sexta-feira, 19 de janeiro de 2018

CABOCLO PENA BRANCA

Em 1929, o poderoso cacique Pena Branca, líder dos índios Yaki, do México, liderou uma revolta contra a opressão e a injustiça que vitimavam seu povo. Desde este momento, nas terras americanas, o mito dessa grande entidade nasceu.
Pena Branca é hoje símbolo de liberdade, autenticidade e fraternidade.
Certa vez perguntei ao irmão Salinas, curandeiro e médium de uma tradição espiritualista mexicana, quais as principais entidades que incorporavam em seu templo. O primeiro nome que ouvi foi: Pena Branca.
Em seguida, comentei que no Brasil, também incorporava um índio do mesmo nome. Ele não se surpreendeu e disse que outros “Penas” também frequentavam sua sessão de cura, nada impedindo que fossem as mesmas entidades.
Longe dali, no Caribe, existe uma religião chamada de Vinte e Uma Divisões ou Vinte e Uma Linhas, que é parecida com a nossa amada Umbanda. Nos terreiros desse culto, trabalham destemidos espíritos de Índios, Pretos Velhos, Exús (ali chamados de Candelos) e outros espíritos familiares. Na linha de índio bravo, uma das Vinte e Uma Linhas, encontramos também o nosso velho amigo Pena Branca!
Aí ele baixa, firme e elegante, dando brados e vivas imponentes. Com ele, também incorporam Águia Branca, Índio da Paz e outros “Penas”: Pena Azul, Pena Negra, Pena Dourada, etc. Nos Estados sulistas dos Estados Unidos. existem algumas igrejas espíritas… Coisa bem diferente, pois por fora parece um templo evangélico e por dentro um terreiro. Os pastores são médiuns e bem íntimos com as manifestações do mundo invisível.
O espírito principal que chefia essas igrejas, as vezes chamadas de: “Igrejas Espiritualistas Africanas”, é o Chefe Índio Falcão Negro.
Quando o Chefe Falcão se manifesta, ele puxa outros companheiros das aldeias do astral, como Nuvem Vermelha, Àguia Negra (nomes de chefes indígenas que existiram) e entre eles está: Pena Branca. Algumas fraternidades esotéricas americanas, que cultuam os Mestres Ascencionados, com Saint German, El Morya, e outros bem conhecidos da Nova Era, conhecem um belo Mestre Curador: Ele aparece como um índio banhado em branca e luminosa luz, dando sábios conselhos e mensagens, seu nome: Pena Branca!
Em algumas ilhas do Caribe existe um culto chamado Obeah, de origem africana. Dentro dele são celebrados os mistérios dos espíritos de origem indígena taino, etnia local. Existem muitas entidades indígenas, a maioria com comportamento muito arredio e nomes de animais, Cobra Verde, Pantera Negra, Jaguar Dourado e etc.
Quando incorpora a falange do Povo Alado, simboliza pelos pássaros e morcegos, um deles tem um destaque especial. Este espírito se apresenta sério, compenetrado, usa tabaco fortíssimo e uma pena branca na cabeça, e é chamado Índio Pena Branca.
O encontramos novamente na Venezuela, onde existe um culto belíssimo, semelhante em tudo com a Umbanda. Tem Caboclo, Preto Velho, Exú, Orixás e tudo de bom. É a tradição de Maria Lionza, a Rainha Mãe da Natureza.
Na Linha Índia, comandada pelo famoso espírito do Cacique Gaicaipuro, incorporam centenas de caboclos venezuelanos e americanos. Eles trabalham com pemba, bebidas diversas, água, cocares, maracás e todo o aparato ameríndio. Chegam bradando e saudando o povo, que procura semanalmente os irmandades embusca de alívio, socorro material e espiritual.
Certo dia em Bonaire, uma ilhazinha perto da Venezuela, eu participava de um culto Lionza. Perto do congá estava um rapaz incorporando um caboclo. Atento, o índio ouvia pacientemente uma velha senhora e a limpava com um maço de ervas perfumadas. A senhora chorava muitoe tremia. No final da sessão, o semblante dela havia mudado. Feliz, ela sentou-se no banco da assistência e orava agradecida. Curioso, eu me aproximei e perguntei o nome da entidade que a atendeu. A velha irmã respondeu com reverência: O Grande Índio Pena Branca!
O tempo passou, e a pergunta ainda batia dentro da minha cabeça:
*Será que é o mesmo Pena Branca…
*Terá esse caboclo conhecido da Umbanda viajado tanto assim…
*Afinal, ele é mexicano, americano ou brasileiro…
*Quem, afinal, nasceu primeiro, o Pena Branca daqui ou o de lá…
Inquietações de um pesquisador, pois os afilhados e médiuns de Pena Branca não ficam, creio eu, tão preocupados com a sua origem.
Uma bela noite, em um modesto e tranquilo terreiro Umbandista do interior paulista, acontecia uma gira de caboclo. A líder do terreiro abriu o trabalho e incorporou. Seu Pena Branca estava em terra, em todo o seu esplendor e força. Fiquei atento. lembrei-me do Caribe e pensava em tudo isso que agora escrevo aqui. O Caboclo Pena Branca riscou seu ponto, pediu um charuto, deu algumas ordens ao cambono e olhou para onde eu estava. Senti uma estranha energia percorrer minha espinha. Ele continuou olhando e acenou. Me levantei e acenei de volta. Foi então que ele falou:
– Filho era eu, se lembra… tem um maço de ervas bem cheiroso para mim

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