domingo, 4 de dezembro de 2016

Cabocla Iara


A Sereia dos Rios...

A Cabocla Iara dessa Tenda, nasceu na Tribo dos Bororos, a beira do Rio Araguaia (Rio das Araras Vermelhas), no final do século XVII. Ela pertencia ao Clã dos Araés. Era uma exímia caçadora, tecelã e pintora. Em sua tribo os rituais eram praticados com extrema rigidez. Comemoravam as caçadas e as boas colheitas com festas diversas.
Essa índia de longos cabelos negros e olhos cor da terra, gostava de enfeitar-se para os rituais e ajudar suas irmãs nos ornamentos. Fabricava adereços com as penas coloridas das araras e sementes de árvores; depois prendia-os aos cabelos ou usava como brinco nas orelhas.
Ela ficava horas nadando ou navegando no rio e era como seu nome dizia: "Aquela que mora nas Águas". Gostava de ouvir e contar as histórias dos ancestrais sobre o Mensageiro dos Rios - Boitatá; sobre Cairara - o Cacique Macaco; sobre Caipora - o Protetor dos Bichos; sobre Curupira - o Guardião das Matas; sobre Guaraci (o Sol) e Jaci (a Lua); sobre Rudá - o amor; e tantas outras histórias. Um dia ouviu o cacique dizer: "Aicué curí uiocó, paraná-assú sui, peruaiana, quirimbaua piri pessuí" (Vai aparecer do rio maior, o maior e mais poderoso inimigo de vocês). E ela viu um dia chegar o homem branco, montado em vistosos cavalos e alguns navegando em barcos. Como sua tribo era organizada não foram conquistados pelo homem branco, apenas foram visitados, pois ele ainda não tinha interesse em suas terras.
Iara morreu jovem, desapareceu nas águas caudalosas do Rio Araguaia, em meio a uma cheia das águas.  Alguns diziam que ela se apaixonou por um estrangeiro e jogou-se ao rio por amor... Outros diziam que ela foi engolida pelo rio e virou uma sereia. Muitos a viam durante a noite sentada na beira do rio penteando e enfeitando os cabelos e diziam que ela não era mais humana, era uma encantada. As mulheres da tribo começaram a lhe deixar objetos de adorno sobre as pedras da margem. Esses objetos desapareciam e as mulheres tinham seus pedidos realizados. E assim surgiu mais uma lenda... Iara passou a atuar dentro da Umbanda Sagrada como guardiã dos mistérios das águas, auxiliando os médiuns na limpeza e purificação das energias durante os trabalhos mediúnicos.
 

Cabocla Jupissiara


Uma selvagem que se tornou cristã!

Essa índia nasceu onde hoje se localiza a Baía de Guanabara, entre os índios Tupinambás. Conheceu o Padre José de Anchieta e se converteu ao Cristianismo. Não deixou de ser índia ou de acreditar em seus deuses e encantados da natureza. Apenas passou a ver as coisas de uma forma diferente. Entendeu que todos os homens da terra possuem proteção e que nada na vida de uma pessoa acontece ao acaso. Compreendeu que Tupã e Deus eram a mesma pessoa. Amou Jesus e Maria tanto quanto Jaci e Guaraci. Quando os Tupinambás foram abatidos em combate, os poucos índios que restaram foram catequisados e passaram a trabalhar com os jesuítas para evitar mais ataques dos brancos.
Jupissiara passou a viver na terras do Espírito Santo junto ao Colégio Jesuíta, auxiliando a catequizar outros índios e evitar o extermínio da raça pelo homem branco. Apegou-se ao Padre José de Anchieta por perceber seu carinho com sua raça e percebeu seu empenho em aprender sua língua nativa e seus costumes. José de Anchieta passou a ser respeitado pelos índios que o chamavam de "O Grande Feiticeiro". Ele intermediou muitas negociações entre os portugueses e os índios e evitou muitas mortes.
Jupissiara não casou, não teve filhos, apenas viveu sua missão e auxiliou a preservar sua raça. Auxiliou o quanto pode os jesuítas e os índios, para evitar os confrontos com os conquistadores. Entendeu que essa terra não pertencia mais ao índio, pois a força  do homem estrangeiro era maior e mais devastadora. Aprendeu a rezar aos deuses cristãos pedindo piedade para sua raça e clamava a Tupã por suas origens. Assim, ela viveu até os 35 anos, quando foi acometida por uma doença respiratória e morreu.

Cabocla do Fogo


A Senhora das chamas!

Essa índia de origem asteca, viveu na América Central, numa aldeia entre o Lago Texcoco e a Cidade de Tenochtitlán. Seu pai era um exímio caçador e um dos melhores guerreiros da tribo. Servia ao Cacique buscando conquistar novas tribos e levando escravos ao Sumo Sacerdote da Cidade Real. A índia de nome Aaret, gostava de dançar ao redor do fogo nos dias de festa e caminhava sobre as brasas da fogueira sem queimar seus pés. O povo da aldeia dizia que ela era protegida pelos deuses.
Aaret era uma moça muito bonita e foi prometida em casamento ao chefe da guarda da cidade principal. Porém, não chegou a cumprir seu destino... Quando os conquistadores espanhóis invadiram suas terras em busca de ouro, viram uma bela índia pulando sobre a fogueira e ficaram admirados com sua beleza. O Chefe dos expedicionários enamorou da jovem e sequestrou-a, exigindo ouro pela sua libertação. Mas, ao chegar ao acampamento espanhol, o expedicionário cedeu aos seus caprichos e utilizou sua força para possuí-la. Após ser usada pelo conquistador espanhol, Aaret sentiu-se humilhada e jogou-se sobre a fogueira do acampamento.
Os espanhóis assustaram-se ao ver uma jovem em pé entre as chamas do fogo sem queimar-se. O corpo da índia apenas se decompôs no ar, em faíscas. Ao saber do ocorrido o povo de sua tribo disse que ela se tornou um encantada do fogo e passou a ser chamada de "Senhora das Chamas". Muitos a viam na aldeia ao anoitecer, dançando ao redor da fogueira. Hoje, essa índia trabalha na Umbanda Sagrada, na Linha de Yansã. 

Caboclinha do Vento


A Encantada do Ar!

Eu demorei muito para entender o nome dessa entidade, pois sempre que recebo as histórias me concentro, ouço calmamente, faço um rascunho e depois passo a limpo. Normalmente os nomes já são de entidades bastante cultuadas e conhecidas. No caso dessa caboclinha, eu primeiro vi sua imagem e fiquei "encantado" com sua beleza; depois ouvi sua história...
A Caboclinha do Ar ou Caboclinha do Vento ou Encantada do Ar, como também é conhecida, encantou-se após morrer, ou seja, seu corpo se transfigurou... Hoje ela vive no Ar, na Luz Astral ou no Mundo Espiritual, auxiliando a todos que necessitam. Trabalha na Linha de Yansã e de nosso amado Pai Oxalá, transmitindo muita serenidade em seus atendimentos. Como ela viveu sua última vida ou quantas vidas viveu é difícil saber, pois sua origem é desconhecida.
A única coisa que ela me permitiu contar, foi que nasceu no Brasil Colônia de pais europeus. Porém, foi criada nas matas por amas indígenas de uma tribo do Pará, pois perdeu-se de seus pais. Chamavam-na de "Raio de Luz", por ser uma menina branquinha como um dia de sol. As outras tribos comentavam sobre uma índia branca que eles viam passeando nas matas. Ela viveu o quanto lhe foi permitido viver e abandonou essa vida muito jovem. Não casou, não teve filhos, não morreu, apenas se encantou e desapareceu. O cacique dizia: "A menina cumpriu sua estada nessa terra e partiu."

Indaiá


Uma Cabocla apaixonada pelo mar...

Ela nasceu no litoral de Pernambuco, próximo a toda beleza e exuberância das matas da Floresta Atlântica, da caatinga, dos mangues e dos cerrados. Seu pai era um guerreiro respeitado na tribo e sua mãe era uma grande artesã. Seu povo, de cultura Tabajara, vivia em paz e harmonia até a chegada do homem branco. Sua tribo mudou-se para o interior a fim de fugir da devastação do colonizador. Mas, Indaiá era muito apegada ao mar e sentia falta dele. Então, sempre que podia escapava de sua tribo apenas para visitar as águas salgadas do Oceano.
Um dia, enquanto se banhava nas águas do mar, um dos portugueses, de uma expedição de reconhecimento a avistou e encantou-se com sua beleza. Sua pele morena, seus longos cabelos negros, seu corpo perfeito, chamou a atenção do bandeirante-explorador. E ele a seguiu até encontrar sua tribo. Era o ano de 1535 e ele estava a serviço de Duarte Coelho. Os Tabajaras eram desconfiados, mas evitavam confrontos armados, diferente dos Potiguaras (que gostavam de guerrear).
O Cacique Chefe dos Tabajaras, Arco Verde (Uirá Ubi), possuía uma filha de muita beleza: Tabira; em idade de núpcias, porém sem casar. E o mesmo acontecia com Indaiá, que esperava para ser entregue a um guerreiro de sua tribo. Quando a Expedição de Duarte Coelho chegou até a Tribo Tabajara, o Cacique Arco Verde assustou-se e pensou que era o fim de sua raça. Então travaram uma luta, na qual Jerônimo de Albuquerque foi ferido por uma flecha em um dos olhos. Ele foi feito prisioneiro e condenado à morte. Porém, foi salvo pela intervenção da filha Tabira (também conhecida por Tindarena), que o cuidou e se apaixonou por ele. O casamento dos dois selou a paz entre os Tabajaras e os Colonizadores portugueses. Houve, então, uma negociação de apoio entre ambos, que se uniram contra os Potiguaras. Devido ao acidente, Jerônimo passou a ser chamado de "O Torto".
Com o casamento da filha do Chefe, Indaiá também pode casar-se com aquele que a seguiu: Alexandre Duarte, um dos assistentes da expedição. Tabira foi batizada e recebeu o nome de Maria do Espírito Santo Arco Verde - em homenagem ao Dia de Pentecostes. Indaiá também foi batizada e recebeu o nome de Maria Dolores Arué (em homenagem a Nossa Senhora das Dores). Arué (Alma dos Mortos) era o nome de seu pai. Como os conquistadores conseguiram uma aliança com os chefes indígenas tabajaras e conseguiram dominar completamente os potiguaras. Com ajuda de Vasco Fernandes de Lucena, amigo dos Tabajaras, em 12 de março de 1537 a povoação passou a ser chamada de Vila de Olinda. O nome surgiu devido a uma exclamação do donatário: "Ó linda situação para fundar uma vila!", ao observar a beleza do local.
Tabira e Albuquerque tiveram oito filhos, num casamento considerado ilegítimo. Por isso, ele se casou também com um portuguesa (Felipa), com quem teve onze filhos. Mas, ao todo ele registrou 24 filhos; por isso, o chamavam de "Adão Pernambucano". Indaiá e Alexandre tiveram treze filhos e este manteve-se fiel a esposa que tanto amava. Alexandre levou Indaiá a viagens pelo mar e ela conheceu toda a exuberância do oceano. Ela morreu jovem, aos 28 anos de idade, durante o parto de seu último filho. Alexandre contratou uma ama de leite e uma babá para criar as crianças, pois não se casou novamente.
Indaiá ao sentir que a morte se aproximava, logo após dar a luz, pediu ao esposo que a levasse à praia, pois queria morrer sentindo as águas do mar a lhe tocar. Logo após a morte da esposa, Alexandre andava a beira da praia, onde ouvia a voz da esposa e via seu vulto na água. Ele dizia aos outros que ela havia se tornado uma sereia, mas seus amigos achavam que ele andava delirando por conta da bebida e da saudade da esposa.

Quem são os marinheiros


...na Umbanda Sagrada?

A Falange dos Marinheiros atua, normalmente, na Linha das Águas (junto de Oxum e Iemanjá), mas também podem atuar junto a Nanã, Yansã e Ogun. Eles realizam passes de cura e descarrego, fluidificando e energizando o médium e a assistência. Incorporam balançando, como o balanço das águas e com muita alegria e receptividade ajudam no equilíbrio energético do ambiente. Sua saudação é "Acosta Marinheiro! Ei Marujada! Salve os Marinheiros!"
Aqui segue a história de um marinheiro que foi marujo em um navio mercante espanhol. Ele viveu no século XVIII e navegou os Sete Mares. Seu nome era José Mário Hernandez e tinha apenas 14 anos quando foi trabalhar no mar para alimentar os sete irmãos mais novos. Seu pai tinha sido capitão e morreu em alto mar. E ele, como irmão mais velho, assumiu a responsabilidade de cuidar da família. Seu soldo (pagamento) era enviado diretamente à família. Viajando ele aprendeu como funcionava a vida no mar, conheceu terras longínquas, culturas diferentes, com outros costumes. Quando iniciou no navio, achou que não se acostumaria a essa nova vida, mas em pouco tempo sentiu que o mar era sua vida, pois a cada dia havia uma novidade.
José Mário amadureceu, cresceu e tornou-se homem no navio. Fez amigos e foi acolhido como um irmão por todos. Num navio os marujos são muito unidos e se defendem, mas se há algum traidor ele logo é dispensado. José Mário passou o melhor e o pior de sua vida no mar. Com 27 anos se tornou o imediato do navio e auxiliava o capitão em suas tarefas. Como sabia ler e escrever, isso fez diferença na hora de asumir seu posto. Em uma viagem para a Costa do Marfim em busca de ouro, o navio foi atacado por piratas e saqueadores. A ordem era sempre defender o navio e a carga, mesmo que isso custasse a vida. E foi com a vida que o capitão defendeu sua marujada e seu navio. José Mário assumiu, então, o posto de capitão e tornou-se o chefe do navio e de sua tripulação.
No decorrer dos anos José conheceu o amor de sua vida: uma camponesa que vendia flores no Porto de Marselha. Casaram-se e tiveram dois filhos, um casal. Ele permaneceu no cargo de capitão por mais de vinte anos. Em uma noite, ao sul da África, foram atacados por piratas e traficantes que se uniram para saquear a carga de pedras preciosas que o navio transportava. Assim como seu capitão, José Mário também tombou em combate, para salvar a carga e sua tripulação. Antes de dar o último suspiro pediu à Rainha das Águas que recolhesse seu corpo e lhe permitisse trabalhar depois de morto, mesmo que fosse em um navio fantasma. E assim foi que José tornou-se marinheiro espiritual e passou a atuar na Umbanda Sagrada.

Boiadeiro Serra Preta de Minas Gerais


Josué - o Vaqueiro!

Algumas pessoas desconhecem que uma entidade ao se apresentar na Umbanda possui nome, sobrenome, ponto cantado, ponto riscado, agrupamento ou falange, Linha de trabalho e atuação, entre outras caracterísiticas. Assim, ele se preserva e comprova que é um verdadeiro trabalhador da Seara Umbandista. Um espírito sem treinamento (egun, quiumba ou obsessor) não possui esses predicativos e conhecimentos. Além de toda a apresentação que a entidade faz, ela também possui sua história particular de vida e pode relatar sua última existência e porque utiliza o nome com o qual se apresentou.
Relato agora a história de um boiadeiro que findou sua última existência como vaqueiro no sertão de Minas Gerais: "Josué nasceu em Volta Grande, no estado de Minas Gerais, no ano de 1986. Na época, o município era apenas uma vila com o nome de Além Paraíba. Seus pais trabalhavam em uma fazenda de gado e desde o seu nascimento ele foi muito festejado. O Senhor da Fazenda, que não tinha filhos homens, conheceu o menino e apadrinhou ele. Pediu permissão aos pais para criá-lo como seu protegido. E assim foi que Josué cresceu na sede da fazenda, cercado de atenção pelo patrão e tornando-se seu braço direito em todos os afazeres.
Ao tornar-se jovem já era o condutor do gado da fazenda e o responsável pelos negócios do patrão. Visitava seus pais quando podia, mas vivia bastante afastado deles. Josué também aprendeu a manejar armas e se tornou um jagunço implacável nas cobranças das dívidas da fazenda. Seus pais temiam pelo seu futuro, pois ele era odiado pelos demais fazendeiros e condutores de gado.
Josué apaixonou-se pela filha mais nova de um capataz da fazenda, de nome Maria Mercedes; mais conhecida por Mercedita. Casou-se com ela e teve três filhos. Porém, Maria Mercedes não resistiu ao parto do terceiro filho e morreu ao dar a luz. Josué, que já era impiedoso, tornou-se mais carrasco. Abandonou seus filhos aos cuidados dos avós e decidiu sumir pelo mundo. Sentiu-se perdido com a morte de esposa e sua solidão aumentou. Mercedita estava conseguindo torná-lo um homem melhor...
Quando saiu de Além Paraíba, Josué andou em direção ao norte de Minas Gerais, quase na divisa com o estado de Bahia e Goiás. Conseguiu emprego de vaquejador e conduzia o gado de uma fazenda até outra, nas proximidades das Serras de Janaúba e Januária. Ficou dez anos nessa lida. Costumava parar com o gado a beira do Rio São Francisco e demais rios da região. Andava muito também pelas cercanias de Pedras de Maria Cruz. Descansava embaixo de alguma árvore pelo caminho, fumava seu cigarro de palha e tocava sua gaita de sopro. Muitas vezes parecia sentir a presença de Mercedita lhe aconselhando. Uma vez por ano visitava seus filhos e lhes enviava dinheiro constantemente. Seus pais já estavam bem idosos, mas ele ainda os visitou algumas vezes. Seu antigo patrão já havia falecido e quem cuidava da fazenda agora era um de seus genros.
Nesse tempo Josué tornou-se uma pessoa melhor e até reaprendeu a rezar. A viagem com o gado mudou para os arredores do Povoado Espírito Santo da Forquilha, hoje conhecida como Delfinópolis, localizada mais ao sul de Minas Gerais. Uma terra de muitos rios, cachoeiras  e vales. Josué gostava de apreciar as paisagens dos vales e serras: Serra do Caminho do Céu, Serra Preta, Serra Branca, Serra do Cemitério e Serra da Santa Maria de Pedras. Em suas paradas, mantinha o mesmo costume: deitava embaixo de uma árvore, descansava, pitava seu cigarro e tocava sua gaita.
Josué já estava há dois anos nessa região e em uma de suas paradas, amarrou o cavalo em sua bota embaixo da mesma árvore, para que pastasse junto a sombra e puxou um cochilo. Passado alguns minutos ouviu disparos de espingarda e conseguiu ver assaltantes de gado encurralando suas reses. O cavalo assustou-se e saiu em disparada, levando Josué preso ao estribo. Ele tentou pegar seu canivete para cortar a corda, mas não o alcançou. O cavalo arrastou-o por um longo tempo e Josué bateu com a cabeça em uma pedra, falecendo, assim, instantaneamente.
Os ladrões o encontraram e o sepultaram a beira do caminho, próximo ao rio, pois não eram matadores, apenas roubavam. Onde Josué foi enterrado era possível visualizar o Grupo de Pedras Pretas do Vale. Essa região era conhecida como Serra Preta. Foi assim que ele assumiu o nome de Boiadeiro Serra Preta de Minas Gerais.
Após sua morte, Josué foi recolhido ao Reino de Aruanda, onde estudou, melhorou e passou a atuar na Falange dos Boiadeiros, Vaqueiros e Cangaceiros. Hoje ele trabalha nas Linhas de Ogun e Oxóssi, auxiliando veterinários, técnicos em agropecuária e todos aqueles que cuidam dos animais."

Jandiara


A Cabocla Sereia do Rio e do Mar...

Essa Cabocla trabalha no Reino das Duas Águas, de Mamãe Iemanjá e de Mamãe Oxum. Ela viveu entre os séculos XV e XVI, nas terras onde hoje se localiza Trancoso (vilarejo de Porto Seguro) na Bahia. Ela era uma índia tupiniquim que visualizou o primeiro contato dos portugueses com a terra brasileira. Aproximaram-se do litora uma esquadra de dez naus, três caravelas e cerca de 1,2 mil homens. Durante os dez dias que a frota de navios de Pedro Álvares Cabral passou no Brasil, em abril de 1500, Jandiara estava lá para ver tudo.
Assim como seu povo, ficou encantada com toda aquela diferença e movimentação de homens cobertos com roupas estranhas. Sem entender o que acontecia de fato, a sua tribo ganhou muitos presentes, na tentativa de uma comunicação. Ela estava com 20 anos na época e era casada com um dos caçadores da tribo. Sua tribo possuía também: plantadores, coletores, pescadores, artesãs e tecelãs. Ela era uma tecelã que confeccionava redes para a pesca e para dormir.
Somente um ano depois eles visualizaram novamente o homem branco e, novamente, nos anos seguintes, sucessivamente. Então, as visitas e explorações do homem branco começaram a aumentar a partir de 1511, tornado-se frequentes e efetivas. Muitos embates começaram a ser travados quando os índios perceberam as reais intenções dos portugueses. Como os portugueses estavam melhor armados e atacavam  os índios de surpresa, muitas tribos começaram a ser dizimadas. E os índios também não aceitavam se submeter aos brancos como seus escravos, afinal, nasceram livres e queriam morrer livres.
Em um desses embates, muitos de sua tribo morreram, inclusive Jandiara, que desencarnou com 30 anos ao lado de seu esposo e filhos. Os demais índios que sobreviveram se submeteram à Coroa portuguesa e passaram a lutar com eles. Em 1530 Tupiniquins e portugueses lutaram contra os Tamoios, numa revolta que ficou conhecida como a Revolta dos Tamoios. Assim, o Brasil foi construído com a morte de muitos índios e o fim de muitas aldeias.
Trancoso tornou-se uma aldeia Jesuíta em 1586 e ficou conhecida como São João Batista dos Índios. Ela foi fundada com a finalidade de defender a região dos contrabandistas de pau-brasil  e de outras riquezas. O espírito de Jandiara e de muitos índios permaneceram em solo brasileiro para tentar socorrer sua terra. Mas, quando perceberam que seria impossível, foram recolhidos à Colônia Espiritual de Jurema para iniciarem uma nova jornada. 
 

Curumim Cunhataã


O pequeno cacique da Jurema!

Cunhataã nasceu no alto do Rio Araguaia, na Tribo dos Tapirapé. Ele era um indiozinho alegre e destemido. Sua aldeia estava sempre em pé de guerra com seus vizinhos da Tribo Karajá. O Cacique, pai de Cunhataã, tentava apaziguar a situação, mas eram constantemente atacados e saqueados. Quando Cunhataã contava com 6 anos de idade, sua Tribo sofreu um ataque surpresa dos Karajá... Os homens se empenharam no combate, mas mulheres e crianças da tribo foram sequestrados. A intenção dos índios Karajá era a de expandir sua tribo e fortalecer sua raça.
Curumim Cunhataã foi levado com sua mãe para a Tribo do inimigo e obrigado a conviver com eles. O indiozinho combinou com outros indiozinhos uma fuga para retornar a sua aldeia e buscar ajuda, mas foi surpreendido em seu intento. Mesmo assim conseguiu fugir dos seus captores e se embrenhar na Mata Atlântica. Tentou por dias localizar sua aldeia, mas quando a encontrou percebeu que estava destruída e que os demais índios haviam se mudado. Eles estavam tentando se reconstruir para resgatar suas mulheres e crianças.
Cunhataã estava cansado, ferido e faminto. Voltou para onde estava, mas chegou cambaleante e doente. O chefe dos Karajá reconheceu que o menino era um índio forte e merecia ser bem tratado. O pajé buscou salvá-lo, mas a doença tomou conta de seu corpo infantil. Em poucos dias Cunhataã morreu deixando sua mãe e seus amigos tristes. Seu nome nunca mais foi esquecido, pois diziam:"- Morreu um pequeno grande guerreiro!"
Os Tapirapé reconstruiram suas aldeias em outras localizações. Uma parte da tribo rumou para a Ilha do Bananal e a outra para a Serra do Urubu Branco. Alguns, ainda, foram em direção à Mata Amazônica e se misturaram às outras tribos. Os Karajá miscigenaram sua raça com as mulheres e crianças Tapirapé. Inclusive, os Kayapó invadiram as aldeias dos Tapirapé. Enfim, uma das maiores raças indígenas do solo brasileiro, sofreu muitas perdas após vários ataques, reduzindo drasticamente sua população.

Indiazinha Ceci


Uma curuminzinha da Amazônia.

Muitos Erês, assim como os caboclos, pretos-velhos e exus, possuem suas histórias de vida. Alguns desses Erês "encantaram-se" como muitas entidades conhecidas na Umbanda. Essa é a história de curuminzinha encantada, que após sua morte costumava visitar sua tribo e curar as crianças doentes.
Ceci nasceu na Tribo dos Aruaque, no meio da Floresta Amazônica. Ela havia completado 6 anos na época. Era uma indiazinha feliz, que passava os dias brincando com os animais pacíficos da floresta, como os saguis, tatus, porquinhos e outros. Quando a floresta foi invadida em busca dos seringais, sua tribo tentou lutar contra a invasão, mas, por fim, mudou-se, para evitar atritos com o homem branco. Devido a mudança, os índios enfrentaram dificuldades para encontrar um novo local e se readaptar. A floresta era extensa, mas tinha seus perigos.
Ceci e os demais índios estavam tristes por deixarem para trás muitas coisas. No caminho para a nova aldeia, Ceci se distraiu com os bichos e não percebeu a aproximação de uma cobra venenosa. Ela foi socorrida e fizeram todo o possível para salvá-la, mas o veneno espalhou-se rapidamente. Depois de horas ardendo em febre, Ceci desencarnou, para tristeza de seus pais. A mudança não levou apenas suas ocas, mas a vida de Ceci. Tempos depois, sempre que uma criança ficava doente na tribo alguém via Ceci correndo ao redor da criança. E, milagrosamente, no dia seguinte, a criança amanhecia curada.

Margaridinha


A Florzinha das Matas!

Margarida nasceu na tribo dos Guajiras no final do século XV, na península que hoje recebe esse nome, na atual Venezuela. Ela adorava correr atrás de borboletas e colher flores na mata, enquanto seus pais trabalhavam na pesca, no pastorio e na agricultura. Ela era uma menina alegre, que gostava de presentear flores a todos para deixá-los felizes. Então, alguns lhe chamavam "Florzinha" em sua língua nativa e outros lhe chamavam "Margaridinha", pois era a flor que mais crescia na região.
Florzinha ou Margaridinha, viveu até os oito anos. Em uma de suas correrias atrás de flores e borboletas, a menina caiu e se machucou em um cipó com espinhos. As feridas infeccionaram e a febre aumentou... E os pais não conseguiram curá-la com os recursos da época. Antes de morrer, a menina disse a todos: "- Não se preocupem, eu estou bem. Para onde eu vou têm muitas flores!" E se foi, para a tristeza de todos. Pouco tempo depois, no local onde ela foi enterrada cresceram muitas margaridas, de várias cores. E sempre que alguém estava triste, sentia-se o perfume de flores no ar: era a Florzinha Margarida alegrando novamente!

Tiãzinho


O pequeno boiadeiro...

Sebastião nasceu na fazenda Boa Esperança, em Minas Gerais, no final do século XVIII. Seus pais eram crioulos que já nasceram escravos. Tiãozinho, como era conhecido, desde cedo ajudava na lida com o gado e com os cavalos. Era um serviço que ele tinha prazer em realizar. Tião só não gostava de ver os maus tratos, então sempre que podia evitava expor os animais ao sofrimento. Se ele era castigado por conta disso, não se importava, contanto que pudesse livrar os animais das chibatadas.
Tião estava com dez anos quando uma remessa de cavalos puro sangue chegou à fazenda. Um dos cavalos estava arredio e não aceitava a aproximação de ninguém. O adestrador espancava o animal, mas de nada adiantava. Quanto mais ele batia, mais o animal se rebelava. Tião sentia a dor do animal. Então, enquanto todos dormiam, reuniu os cavalos e saiu em fuga com eles. O capataz ao ouvir o tropéu dos cavalos, reuniu os jagunços e saiu em perseguição. Pensaram tratar-se de roubo e saíram atirando nos fujões. Atiraram contra Tião e atingiram-no em cheio nas costas. Ele ainda conseguiu abrir a porteira para que os cavalos fugissem, mas morreu ali mesmo. Seus pais nem puderam lamentar o ocorrido, pois foram castigados por conta dele e vendidos para outra fazenda.
Com o passar dos anos, sempre que um animal era maltratado na fazenda, alguém ouvia um assobio e o animal saía em disparada, pulando cercas e sumindo no meio das matas. Então a lenda cresceu e diziam que um menino negro montado em um cavalo atiçava os animais para eles fugirem.

Sepé Tiaraju


Um verdadeiro Caboclo de Oxóssi!

Hoje, em homenagem ao Dia de São Sebastião, compartilhamos nesse blog a história de "São Sepé" ou Sepé Tiaraju, um índio tupi-guarani, que viveu em um Aldeamento Cristão, chamado Sete Povos das Missões e foi batizado com o nome de Joseph, após ficar órfão. Ele era inteligente, bom combatente e execelente estrategista. Falava perfeitamente seu idioma e os idiomas dos brancos.
Os jesuítas e os índios viviam em paz e harmonia na região, trabalhando juntos pelo progresso da terra. Espanhóis e portugueses lutavam para dominar o território gaúcho, que já possuía sua própria cultura e história. Através de tratados, espanhóis e portugueses trocaram os Sete Povos das Missões pela Colônia Sacramento, obrigando 50 mil índios cristãos e todos os jesuítas a abandonarem suas cidades, igrejas, lavouras e fazendas, onde criavam gado, equinos e outros animais. Eles foram obrigados a deixar para trás, inclusive, os túmulos de seus ancestrais. Os conquistadores tinham interesse na riqueza acumulada pelos nativos.
Na época em que Portugal dominou o território rio-grandense, já havia nele uma população e uma cultura nativa da terra, denominada cultura gaúcha, principalmente na região da Campanha, onde hoje se encontra a fronteira com o Uruguai. Tal população sofria com as guerras pelo território entre Portugal e Espanha, para as quais eram, muitas vezes, recrutados à força.
Sepé Tiaraju pereceu em combate no dia 7 de fevereiro de 1756, contra o Exército Espanhol, na batalha de Caiboaté, às margens do córrego Sanga da Bica, na entrada da cidade de São Gabriel. Após sua morte 1500 índios guaranis foram massacrados e em poucos meses o sonho missionário acabou. Por sua bravura foi considerado um santo popular e venerado pelos povos nativos e descendentes. Muitos escritores famosos lembraram de seus feitos em seus escritos, como Érico Veríssimo (no romance O Tempo e o Vento) e Basílio da Gama (no poema O Uruguay).
No dia 21 de setembro de 2009, foi publicada a Lei Federal 12.032/09, que traz em seu artigo 1º o texto "Em comemoração aos 250 (duzentos e cinquenta) anos da morte de Sepé Tiaraju, será inscrito no Livro dos Heróis da Pátria, que se encontra no Panteão da Liberdade e da Democracia, o nome de José Tiaraju, o Sepé Tiaraju, herói guarani missioneiro rio-grandense." Leia a história completa em http://vocacionadosdedeusemaria.blogspot.com.br/2011/04/sao-sepe-o-martir-dos-povos-indigenas.html.
Hoje, no Rio Grande do Sul, em sua homenagem, existem estátuas e uma cidade que recebeu seu nome (http://www.saosepe.rs.gov.br/). As curiosidades sobre seu povo podem ser lidas em http://www.informativoonline.com.br/ir/?pg=coluna&id=160. Sepé Tiaraju costumava dizer na língua tupi-guarani: "CO IVI OGUERECO IARA!" (Esta terra tem dono!) 
Aqui terminamos fazendo uma ressalva: vemos o Rio Grande do Sul sofrer com secas e falta de água, assim como o Nordeste. Quais eram as duas regiões mais próperas do país na época da Colonização? E hoje são regiões onde o solo paga seu preço. Quando falam que o sul do país tentou se tornar um país independente, renegando ser brasileiro, não foi por conta do Brasil essa luta, mas por conta da Guerra Estrangeira. Após a morte de tantos índios (que a história quase esqueceu), o sonho missioneiro acabou, mas o povo gaúcho canonizou por conta própria Sepé. Sabemos que a Igreja Católica não canoniza índios nativos. Mas, a Umbanda possui essa missão de fazer lembrar os índios e negros que construíram essa terra. 
 

Cacique Pemba Branca de Aruanda..


Um Xangô Agodô no Reino da Umbanda.

Ele nasceu no oeste Africano e seu povo era formado por uma tribo nômade de coletores e pescadores, que viajavam entre as regiões de Benim, Costa do Marfim, Gâmbia, Libéria, Mali, Senegal, entre outras... E viviam dessa forma, em meio às Savanas Africanas, entre o Deserto do Saara e alguns Oásis, que encontravam pelo caminho. Costumavam usar o pó de efun para pintarem seus corpos, diminuindo, com isso, o calor abrasivo do sol sob o corpo. Cobriam-se com peles de animais, nas noites frias, dormiam em cavernas, árvores ou ao relento... Se o local fosse bom, ficavam por um bom tempo e montavam acampamento, com todos os componentes da Tribo.
O deserto do Saara era cruel em determinadas épocas e a comida ficava escassa; então, os Holandeses chegaram, com a promessa de uma nova vida em terras distantes, cheias de fartura. Ele acreditou e reuniu seus melhores homens para a viagem, pensando que um dia voltaria para buscar a mulher e os filhos. Durante a viagem, eles conheceram e perceberam a armadilha: eram escravos, juntamente com outras tribos e nativos de outras regiões da África. No porão do navio, além de sua gente, haviam mulheres e crianças viajando, todos desnutridos e esquálidos. Muitos morreram durante a viagem e seus corpos eram lançados às águas profundas do Oceano. Ele, sempre calado, somente observava. Ninguém sabia que ele era o Cacique da Tribo e seus comandados acharam melhor preservá-lo assim. Devido ao costume de sua tribo, onde usavam o Efun (pó branco), para pintarem-se ao sair no sol, seu nome era "Cacique Pemba Branca" (ou na língua nativa: Tata owo Efun-Efun).
Os dias arrastavam-se e tornaram-se semanas e meses, depois de uma longa viagem. Muitos haviam morrido, durante o trajeto. Quando acostaram o navio na nova terra e foram obrigados a desembarcar viram uma exuberante natureza, toda verde e frondosa e muitas pessoas diferentes os observavam. Haviam pessoas brancas, mas haviam alguns nativos índios, como eles, mas de outra cor. Pemba Branca olhou e olhou... E percebeu que nada conhecia do mundo. Pela primeira vez, sentiu-se impotente perante Olorum e lembrou-se de sua Aldeia, de sua mulher e de seus filhos. Uma lágrima escorreu de seus olhos e ele sentiu uma chibata em suas costas! Foi quando virou-se bruscamente e agarrou o seu agressor, puxando-o bem junto a si e pronunciou: "-Tata Iku, Iku... Nhá Egungun, Kaô Kaô, Ma Epa Babá!" (Senhor dos Mortos e Senhora da Morte, faça Justiça, Meu Pai Maior!)
Os olhos do agressor estalaram, pois ele sabia da fama de "feiticeiros" que os negros carregavam. Acercaram-se dele e o levaram a uma senzala, com os outros negros. Alimentaram-nos e separaram-nos. No outro dia seriam comercializados em Praça Pública, na cidade de Cabo Frio no Rio de Janeiro. A noite caiu e Pemba Branca demorou a dormir ouvindo o lamento das mulheres e das crianças. Uma dor muito grande atravessou a sua alma e Ele queria entender o que Zambi queria Dele... Levantou seus olhos e pediu que o guiassem: - Qual era a sua missão nessa terra?
No dia seguinte, ele foi um dos primeiros a ser comprado por um fazendeiro, pois era um negro forte e valente! Foi levado às terras de Minas Gerais, para trabalhar em lavouras e minas de carvão. Com o tempo, ele nunca mais falou uma palavra de sua língua... Ele só ouvia e olhava. Os outros o temiam, porque homem muito calado é arrisco! Somente um dia o viram ajoelhado em terra, com um punhado de lama nas mãos dizendo: "-Odwdwa Dadá Orunmilá... Odwdwa ê!" Quem era nativo sabia que ele clamava à Mãe Terra e ao Pai Céu; mas, os demais, nada entenderam...
Um dia, o filho do patrão, perdeu-se da Casa de Engenho. Ele era um moleque arteiro de seus 7 anos e gostava de correr pela fazenda. O patrão desesperou-se, pois pensou em sequestro e vingança e correu as terras com seus capatazes! Quando chegou próximo à Plantação de Canavial ouviu a voz de seu menino e uma outra voz desconhecida. Apeou do cavalo e correu roça adentro... Foi quando deparou-se com Pemba Branca e seu filho sentados no chão conversando animadamente e brincando com pedrinhas. O menino puxou o pai pela mão e disse: "-Meu Amigo Pai, ele cuidou de mim!!!" E apontou para uma cobra caninana morta na beira do canavial. O homem caiu de joelhos e agradeceu ao negro que salvou a vida de seu filho!
A partir desse dia, Pemba Branca tornou-se o homem de confiança do patrão e passou a cuidar dos afazeres e dos escravos. Mas, continuava calado. Então, o patrão mandou chamá-lo e perguntou o que o entristecia e ele apontou para a esposa do patrão e para seu filho... O patrão entendeu. E pensou: como resolver essa situação? Perguntou a Pemba Branca se ele entendia sua língua e ele fez que sim com a cabeça. Então questionou: "-Você quer voltar? Ou quer buscá-los?" Pemba Branca refletiu, refletiu e por fim decidiu: gostaria de buscá-los.
Então, começaram os preparativos e Ele viajou à África para rever sua Aldeia e sua família. Mas, quando chegou não encontrou ninguém... Estava tudo deserto! Procurou por dias e nem sinal de sua tribo ou gente. Desanimou, desesperou-se e quase desistiu da vida! Mas, havia dado sua palavra ao patrão e retornou ao Brasil. Quando chegou, dedicou-se com afinco ao seu trabalho, mas tornou-se um homem sério, fechado e sisudo. Dificilmente conversava. Somente observava e fazia seu trabalho.
Passaram-se vinte anos e ele começou a adquirir os traços da maturidade. Não era somente um homem; nem ele sabia mais de sua idade... Então, um dia trouxeram um nova leva de escravos para a fazenda e dentre eles haviam 4 rapazes, com pouca diferença de idade. Ele foi encarregado de alojá-los e indicar-lhes o trabalho. Estavam maltratados, machucados e esquálidos. Cuidou deles, através da Nega Sinhá que alimentava a todos na fazenda. Nenhum deles levantou o olhar e ele os deixou assim, pois já sabia dessa dor.
Deixou passar três dias para que descansassem bem e alimentassem-se. Então, procurou-os para conversar e explicar tudo. Eles estavam sentados no canto da senzala, vestidos, lavados e alimentados. Quando ele aproximou-se, um deles o enfrentou e  encarou seu olhar. Então, aquele olhar lhe disse alguma coisa e ele falou em sua língua nativa: Nh'Yaô... (Meu Filho...) De repente, todos se acercaram dele e o abraçaram... Eram seus filhos perdidos! Conversaram, conversaram e esclareceram tudo. Ele soube que a mãe foi mordida por uma serpente do deserto e não sobreviveu. E os filhos peregrinaram por outras terras, em busca de alimento e sobrevivência. O tempo passou e os filhos pensaram que o pai havia sido assassinado por outra tribo ou por bichos selvagens.
Agora, eles esclareceram tudo e estavam juntos novamente. Pemba Branca correu contar ao patrão sobre seus filhos. Ele já havia conquistado o respeito e a admiração de todos na Fazenda e foi recebido com alegria. Então, lhe prepararam uma choça no meio da senzala, para ele morar com a família, onde poderia ter sua privacidade assegurada. Ele nunca casou-se novamente, pois ainda pensava reencontrar sua esposa. Porém, a vida lhe preparou um novo destino e ele conheceu uma africana de uma tribo vizinha, que havia chegado há poucos meses na fazenda. Desposou-a e teve com ela duas meninas gêmeas, que ele chamou de Naê e Ylá - em sua língua nativa.
Depois disso ele viveu ainda trinta anos e pode visualizar o processo de libertação dos escravos sendo elaborado por alguns abolicionistas. Seu patrão faleceu, mas o Sinhozinho que herdou a Fazenda sempre foi seu amigo e ele foi tratado com respeito. O Sinhozinho tornou-se um Abolicionista e libertou a todos os escravos, dando moradia, sustento e soldo a todos. Ele foi um homem honrado e respeitado, que ajudou no Movimento da Inconfidência Mineira. Hoje, Cacique Pemba Branca de Aruanda trabalha silenciosamente nos Terreiros de Umbanda e Candomblé pelo país afora... Ele é pouco conhecido no Plano Físico, mas muito respeitado no Plano Espiritual.

Indiazinha Indaiatuba:


A mensageira dos ventos!

O nome "Indaiatuba" vem da língua tupi-guarani: indaiá (um tipo de palmeira) e tuba (grande quantidade, ajuntamento). Portanto, Indaiatuba significa Muitas Palmeiras ou Diversos Cocais! A região de Indaiatuba, no estado de São Paulo, já era habitada desde o século XII por povos indígenas tupis-guaranis, que cultivavam palmeiras, batata-doce, mandioca, milho, amendoim, feijão, entre outras culturas. Mas, a partir da segunda metade do século XVIII, a região começou a ser ocupada por fazendas de cana-de-açúcar.
A Indiazinha Indaiatuba nasceu na Tribo dos Tupiniquins, no interior do estado de São Paulo. Era uma menina feliz com seu povo. Gostava de brincar com os bichos, de passear na floresta e de ajudar a mãe em seus afazeres. Vivia a correr pela tribo e a brincar com todos que trabalhavam. Ora ajudava um em seus afazeres, ora ajudava outro. Ela também gostava de assoprar as folhas que se ajuntavam no chão só para vê-las voar. Ou então, pegava as penas das aves e brincava com elas, deixando-as cair para rodopiarem no ar.
Indaiatuba era a alegria da aldeia indígena e do Povo Tupiniquim. Mas, como nem tudo dura para sempre... Um dia, a indiazinha embrenhou-se nas matas para buscar flores, passarinhos e outros mimos de suas brincadeiras. Como ela demorava a voltar, saíram a sua procura e encontraram-na caída ardendo em febre. Levaram-na a oca do pajé que tudo fez para socorrê-la. Eles, porém não sabiam o que havia acontecido, pois ela não apresentava sinal de picada de bicho ou algo parecido.
Três dias se passaram com a Indiazinha Indaiatuba a agonizar em seu leito, quando, por fim, exalou seu último suspiro... Foi uma comoção total na Aldeia, pois todos eram afeiçoados à menina. Muitos choraram dias, mas entenderam que Tupã a quis para si, tamanha era a sua generosidade. Meses após seu desencarne, muitas índias começaram a observar na tribo alguns sinais de Indaiatuba: folhas a voarem pelo ar, penas a rodopiarem ao vento e um perfume de flores a invadir a Aldeia. Então, elas exclamaram: "Indaiatuba está nos visitando!" E o povo entendeu que a menina era um espírito bom que agora habitava os Céus de Tupã.

Caboclinho Estrelinha:


Un Niño de las Estellas!

Hoje iniciamos essa postagem saudando a São Cosme e São Damião pelo seu dia (no catolicismo comemora-se hoje e na Umbanda é amanhã). Por conta disso, contaremos a história de um Caboclinho que trabalha nessa Seara: o Caboclinho Estrelinha. Quando Ele iniciou seu trabalho deu o nome de Christian e explicou porque usava esse nome - "Cristiano" é a forma espanhola ou italiana de dizer "cristão" e significa "aquele que é semelhante a Cristo". Ele explicou que trabalhava para Oxalá (Jesus) e sentia muito orgulho em Serví-Lo. Após alguns anos, Christian "cresceu" e disse que trabalharia como Caboclinho e que assumiria o nome de Estrelinha: "Aquele que veio das Estrelas"!
Ele disse que, em todas as encarnações que viveu na Terra desencarnou criança, em meio às catástrofes naturais, como: avalanches, tornados, furacões, tsunamis, enchentes, etc. Sua missão era sempre a de alertar a população sobre o amor a Deus e de mostrar que a vida é eterna. Ele disse que, hoje em dia, é mais fácil entender sobre sua existência, porque aqui na Terra existem muitas crianças semelhantes a ele: Índigos e Cristais. E também existem livros e documentos que falam sobre isso: Star Peoples(http://somostodosum.ig.com.br/blog/blog.asp?id=5791). Como ele cumpriu sua missão de mensageiro de Cristo, não precisa mais reencarnar por hora...
Encontramos um livro, publicado em espanhol, que conta sobre ele e mostra sua aparência tal e qual nós a vemos: http://m.ciao.es/Ami_el_nino_de_las_estrellas_Enrique_Barrios__Opinion_1851700. Existe uma cantiga infantil que lembra muito o significado de suas histórias: http://www.youtube.com/watch?v=_tlqUvFK0gs. Através do Caboclinho Estrelinha saudamos a todos os "Cosminhos e Cosminhas" que trabalham na Umbanda Sagrada: Omi Beijada!
 

Uma Cabocla da Lua e uma Cabocla do Sol


As preferidas de M'Boi...
 
A Cabocla da Lua pode atuar nas 4 fases da lua. Cada fase da lua indica a influência de uma Mãe:  Iemanjá, Yansã, Nanã e Oxum. Assim, ela pode se apresentar como Cabocla da Lua Nova, Cabocla da Lua Crescente, Cabocla da Lua Minguante e Cabocla da Lua Cheia. A Cabocla da Lua que contaremos a história a seguir, não pertence a essa Seara. Ela nos procurou e pediu para relatarmos uma de suas existências.
O Umbandista acredita em Deus (Zambi), em Jesus (Oxalá) e nos demais Santos, Profetas e Anjos. Ele também acredita na Reencarnação e por conta disso sabe que todos os espíritos possuem mais de uma existência. Portanto, quando uma Entidade  relata a história de uma vida, não significa que tenha sido sua "única" vida.
A Cabocla da Lua que nos procurou, contou que em uma de suas existências como índia, não nasceu sozinha. Sua mãe teve gêmeos e junto com ela nasceu uma irmã. Ela nasceu durante a madrugada, enquanto a luz da lua cheia clareava as matas. Sua irmã nasceu ao clarear do dia, quando o sol raiava e sua luz cobria a aldeia. Por isso, sua mãe lhe chamou de Jaciíra, que significa "Filha da Lua" e sua irmã recebeu o nome de Guaraciíra, "Filha do Sol".
As duas irmãs eram muito apegadas, mas muito diferentes também. Enquanto Jaciíra não temia nenhum perigo, Guaraciíra era mais cautelosa com as coisas. Mesmo assim, as duas dividiam todas as tarefas e brincadeiras e se divertiam muito. Assim, elas cresceram e tornaram-se duas lindas moças, cada uma com sua beleza e com seu talento. Elas eram queridas por toda a tribo e disputadas pelos guerreiros que queriam casar.
Mas, um dia, M'Boi exigiu uma oferta, pois o Homem Branco estava preparado para atacar a aldeia e a defesa estava em baixa... Ele exigiu as duas indiazinhas. A Aldeia ficou em polvorosa e não sabia o que fazer; eles não podiam descumprir uma ordem tão sagrada. Então, todos se reuniram: o Cacique, o Pajé e todos os índios mais velhos. Entraram em um consenso que Guaraciíra e Jaciíra deveriam cumprir seu papel para salvar a tribo.
Alguns índios não aceitaram a imposição: os pais das irmãs e os índios apaixonados por elas...  As duas irmãs não relutaram e aceitaram seu destino. E, no dia marcado, as duas entraram no barco que desceria o rio, para cumprir a tarefa que lhes foi reservada. Ao chegar ao local onde M'Boi morava elas esperaram...
Enquanto isso, na aldeia, houve uma revolta por conta de alguns índios e isso enfraqueceu a tribo. Durante a madrugada aconteceu o ataque dos brancos, que encontraram poucos guerreiros e nenhuma resistência na luta. Mas, durante a batalha, ocorreu um fato que ninguém ousaria contar... O próprio M'Boi baixou na Aldeia e atacou os homens brancos! Aqueles que sobreviveram fugiram assustados. Então, ao final da batalha M'Boi retirou-se, pois os índios haviam cumprido sua promessa.
As duas irmãs ficaram no barco três noite e três dias esperando e esperando... Elas acharam que M'Boi havia rejeitado a oferta por causa da demora da tribo. Quando porém estavam para voltar para a Aldeia, M'boi apareceu, envolveu-as e arrebatou-as e levou-as  sobre as águas. As duas irmãs se abraçaram e aguardaram... Quando abriram os olhos estavam no meio da aldeia. M'Boi olhou-as e retirou-se, deixando-as ali entre seu povo.
No dia seguinte, a história das duas índias que foram abençoadas por M'Boi correu por todas as tribos! A vitória da batalha graças a intervenção do Grande M'Boi foi celebrada por todos. Jaciíra e Guaraciíra casaram no mesmo dia. Elas tiveram muitos filhos, que tiveram outros filhos que cresceram e construíram uma Nação: os Jês. Durante os anos seguintes, elas contaram para os filhos e para os netos a aventura que viveram.

quarta-feira, 30 de novembro de 2016

Os caboclinhos e as caboclinhas da Umbanda


Na Umbanda Sagrada temos a Linha de Ibeji, comandada por São Cosme e São Damião - data comemorativa em 26/09 no Catolicismo e 27/09 na Umbanda. Nessa Linha atuam Entidades Infantis, que desencarnaram ainda crianças em sua última passagem terrena. Porém, além da "Ibeijada" que atua nos Terreiros e da famosa Festa de São Cosme e São Damião, existem "Caboclos e Caboclas" infantis que atuam nas demais Linhas.
Qual a diferença de um Ibeji para um Caboclinho? A diferença está na idade, na maneira que sua última vida foi conduzida e na forma como ele desencarnou. Normalmente os Erês possuem até sete anos e os Caboclinhos ou Caboclinhas possuem um pouquinho mais de idade ou são adolescentes. Aqui podemos citar o trabalho dos Exus Mirins e das Pombagiras Mirins. Na Linha das Almas (ou Pretos-velhos) não vemos a atuação de crianças porque, apesar de termos um Ibeji escravo, ele atua em outra Linha...
Na Linha de Oxalá podemos citar: Caboclinho Estrelinha, Caboclinho Raio de Sol, Caboclinho Luz do Luar, Caboclinho de Jesus, Caboclinho Luzeirinho, Caboclinho Lamparininha ou  Lampadinha, Caboclinha Mariana, Caboclinha Coraçãozinho, Caboclinho Sete Velas, etc...
Na Linha de Xangô: Caboclinho Pedreirinha, Cachoeirinha, Machadinha, Trovãozinho, Foguinho, Caboclinha das Pedras, Caboclinho ou Caboclinha do Deserto, Caboclinha das Cavernas, etc...
Na Linha de Ogun: Caboclinho Espadinha, Estradinha, Cavaleirinho, Boideirinho, Caçadorzinho, Caboclinho Sentinela e outros.
Na Linha de Oxóssi: Caboclinho Folhinha, Sementinha, Flechinha ou Peninha (Verde, Azul, Amarela, etc), ou usando nomes indígenas, como: Coeté, Airumã, Airy, Ajira, entre outros...
Na Linha de Iemanjá: Caboclinha das Ondas, Caboclinha Pérola, Caboclinha Sereiazinha, Jandirinha, Conchinha, Caboclinho das Marés, Caboclinho Pescador, etc. 
Na Linha de Oxum: Caboclinha Cachoeirinha, Caboclinha Florzinha, Caboclinha Gota d'Água, Caboclinho Cascatinha, Caboclinho das Nascentes, Caboclinho da Chuva, Caboclinha Dourada e outros.
Na Linha de Yansã: Caboclinho Furacãozinho, Caboclinho Raiozinho, Caboclinho dos Ventos, Caboclinha Pimentinha, Caboclinha da Fogueira, Caboclinha Juremeira, Jureminha, etc.
Em outras Falanges, temos: Capoeirinha, Cangaceirinho, Baianinho, Ciganinhos e Ciganinhas, etc. Assim como qualquer Entidade que trabalha na Umbanda, cada um deles possui suas histórias e suas particularidades para nos contar, sobre sua última passagem terrena.

Boiadeiro "Zé do Laço


Um bandeirante tropeiro.

José Aparecido nasceu em Sorocaba-SP e moleque ainda já acompanhava seu pai na lida como bandeirante a serviço dos portugueses. Ele era um mameluco. Seu pai era português e sua mãe uma índia tupinambá a serviço dos brancos. Quando José tornou-se adulto, seu pai o levou para as campinas do Rio Grande do Sul; era o ano de 1780 e os portugueses já haviam dominado quase todo o sul do país.
José ouviu falar da guerra que ocorreu entre índios e brancos e da matança desmedida e sentiu tristeza, porque parte de seu sangue era de índio. Ao ver os pampas gaúchos apaixonou-se pelas pradarias, vegetação, o gado, as construções e decidiu morar nesse local. Era uma região entre São Miguel e São Borja e havia muito gado solto devido a revolta e fuga dos índios.
José desde cedo descobriu que era bom no laço e em pegar gado arrisco; então foi apelidado de "Zé do Laço". De bandeirante Zé passou a tropeiro e de tropeiro passou a boiadeiro. Adquiriu um terrinha nas cercanias de São Borja e passou a cuidar do gado para os bandeirantes paulistas. O sul ainda era uma terra sem lei e a disputa entre espanhóis e portugueses ainda era visível. Por isso, Zé andava armado e cercado de jagunços. Foi nessa época que Zé conheceu a índia Potira da Aldeia São Borja das Missões e decidiu roubá-la.
Antigamente, índio se pegava no laço e laçar era o que Zé fazia melhor. Então ele "laçou" Potira e a levou para seu sítio, mas isso desencadeou uma pequena revolta e uma lutou se travou entre os jagunços e os irmãos de Potira. Os dois lados perderam pois morreram homens de ambas as partes. Zé quedou em combate atingido no peito. Mas, ainda conseguiu dizer a Potira: - Eu também sou índio!
Potira voltou ao acampamento, mas carregava em seu ventre uma criança gaúcha. O filho de Potira cresceu catequizado pelos Jesuítas e mais tarde lutou na Revolução Farroupilha. Zé do Laço tornou-se boiadeiro espiritual e passou a trabalhar em Aruanda.

XOROQUÊ


Exu ou Ogun?

Esse trabalhador cultuado no Candomblé e na Umbanda, desperta curiosidade em alguns e temor em outros, pois ele é cheio de mistérios! Ele é muitíssimo venerado na Nação Jeje, onde ocupa um lugar especial. Na Umbanda ainda existem algumas discriminações pelo desconhecimento de seu arquétipo e pelas incoerências sobre sua personalidade.
Então, o que vem a ser um Xoroquê? Ele é uma entidade "metá", meio a meio. Parte de seu trabalho ele realiza como Ogun e parte como Exu. Ou seja, ele pode se locomover nos dois mundos - na direita e na esquerda - sem se macular ou perder sua fortaleza. Quem possui um Xoroquê em sua casa, possui um trabalhador dedicado, conhecedor dos mistérios profundos e detentor de grande sabedoria.
Está enganado quem pensa que Xoroquê é uma entidade negativa ou mundana. Ele representa o fogo e a terra juntos, como a lava ao ser expelida por um vulcão, que queima tudo o que toca. Assim, Xoroquê, com sua força de transmutação, dissolve o mal e transforma as energias mais densas em energias sutis de regeneração. Sua missão é magnânima, como o magma do interior da Terra!

Xamã Vermelho - Red Shaman - Pupa Shaman


"Pupa" realiza seu trabalho nas Falanges Orientais de Cura em toda a Umbanda Sagrada, sob as ordens das Linhas de Iansã e Xangô. Ele nasceu nas Planícies Geladas, que ficam próximo às Montanhas Rochosas ao dos Estados Unidos, entre os estados de Montana e Wyoming. Ele pertencia ao Povo Cree, da Tribo Assiniboine (Ojíbua).
Ele conta que, desde a última grande Era Glacial, muitos povos começaram a habitar as Montanhas Rochosas, como os: apache, arapaho, crow, cheyenne, sioux, ute, kutenai, entre outros. Eles viviam nas planícies durante as estações do outono e inverno, onde caçavam bisões (búfalos-americanos). E nas estações mais quentes (primavera e verão), viviam entre as Montanhas onde pescavam peixes, caçavam alces e colhiam raízes e frutos.
Por causa da Guerra do Ouro, as histórias dos estados de Oregon, de Wyoming, de Montana e de Idaho se confundem. A palavra "Wyoming" na língua indígena significa Terra de Vastas Planícies e "Montana" deriva de Montanha mesmo. Oregon deriva de uma frase: "Caminho do Ouro" - para a qual não há tradução literal: ore go on (minério de continuar). Idaho possui um cognome: Gem State - "Estado da Jóia.
Mas, voltando a história de Pupa... Ele viveu entre os séculos XVII e XVIII, quando o homem branco tentava conquistar o território norte-americano. Os nativos das Montanhas Rochosas ainda estavam protegidos pela região desconhecida e pouco desbravada. Mas, quando os brancos começaram a chegar, pareciam "possuídos" por espíritos maus, pois seu único intuito era matar e conquistar.
Por conta de tanto ódio e sede de conquista por parte dos europeus, os nativos escondiam-se cada vez mais entre as montanhas e o frio. Pupa havia sido preparado desde adolescente para sua tarefa de líder religioso da tribo, então sabia realizar todas as curas necessárias para seu povo. Todos o respeitavam por seus ensinamentos. Ele aconselhou sua tribo a manter-se escondida nas montanhas e evitar o confronto com o branco. Disse que o homem branco já trazia o ódio dentro de si.
Quando Pupa estava idoso e preparava-se para deixar o mundo dos vivos, chamou seu sucessor e disse-lhe: "Prepara-te para a grande mudança da terra. O homem branco a tudo transformará e nossa nação nunca mais será a mesma. Preserva nossa gente e nossos costumes, para que o Grande Espírito mantenha nossos descendentes sobre essa terra."

Chefe Manitoba


Um Cacique que tentou preservar sua raça.

A palavra Manitoba vem das palavras algonquinas "manito" e "waba" que significam, respectivamente: Grande Espírito e estreito. Os nativos americanos que viviam na região do Lago Winnipeg, acreditavam que os sons vindos do vale estreito próximo ao Lago, eram emitidos por "Grandes Espíritos" antigos. Mas, atualmente, sabem-se que são ecos.
Toda a região de Manitoba é abundante em rios e lagos. É uma das dez províncias do Canadá, coberta por enormes planícies com solo próprio para agricultura. A região também possui muitas áreas florestais e depósitos de cobre, zinco e níquel.
Durante o século XIX, Ingleses e Franceses disputaram a posse de terras do Canadá. Manitoba fez parte inicialmente de um gigantesco território conhecido como "Terra de Rupert", administrada pela Companhia Inglesa da Baía de Hudson. Mas, algumas regiões de Manitoba também foram colonizadas pelos Franceses.
Em 15 de maio de 1870, após a Rebelião de Red River (Rio Vermelho), o governo Canadense elevou a região sul do atual Manitoba à categoria de Província - isso equivalia a apenas 5,6% de seu tamanho atual. Sua extensão territorial cresceu gradualmente até 1912.
Foi nesse cenário que o Cacique Manitoba viu sua terras e tribos serem dizimadas e aos poucos colonizadas pelo homem estrangeiro. Ele viveu 112 anos sobre as Terras Canadenses e pode ver muita coisa com seus próprios olhos.
O Rio Vermelho tornou-se Rio de Sangue muitas vezes, pelas mortes que assistiu e pelos corpos que recebeu em seu leito. As terras de Manitoba presenciaram muitas transformações. Mesmo assim, o Cacique tentou manter a cultura e a tradição de seu povo intactos após a colonização.
Foi difícil... Nessa época, ele sentiu-se "pequeno", como o estreito do Lago Winnipeg; porém, em outros momentos, sentia a força do "Grande Espírito" a lhe sustentar. E assim, aguentou o quanto pode para preservar seu povo e sua raça.
Antes de exalar o último suspiro fez um pedido a seu neto Kanna Kanna (Dois Caminhos): "Meu filho, não deixe morrer nossa tradição ou nossos costumes. Preserve-os a todo custo, para que um dia o homem branco possa conhecer a sua origem..."
Hoje em dia, Ele trabalha como Mensageiro Espiritual na Falange do Povo do Oriente, sob o comando de Xangô. Ele exerce maior domínio quando atua na Linha de Oxalá e na Linha das Águas, ao harmonizar e fluidificar o ambiente.