionam muito bem as amizades, pois possuem grande dificuldade em confiar nas pessoas. Apesar de não confiarem, são pessoas altamente confiáveis, das quais não se teme deslealdade; são incapazes de trair até um inimigo. Magoam-se com pequenas coisas e quando terminam uma amizade é para sempre.
São do tipo que ouve conselhos com atenção, respeita a opinião de todos, mas sempre faz o que quer. Com estratégia, acabam por fazer prevalecer a sua opinião e agradando a todos.
Altos e magros, os filhos de Oxóssi possuem facilidade para se mover, mesmo entre obstáculos. O seu andar possui leveza e elegância. A sua presença é sempre notada, mesmo que não façam nada para isso acontecer.
Os filhos de Oxóssi gostam de solidão, isolam-se, ficam à espreita, observam atentamente tudo que se passa à sua volta. Curiosos, percebem as coisas com rapidez, são introvertidos e discretos, vaidosos, distraídos e prestativos, comportamento típico de um caçador, provedor do seu povo.



DIA: Quinta-feira

COR: Azul-Turquesa

SÍMBOLOS: Ofá (arco), Damatá (flecha), Erukeré

ELEMNTO: Terra (florestas e campos cultiváveis)

DOMÍNIOS: Caça, Agricultura, Alimentação e Fartura

SAUDAÇÃO: Òké Aro!!! Arolé!




Oxóssi (Òsóòsi) é o deus caçador, senhor da floresta e de todos os seres que nela habitam, orixá da fartura e da riqueza. Atualmente, o culto a Oxóssi está praticamente esquecido em África, mas é bastante difundido no Brasil, em cuba e em outras partes da América onde a cultura iorubá prevaleceu. Isso deve-se ao facto de a cidade de Kêtu, da qual era rei, ter sido destruída quase por completo em meados do século XVIII, e os seus habitantes, muitos consagrados a Oxossi, terem sido vendidos como escravos no Brasil e nas Antilhas. Esse facto possibilitou o renascimento de Kêtu, não como estado, mas como importante nação religiosa do Candomblé.

Oxóssi é o rei de Kêtu, segundo dizem, a origem da dinastia. A Oxóssi são conferidos os títulos de Alakétu, Rei, Senhor de Kêtu, e Oníìlé, o dono da Terra, pois em África cabia ao caçador descobrir o local ideal para instalar uma aldeia, tornando-se assim o primeiro ocupante do lugar, com autoridade sobre os futuros habitantes. É chamado de Olúaiyé ou Oni Aráaiyé, senhor da humanidade, que garante a fartura para os seus descendentes.

Na história da humanidade, Oxóssi cumpre um papel civilizador importante, pois na condição de caçador representa as formas mais arcaicas de sobrevivência humana, a própria busca incessante do homem por mecanismos que lhe possibilitem se sobressair no espaço da natureza e impor a sua marca no mundo desconhecido.

A colheita e a caça são formas primitivas de busca de alimento, são os domínios de Oxóssi, orixá que representa aquilo que há de mais antigo na existência humana: a luta pela sobrevivência. Oxóssi é o orixá da fartura e da alimentação, aquele que aprende a dominar os perigos da mata e vai em busca da caça para alimentar a tribo. Mais do que isso, Oxóssi representa o domínio da cultura (entendendo a flecha como utensílio cultural, visto que adquire significados sociais, mágicos, religiosos) sobre a natureza.

Astúcia, inteligência e cautela são os atributos de Oxóssi, pois, como revela a sua história, esse caçador possui uma única flecha, por tanto, não pode errar a presa, e jamais erra. Oxóssi é o melhor naquilo que faz, está permanentemente em busca da perfeição.

Outras histórias relacionadas com Oxóssi apontam-no como irmão de Ogum. Juntos, eles dominaram a floresta e levaram o homem à evolução. Além de irmão, Oxóssi é grande amigo de Ogum – dizem até que seria seu filho, e onde está Ogum deve estar Oxóssi, as suas forças completam-se e, unidas, são ainda mais imbatíveis.

Oxóssi mantém estreita ligação com Ossaim (Òsanyìn), com quem aprendeu o segredo das folhas e os mistérios da floresta, tornou-se um grande feiticeiro e senhor de todas as folhas, mas teve que se sujeitar aos encantamentos de Ossaim.

A história mostra Oxóssi como filho de Iemanjá, mas a sua verdadeira mãe, segundo o mais antigos, é Apaoká a jaqueira, que vem a ser uma das Iyámi, por isso a intimidade de Oxóssi com essa árvore.

A rebeldia de Oxóssi é algo latente na sua história. Foi desobedecendo às interdições que Oxóssi se tornou Orixá.

Tal como Xangô, Oxóssi é um orixá avesso à morte, porque é expressão da vida. A Oxóssi não importa o quanto se viva, desde que se viva intensamente. O frio de Ikú (a morte) não passa perto de Oxóssi, pois ele não acredita na morte.


QUALIDADES




ÍBUÀLÁMÒ -  YBUALAMO ou IBOALAMU - IBÔ  – É velho e caçador. Nasce nas águas mais profundas do rio Irinlé. Sua vestimenta é branco com bandas ou azul celeste, saiote e capacete de palha da costa. Tem ligação com Omolu Azoani e Oxum. Seu assentamento se difere de todos.  Conta um mito que Ybualamo é o verdadeiro pai de Logun Edé. Apaixonado por Oxum e vendo-a no fundo do rio, ele atirou-se nas águas mais profundas em busca do seu amor.


ÍNLÈ -  INLE   –  É novo e caçador, tem seu culto as margens do rio Irinlé, conhecido com caçador de Elefantes, o marfim é a sua conta, tem ligação com Oxum, Oxaguiã e Yemanjá. É o filho querido de Oxoguian e Yemonja. Veste-se de branco em homenagem a seu pai. Usa chapéu com plumas brancas e azuis claro. É tão amado que Oxoguian usa em suas contas um azul claro de seu filho. Come com seu pai e sua mãe (todos os bichos) e tem fundamento com Ogunjá.


DANA DANA – Tem fundamento com Exu e Ossaim, Oxumarê e Oyá. É ele o Orixá que entra na mata da morte e sai sem temer Egum e a própria morte. Veste azul claro, muito impetuoso e foge à toa.

AKUERAN – Tem fundamento com Ogum e Ossaim e Oxumarê. Muitas de suas comidas são oferecidas cruas. Ele é o dono da fartura. Ele mora nas profundezas das matas. Veste-se de azul claro e tiras vermelhas. Suas contas são verde claro ou azul claro, dependendo da Nação. Seus bichos são: pavão, papagaio e arara, tiram-se as penas e se solta o bicho.

OTIN - OTYN –  Guerreiro e muito agressivo, vive intocado na mata, ligado a seu irmão Ogum, vive na companhia dele caçando e lutando. É muito manhoso e não tem caráter fácil. Muito valente, está sempre pronto a sacar sua arma quando provocado. Não leva desaforos e castiga seus filhos quando desobedecido.  Usa azul claro e o vermelho,  leva capangas, roupas de couro de leopardo e bode. Tem que se dar comida a Ogum.

KÒIFÉ - KOIFÉ - Não se faz no Brasil e na África, pois, muitos de seus fundamentos estão extintos. Seus eleitos ficam um ano recolhidos, tomando todos os dias o banho das folhas. Veste vermelho, leva na mão uma espada e uma lança. Come com Ossain e vive muito escondido dentro das matas, sozinho. Suas contas são azuis claras, usa capangas e braceletes. Usa um capacete que lhe cobre todo o rosto. Assenta-se Koifé e faz-se Ybô, Ynlé ou Oxum Karé; trinta dias após, faz-se toda a matança.


AROLÉ - Propicia a caça abundante. É invocado no PadÊ. É um dos mais belos tipos de Oxóssi. Um verdadeiro rei de Ketu. As pessoas dele são muito antipáticas. Jovem e romântico, gosta de namorar, vive mirando-se nas águas, apreciando sua beleza. Come com Ogum e Oxum. Veste azul claro, aprecia a carne de veado e é ágil na arte de caçar.



KÀRÉ - KARE –  é ligado as águas e a Oxum e Logun Edé, porém não se dão bem, pois    eles exercem as mesmas forças e funções.. Usa azul e um Banté dourado. Gosta de pentear-se, de perfume e de acarajé. Bom caçador mora sempre perto das fontes.

ÍNSÈÈWÉ ou Oni Sèwè – É o senhor da floresta, ligado as folhas e a Ossain, com quem vive nas matas. Veste azul claro, e banda de palha da costa, usa capacete quase tapando o seu rosto.

ÍNKÚLÈ ou Oni Kulé- Odé das montanhas, de culto no platô das serras, muito ligado a Oxaguiã e Jagun, veste verde claro, turquesa.




ÌNFAMÍ ou Infaín Odé funfun, ligado a Oxaguiã e Oxalufã, só usa branco e come abadô



AJÉNÌPAPÒ- Odé ligado as Iyamis Osorongá, aquele que pode se aproximar e também a Oyá, o dono do Irukere.



Odé Orélúéré- Ligado aos Igbôs, odé de culto antigo.



OTOKÁN SÓSÓ – Embora muitas vezes seja citado como uma qualidade, não é qualidade, é um Oríkì que significa o caçador que só tem uma flecha . Ele não precisa de mais nenhuma flecha porque jamais erra o alvo.
Título que Oxóssi recebeu ao matar o pássaro de Ìyámi Eléye. Não fazendo parte do rol dos caçadores que possuíam várias flechas, Oxóssi era aquele que só tinha uma flecha.
Os demais erraram o alvo tantas vezes quantas flechas possuíam, mas, Oxóssi com apenas uma flecha foi o único que acertou o pássaro de Ìyámi, ferindo-o com um tiro certeiro no peito.
Por essa razão é que ele não recebe mel, pois o mel é um dos elementos fabricado pelas abelhas, que são tidas como animais pertencentes a Oxum, mas, também às Ìyámi Eléye.
Então, é èèwò (proibição) para Oxóssi. Por essa razão também, é que se dá para Oxóssi o peito inteiro das aves, como reminiscência desse ìtàn.



MUTALAMBO - Tem fundamento com Exu.



GONGOBILA - É um Oxóssi jovem. Tem fundamento com Oxalá e Oxum.



WAWA - Vem da origem dos Òrixás caçadores. Veste-se de azul e branco, usa arco e flecha e os chifres do touro selvagem. Come com Oxalá e Xangô, pois, dizem que ele fez sua morada debaixo da gameleira. Está extinto, assenta-se ele e faz-se Airá ou Oxum Karé.



WALÈ - É velho e usa contas azuis escuro. É considerado como rei na África, pois, seu culto é ligado, diretamente, a pantera. É muito severo, austero, solteirão e não gosta das mulheres, pois, as acha chatas, falam demais, são vaidosas e fracas. Come com Exu e Ogun.



OSEEWE ou YGBO - É o senhor da floresta, ligado as folhas e a Ossain, com quem vive nas matas. Veste azul claro e usa capacete quase tapando o seu rosto.



OFÀ - Não é qualidade, significa, “o arco e a flecha do caçador, sendo de Oxóssi o seu principal apetrecho”.



TÁFÀ-TÁFÀ - O caçador arqueiro, aquele que exímio atirador de flechas, é predicado que se diz de Oxossi.
ERINLÉ - É também um outro Oxóssi, que, a exemplo de Inlè, cujo culto também caiu no obscurantismo, acabando por tornar-se “qualidade de Oxóssi”.



ODÉ TOKUERÁN - O caçador é quem mata a caça, diz-se da actuação do caçador.


Poderemos encontrar ainda: Odé Etetú; Odé Edjá, Odé Isanbò, Odé Ominòn, Odé Oberun’Já.

Inlè-Ibualama ou Erinlè - Em Ijesá, onde passa o rio Erinlè, há um deus da caça com o mesmo nome. Segundo Verger, seu templo principal é em Ilobu, onde dois cultos teriam se misturado: o culto do rio e o do caçador de elefantes, que por diversas ocasiões, viera ajudar os habitantes de Ilobu a combater seus adversários. O culto a Erinlè realiza-se às margens de diversos lugares profundos (Ibu) do rio.

Cada um desses lugares recebe um nome, mas é sempre Erinlè que é adorado sob todos esses nomes. Um desses lugares profundos de Erinlè é chamado de Ibùalamo (Ibualama) nome pelo qual também é cultuado na Bahia, que durante sua dança traz nas mãos o símbolo de Oxóssi, o arco e a flecha de ferro, e uma espécie de chicote (bilala), com o qual ele se fustiga a si mesmo.

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