José Aparecido nasceu em Sorocaba-SP e moleque ainda já acompanhava seu pai na lida como bandeirante a serviço dos portugueses. Ele era um mameluco. Seu pai era português e sua mãe uma índia tupinambá a serviço dos brancos. Quando José tornou-se adulto, seu pai o levou para as campinas do Rio Grande do Sul; era o ano de 1780 e os portugueses já haviam dominado quase todo o sul do país.
José ouviu falar da guerra que ocorreu entre índios e brancos e da matança desmedida e sentiu tristeza, porque parte de seu sangue era de índio. Ao ver os pampas gaúchos apaixonou-se pelas pradarias, vegetação, o gado, as construções e decidiu morar nesse local. Era uma região entre São Miguel e São Borja e havia muito gado solto devido a revolta e fuga dos índios.
José desde cedo descobriu que era bom no laço e em pegar gado arrisco; então foi apelidado de "Zé do Laço". De bandeirante Zé passou a tropeiro e de tropeiro passou a boiadeiro. Adquiriu um terrinha nas cercanias de São Borja e passou a cuidar do gado para os bandeirantes paulistas. O sul ainda era uma terra sem lei e a disputa entre espanhóis e portugueses ainda era visível. Por isso, Zé andava armado e cercado de jagunços. Foi nessa época que Zé conheceu a índia Potira da Aldeia São Borja das Missões e decidiu roubá-la.
Antigamente, índio se pegava no laço e laçar era o que Zé fazia melhor. Então ele "laçou" Potira e a levou para seu sítio, mas isso desencadeou uma pequena revolta e uma lutou se travou entre os jagunços e os irmãos de Potira. Os dois lados perderam pois morreram homens de ambas as partes. Zé quedou em combate atingido no peito. Mas, ainda conseguiu dizer a Potira: - Eu também sou índio!
Potira voltou ao acampamento, mas carregava em seu ventre uma criança gaúcha. O filho de Potira cresceu catequizado pelos Jesuítas e mais tarde lutou na Revolução Farroupilha. Zé do Laço tornou-se boiadeiro espiritual e passou a trabalhar em Aruanda.
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